Débora Falabella fala sobre já ter assistido Se Eu Fechar os Olhos Agora: “Fiquei feliz com o resultado”

Publicado em 27/03/2019

Ambientada na cidade fictícia de São Miguel, interior do Rio de Janeiro, na década de 60, Se Eu Fechar Os Olhos Agora é inspirada na obra homônima do jornalista e escritor Edney Silvestre. A minissérie é cheia de mistérios e contará a história de dois jovens adolescentes, que serão acusados injustamente de um crime que não cometeram.

Na produção, Débora Falabella interpreta Isabel, mulher do prefeito Adriano Marques Torres, personagem do ator Murilo Benício. Essa é a quarta produção do casal juntos e em entrevista, Débora falou sobre a produção e a parceria com Murilo. Confira:

Você está gostando de fazer essa minissérie?

“Na verdade, essa minissérie a gente gravou já tem um tempo. E aí a gente fica com um certo distanciamento quando a gente lança depois de um tempo, mas é bom porque você vê o trabalho de um outro jeito. Você não fica se cobrando tanto e eu já vi a série, está muito linda e fiquei feliz com o resultado.”

Inspiração

A série é anos 60 com um clima meio no ar, você teve alguma inspiração?

“Eu acho que o Manguinha tem muitas referências que ele costumava passar pra gente, desses filmes dessa época. Mas eu acho que o mais interessante, foi ele ter criado um universo próprio. Apesar de se passar nos anos 60, de ser uma cidade teoricamente no Rio de Janeiro, inclusive porque o livro já conta essa história. É uma história que poderia ser passada em qualquer lugar, de uma sociedade que está meio parada no tempo. Mesmo sendo nos anos 60 ela é uma sociedade um pouco regrada demais.”

Porque ela conversa com os dias atuais, né?

“Nossa, muito.”

Foi isso que te interessou na história?

“Eu acho que tem muitas coisas que continuam sendo do mesmo jeito. Contar uma história que se passa nessa época, com toda essa repressão que existia, em relação as mulheres, ao racismo forte, a questão da igreja. Eu acho que tem muitas coisas que as pessoas vão se identificar e fazer uma relação com os dias de hoje, mas não que isso seja totalmente explicito. Vai ter essa coisa da galera pensar que parece com o que está acontecendo hoje, uma situação que viu ontem, mas é uma série que se passa nos anos 60.”

Preparação

Como foi a preparação, você procurou coisas da época?

“Procurei, eu tenho uma referência de filmes antigos que eu sempre assisti com meu pai. Mas a gente teve também uma preparação de sala com preparador corporal, que ajudou também a ir para essa época. Eu fiz o Nada Será Como Antes, que era anos 60, mas com mulheres que eram a frente do seu tempo, se passava na capital, na cidade. Essa é nos anos 60, mas é como se fosse um pouco antes, as mulheres são mais polidas, tem um gestual diferente, ela é a primeira dama, vive de uma aparência muito grande e precisa se colocar naquela sociedade ao lado do marido.”

Você se inspirou em alguma primeira dama?

“Eu já fiz uma primeira dama, mas não, essa era muito especifica. Ela é uma mulher que vive uma aparência, mas pode dentro ela vive um furacão, um conflito. É uma série onde todo mundo aparenta uma coisa e meio que reprime demais os seus desejos, suas vontades e acaba dando um grande problema.”

Murilo Benício

É a segunda série de época que você faz com o Murilo Benício. Como é essa troca?

“Mas é tão diferente. Você sabe que na época que chamaram a gente, nós fomos ler e falamos que é tão diferente, que não tem como fazer nenhuma relação. Acaba sendo mais um desafio e você trabalhar com quem você gosta é muito legal, principalmente com quem você admira. Tem uma companhia de teatro que eu trabalho com a galera há treze anos, então porque não? Vocês vão ver que é completamente diferente de Nada Será Como Antes.”

Como você vê esses novos formatos, porque a Globo está investindo no straming, né?

“Eu acho que é o nosso futuro. Eu acho que a Globo ainda é o lugar onde realmente as pessoas no Brasil tem a cultura da novela. Mas tem a cultura forte mundial, que está vindo com a internet de uma forma muito forte, onde você pode escolher a hora que você quer assistir. Eu acho super válido, acho que a Globoplay está ficando gigantesca. Eu fiz Aruanas para a Globoplay que deve chegar depois dessa, mas acredito que é muito válido. A gente tem que gerar esse conteúdo mesmo, fazer coisas diferente, para todos os gostos e eu acho lindo que seja assim.”

Avenida Brasil

Avenida Brasil te deixou muito conhecida no mundo, né?

“É impressionante como tanto Avenida Brasil, quanto O Clone já tinha chegado, né? Hoje em ia a gente tem muito feedback pelas redes sociais, tem Instagram russo. Eu acho muito divertido e agora com o streaming isso deve ser maior, a possibilidade das pessoas assistirem ao mesmo tempo o que está passando aqui e acessar o site.”

Esse conflito que a sua personagem tem em viver da aparência e não poder soltar essa personalidade, você acha que isso ainda é muito comum nos dias de hoje?

“Acho que sim, acontecem coisas na série depois por causa disso, porque todos os personagens se revelam e eu não posso falar porque se não é um spoiler. Eu acho que o grande barato da série é esse, mostrar a sociedade que diz que é uma coisa e se coloca de uma forma super conservadora, mas todos ali tem teto de vidro. Todos tem algo de obscuro ou de secreto.”

Livro

Você já conhecia o livro que inspirou a minissérie?

“Eu já conhecia, mas eu reli. Eu acho que foi interessante na minissérie é que ele pegou os personagens que eram citados e abriu esses personagens. A minha personagem por exemplo era citada, mas não tinha tanto desenvolvimento da história. Ela era um plano de fundo e ao mesmo tempo um personagem importante, mas que não falava sobre os desejos dela. Acho que com a série você entra um pouco mais no universo daquela mulher.”

Tem alguma nova novela?

“Eu fiz uma outra série chamada Aruanas, que se passa na Amazônia e fala sobre quatro ativistas ambientais. Estou filmando um longa da Julia Rezende, chamado Depois a Louca Sou Eu. Vou gravar a segunda temporada de Aruanas, do meio do ano para o final e tem a minha companhia de teatro.”

Você começou muito jovem, qual foi o maior ensinamento que você conseguiu absorver?

“A gente que é artista tem uma grande missão no mundo, de revelar histórias e personagens. De causar nas pessoas esse sentimento de identificação com o que está acontecendo nos dias de hoje. Eu me sinto muito feliz e muito privilegiada de poder ser artista e quero poder continuar exercendo a minha profissão no meu país.”

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano.

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