Eu, a Vó e a Boi

“É o meu trabalho mais doido”, afirma Miguel Falabella sobre Eu, a Vó e a Boi, nova série da Globoplay

Autor diz que a série colocará o dedo na ferida

Publicado em 16/11/2019

Uma história de inimizade de mais de 60 anos. Uma guerra declarada entre duas vizinhas capazes de tudo para prejudicar a vida uma da outra. De um lado, Turandot (Arlete Salles); do outro, Yolanda (Vera Holtz), a “Boi” – apelido dado pela primeira, ao concluir que “vaca” está fora de moda. Ninguém sabe quando tudo começou, mas já aposentadas, viúvas e, portanto, dispondo de tempo livre o suficiente nas mãos, nenhuma delas tem a menor intenção de propor um tratado de paz.

Nas mãos de Miguel Falabella, a narrativa deu origem a uma série de humor ácido, com personagens alucinados e, ao mesmo tempo, absolutamente comuns. “Embora seja uma série de humor, com tipos muito inusitados, ela também coloca o dedo na ferida. Hoje temos um país sentido, dividido. O discurso é sempre da truculência. E isso é o que a avó e a Boi fazem nessa história. Elas não argumentam, elas agem uma contra a outra. São situações engraçadas, mas por trás desse humor as coisas são ditas”, revela o autor. Confira a entrevista completa:

Como a história narrada por Eduardo Almeida na internet chegou até você e se transformou nesta série?


Eu não tenho Twitter, mas a Gloria Perez viu essa sequência e me mostrou. Nós conversamos muito e ela foi muito importante no meu processo de escrita. Tive dela uma mão segura, carinhosa e afetuosa que foi fundamental. Essa história chegou para mim exatamente no momento em que o país estava mais polarizado e com o ódio muito cultivado. Então eu liguei as duas coisas e fiz uma série que tem muito ódio e o rancor. Para essa narrativa, parti de uma notícia que li de que 75% dos jovens de hoje não tem qualquer esperança no país. Da história principal do Eduardo, transformei a vizinha em avó. As duas senhoras do conflito são as avós materna e paterna do narrador.

Você criou um universo em torno da história do Eduardo. Como você chegou a essas ideias?


Eu gosto de fazer a comédia da tolerância, onde todos são bem-vindos, todos são aceitos. Para mim foi muito fácil criar personagens que ingressassem nesse universo que já existia, que era o da rivalidade e do ódio entre as duas mulheres. Eu comecei a pensar na história delas. Elas teriam filhos? Como seriam esses filhos? E assim começaram a nascer os personagens. E obviamente a vida de cada um desses personagens ia me trazendo novos personagens.

O que ‘Eu, a Vó e a Boi’ representa na sua carreira?


Talvez, de tudo que eu tenha escrito – e eu tenho muito orgulho das coisas que já fiz –, esse seja o meu trabalho mais arrojado, mais contemporâneo. E também o mais doido, mais fora da caixinha.

Como foi ter o Paulo Silvestrini assinando a direção da série?


O Paulo Silvestrini foi um encontro genial. Ele conceitua porque sabe o que quer fazer, e faz. Ele me escolheu, decidiu fazer pela primeira vez um trabalho meu e isso me deixa muito honrado.

O que o público verá em ‘Eu, a Vó e a Boi’?


Embora seja uma série de humor, com personagens muito contemporâneos e inusitados, ela também coloca o dedo na ferida. Hoje temos um país sentido, dividido. O discurso é sempre da truculência. E isso é o que as duas senhoras, a avó e a Boi, fazem nessa história. Elas não argumentam, elas agem uma contra a outra. São situações engraçadas, mas por trás desse humor as coisas são ditas.

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