Isabelle Drummond elogia parceria com Claudia Raia em Verão 90: “Encontro muito especial na minha carreira”

Publicado em 10/05/2019

Manuzita é uma mocinha completamente “fora da caixinha” que conquistou os telespectadores na novela Verão 90, da Globo. Vivida por Isabelle Drummond, a personagem é autêntica, alegre, atrapalhada e tem manias bem inusitadas. Quem nunca caiu na gargalhada com o espalhafatoso aquecimento de voz dessa jovem?

Em entrevista ao Observatório da Televisão, Isabelle revelou como foi o processo de construção da ex-estrela mirim do grupo Patotinha Mágica e como está sendo a parceria com Claudia Raia (Lidiane). Mãe e filha na trama, as personagens têm uma relação de amor e parceria muito forte. “A gente escolheu que elas tivessem uma relação muito boa”, contou.

A atriz também falou como Rafa Vitti, que interpreta o João, paixão de Manuzita desde a infância. Saindo dos temas profissionais, a artista ainda comentou sobre vida pessoal, família, educação e sua ONG social Casa 197. Confira a seguir:

Como está sendo para você interpretar a Manuzita?

A Manuzita é uma personagem muito especial. Ela, realmente, é fora do patrão de todas as mocinhas de novelas, das que eu já fiz. Ela é muito irreverente e autêntica. Então assim, construir esse lugar foi um desafio para mim, ainda mais com a comedia por trás. É um momento muito especial da minha carreira essa novela”.

Como surgiu o inusitado aquecimento de voz da Manuzita?

Foi uma junção aqui ali. Já tinha algumas referências no texto, eu meio que comecei a ter umas ideias na hora. Aí a Claudia viu e deu mais ideia na hora, o Jorge (Fernando, diretor artístico) deu mais ideia. Então, de todas as coisas que eu ouvi, eu escolhi um caminho e foi uma coisa bem natural. Foi muito interessante”.

Parceria com Claudia Raia

Como está sendo a parceria com a Claudia Raia (Lidiane)? Esse “casamento” entre vocês duas está perfeito.

Perfeito mesmo! Realmente foi um encontro muito especial na minha carreira, em termos de parceria, de cenas e para a vida mesmo. A gente se tornou grandes amigas. Construímos juntas o tom dessas personagens e foi muito bom para ambas. Fomos encontrando uma na outra as loucuras delas, e justificando também uma na outra. Assim foi surgindo as personagens. Foi muito legal porque, realmente, existe uma herança ali, apesar de cada uma ter uma identidade. Ela é uma pantera e a Manuzita é uma atrapalhada. Ela não é tão charmosa, ela é toda meio errada. Eu tirei todas os traços dessa segurança feminina. Acho que a Manu é muito maluca, quem achar charmoso é um acidente (riso). E foi muito incrível mesmo esse encontro de nós duas”.

A Manuzita vai ganhar um padrasto, né?

O Quinzão, que é hilário!”.

Outra parceria legal está sendo com o Rafa Vitti, onde tem o humor e romantismo na mesma medida. Como é dividir cena com ele?

No início a gente fez aula de dança. A gente dançava de uma forma engraçada e começamos a encontrar algumas coisas engraçadas nos personagens. E a gente falou: ‘vamos usar esses erros nos personagens?’, ‘vamos bater a cabeça na hora de dar o beijo?’. Os mocinhos são atrapalhados, eles não são aqueles mocinhos super perfeitos, Shakespeare. Isso foi legal e fomos combinando tudo”.

Manuzita (Isabelle Drummond) e João (Rafa Vitti)
Manuzita Isabelle Drummond e João Rafa Vitti Foto Artur MenineaGshow

Nova fase da personagem

A Manuzita voltou a fazer sucesso e vai ter um programa na Globo. Como será essa fase?

Ah, é muito interessante essa fase. Me lembra muitas coisas que vivemos aqui nos bastidores. A coisa do contrato, ela tem um crachá, vai lá e arruma um crachá para a mãe dela. São coisas muito daqui (Globo). Quem é funcionário entende. E era um sonho dela voltar para a Globo, porque ela apresentou um programa infantil na Rede Globo. Então é a realização da vida dela esse retorno. Aí tem a relação com o João. É o ápice da realização deles dois também, porque além deles estarem bem na vida, eles vão ter esse momento profissional juntos. É o momento dela ser feliz na novela. Quase o fim, só não vai ser o fim porque tem umas surpresas (riso)”.

Como foi receber a notícia de que a Emília, sua personagem do Sítio do Pica-pau Amarelo, iria retornar à novela Verão 90?

Foi uma surpresa para mim, uma super homenagem. Essa novela é feita de homenagens mesmo: à televisão; à história da arte, de certa forma no Brasil e em alguns ambientes; a gente passou pelo teatro. A Manuzita passeou por alguns lugares: MTV, pelo teatro, ela tentou fazer cinema, ela tentou tudo (riso). Foi, realmente, uma homenagem a todas essas esferas. Temos mais algumas homenagens para pessoas e personagens. Foi uma homenagem também a uma parte da minha carreira, e eu estou super feliz de fazer isso”.

Manu (Isabelle Drummond) reviverá Emília
Manu Isabelle Drummond reviverá Emília do Sítio do Picapau Amarelo em Verão 90

Semelhança com a Manuzita

Você tem um pouco da personalidade atrapalhada da Manuzita?

Eu super tenho. Só que a minha personalidade é muito diferente da dela, eu não sou tão expansiva, eu não chego no lugar já falando alto. O núcleo da Janaína (Dira Paes) é bem mais tranquilo, aí eu chego e é surreal, chegou um alien. Porque o meu tom é outro, o nosso núcleo é um tom muito alto. Então a Manuzita é essa pessoa que chama atenção, abraça, grita e rir. Eu sou uma pessoa mais calma. Mas, tipo assim, eu sou uma pessoa que tropeça, quebra tudo. Então eu comecei a falar: ‘gente, para mim, é super fácil fazer as cenas que ela destrói o cenário’. Porque eu faço rapidinho, encostou e o negócio voa. Eu fui aproveitando algumas coisas minhas”.

A personagem enriqueceu na sua personalidade de alguma forma?

Eu acho que a Manuzita me exercitou em algumas áreas bacanas. Os personagens ensinam muito a gente. Até mesmo um personagem que é um vilão, em algum lugar, você conhecendo as emoções se aprende alguma coisa. A Manuzita me ensinou muito essa coisa de lidar com todas situações com certo humor”.

Como foi mudar o cabelo para viver essa nova fase da Manuzita? Se acostumou fácil?

Eu super me acostumei. Eu adoro me emprestar para personagens e transformações. Adoro!”.

Manuzita em cena na novela Verão 90
Manuzita em cena na novela Verão 90 Foto GshowArtur Meninea

Reta final

Verão 90 está entrando na reta final. Qual balanço você faz desse trabalho que te exigiu uma versão mais cômica?

Eu fiz comédia com o Jorge em Caras & Bocas, mas a minha personagem em si não era a mais cômica. Eu economizava muito, tinha muito medo. E dessa vez, eu não tive medo e falei que a gente ia se arriscar. Eu acho que todo mundo teve esse compromisso com esse risco que a gente correu. E o Jorge é muito responsável, ele dá uma segurança. Ainda que algumas coisas ele sabia que precisa equilibrar, ele não passa para que a gente não fique inseguro. Ele deixa fluir bem e, graças a Deus, deu muito certo. Essa reta final vai ter várias surpresas. Eu, realmente, não tenho como analisar essa fase porque algumas coisas eu ainda não estudei. Mas eu acho que vão ter algumas viradas, mas permanecendo a essência das relações. E eu acho que o que é bonito na relação da Lidiane com a Manuzita vai segurar, e existem as justificativas também. Os personagens são imperfeitos. Eu acho legal que essa novela tem vários heróis imperfeitos, a Manuzita é uma. Ela está sempre uma besteira. Essa novela humanizou demais as pessoas e o público se identificou com isso”.

Duas mães, duas personalidades

O que sua mãe, Damir, representa para você?

A minha mãe representa uma inspiração de postura, caráter, índole. A minha mãe é o meu pai. Mas, agora, falando desse lugar maternal, minha mãe foi muito presente e ela me encaminhou mesmo na minha carreira, me colocando com os pés no chão. Ela é uma referência e caráter, de estabilidade emocional. Ela me ajudou muito a lidar com as situações durante o percurso (da carreira). Ela é muito importante na minha história como pessoa e também como profissional”.

Você já teve algum momento marcante na carreira ao lado dela?

Tem muitas histórias marcantes na minha carreira. E a minha mãe é muito sábia, ela não é uma pessoa impulsiva. Ela sabia administrar as situações com muito equilíbrio. Eu ficava observando isso, e isso foi me ajudando também nos meus momentos depois sem ela”.

A Lidiane representa aquelas mães que ver os filhos com sucesso na vida, né?

Ela é a mãe de miss. Só que além de ela ser mãe de miss, ela é também muito apegada. Ela ama muito essa filha. Então a gente escolheu também que elas tivessem uma relação muito boa. Sabe aquelas amigas que não se desgrudam? Não ser só aquela coisa profissional, que ela quer que a menina seja uma estrela. Não é só ambição, é um amor que ela tem e precisa que a menina seja muito feliz. E ela acha que esse é o caminho”.

Na vida real

A Damir tem uma personalidade completamente diferente da Lidiane, né? Ela é mais discreta?

Muito discreta. Minha mãe me impulsionava, mas de uma maneira que não me deixasse deslumbrar. A Lidiane não, ela é assim: ‘faz mais que todo mundo’ (risos). Essa é frase clássica dela. Ela diz: ‘você é a melhor’. A minha mãe observada, sabia que eu estava fazendo bacana. Eu tinha realmente aquele talento, mas ela nunca exagerava. Existiam muitos elogios ao redor, então a minha mãe sempre deu uma dosada nisso, até para que eu não me perdesse nesse caminho”.

Na novela, a Lidiane vai ter uma “síndrome do ninho vazio” depois que a Manuzita vai viver com o João. Na vida real, sua mãe também passou por esse momento?

Ela vai saber dizer melhor do que eu (risos). Mas com certeza. Teve uma fase de transição, mas eu acho que a minha foi mais aos poucos do que a da Manu. A da Manu começa num momento em que ela começa realmente a dar certo, aí ela fala assim: ‘cara, não tem como a minha mãe me empresariar’. E isso dar um choque porque ela (Lidiane) fica sem função. No meu caso, a minha mãe trabalhava, mas com certeza ela sentiu falta de mim. Mais de mim do que da coisa de participar. É eu morar longe, estar longe, mas fomos fazendo as coisas de uma maneira bem saudável. Eu também vinha mais cedo sozinha (à Globo). Cada etapa foi bem saudável”.

Vida pessoal e papel como influenciadora

Você é uma artista que usa sua imagem para diversas causas do bem. Você tem noção da influência que passa para as pessoas?

Eu acho que o fato termos a nossa vida exposta, ter essa representação para as pessoas, é uma coisa boa, mas também traz uma responsabilidade. Mas sempre dá para a gente usar e trazer uma transformação. A gente, às vezes, não tem dimensão do que podemos fazer com a influência, com a voz, quantas coisas bacanas podemos dar voz. Então chegou um momento, acho que uns dois anos atrás, que eu comecei a pensar: ‘cara, as pessoas irão ouvir certas coisas que eu dissesse’. Então eu pudesse usar para trazer algo para o social, trazer mensagens. O meu diálogo foi as pessoas eu fui construindo. Eu sou uma pessoa muito discreta, talvez eu tive uma fase introspectiva. Mas, hoje, eu comecei a pensar: ‘como eu vou poder ajudar as pessoas com essa influência? ’. Então daí surgiu a ONG, os projetos e algumas coisa. A gente também vai expondo aos pouquinhos para proteger as pessoas no processo. É a gente ir pensando como podemos fazer. Não é de uma vez. Eu acho que para ter uma coisa a longo prazo, é bacana que as coisas sejam pensadas e estruturadas”.

ONG

Nesse processo da ONG social Casa 197, você nem divulgou a sua imagem, né? A Imprensa que acabou descobrindo.

Existem coisas que se as pessoas souberam vai ajudar. Existem coisas que em determinados momentos não vai. Então a gente, naquele momento, não estava divulgando porque era para a preservação do projeto. Então é bacana divulgar quando isso pode ajudar quem está ajudando, e quem vai ser ajudado. Por isso que a gente pensa sempre no que vai divulgar e como divulgar”.

Isabelle Drummond durante projeto da ONG Casa 197
Isabelle Drummond durante projeto da ONG Casa 197 Foto Reprodução Instagram

Essa sua personalidade mais “gente da gente”, sem a glamourização da fama, tem relação com a sua educação? O público não sabe muito sobre a sua vida pessoal?

A minha vida é bem simples. Eu acredito na arte, acho que esse é o meu olhar. Eu acredito em várias coisas: no social, que as coisas podem ser modificadas, na união de pessoas, de esferas. A gente chama de grupos que já estão ajudando individualmente, mas quando se unem dá para fazer coisas. Enfim, eu acredito em várias coisas. Mas na minha carreira, eu acredito muito na arte. Recentemente, eu falei isso com amigas minhas de profissão, que são mais velhas do que eu. Eu acredito mesmo nessa doação para o ofício, para os personagens. Esse é o lugar que eu acredito, as outras coisas são consequências disso. Aí essa coisa da influência a gente vai usando na medida do possível”.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

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