Em Malhação, personagem de Carmo Dalla Vecchia viverá inferno astral: “Vai enfrentar tudo o que ele tem de problemas”

Publicado em 29/01/2019

Os mais velhos também têm vez em Malhação: Vidas Brasileiras. Quase sempre focadas nos alunos do Colégio Sapiência, a próxima quinzena da novela de Patrícia Moretzsohn vai promover Rafael (Carmo Dalla Vecchia) a figura central da trama. Será a primeira vez na temporada que um personagem adulto é contemplado pelo ‘rodízio de protagonistas’. O drama de Rafael terá início graças a Solange (Fernanda Paes Leme).

Mais ditadora do que nunca, ela seguirá fazendo das suas. Agora, a vilã vai querer cortar as bolsas de todos os alunos bolsistas do Sapiência. Rafael, porém, decidirá não permitir que os alunos fiquem sem estudos e decidirá vender a sede da ONG Percurso para ajudá-los. Em entrevista ao Observatório da Televisão, o ator falou sobre os novos desafios na trama, relembrou Chiquitas e muito mais. Confira:

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Como será essa nova fase do Rafael? A história vai girar em torno dele?

“Na verdade são muitos acontecimentos que acabam dificultando a estrutura da ONG através deste universo. Mas o inferno astral dele vai acontecer nessa quinzena. Tudo o que poderia haver de problemas que ele poderia enfrentar na história dele, aparece neste momento”.

“As pessoas vêem o alcoolismo como um problema de caráter e não como uma doença”, disse o ator

O que você achou dessa passagem do alcoolismo que ele viveu?

“Eu achei lindo, é um assunto que às vezes as pessoas têm preconceito de falar. É difícil dentro de casa você falar sobre esse assunto e acho que uma das funções da TV é justamente promover o diálogo entre as pessoas. As pessoas precisam dialogar e ver que elas não estão sozinhas, e que não acontece apenas com elas, é importante. Muitas das vezes as pessoas vêem o alcoolismo como um problema de caráter e não como uma doença. No caso do Rafael isso era muito claro, é um cara que tem uma ONG, é um cara super legal com uma proposta muito humanista, e ainda assim tinha esse problema”.

Houve durante a trama uma reconciliação do filho para com o pai. O que você achou disso?

“A própria reconciliação dos dois veio à partir dessa história do alcoolismo. Achei bonito. Problemas são ruins na vida, mas fazem a gente crescer, desenvolver, evoluir e ter uma postura diferente diante daquilo que está acontecendo. A pior coisa do mundo é a gente ser mediano”.

“A grande dificuldade de um artistas é sair da mediocridade”

“Tem algumas profissões que talvez você possa executar seu trabalho. Num trabalho de artistas, a gente tem que sonhar, e para sonhar tem que ser muito corajoso. Se você é mediano, você não tem coragem de sonhar. A grande dificuldade de um artista é sair da mediocridade, é sair do que os outros já fizeram e da sua acomodação. A gente sempre está trabalhando com personagens que quando surgem, a gente não sabe como resolver. Esse processo nem sempre é fácil, muitas vezes é dolorido, mas é isso que a gente gosta”.

Você tem acompanhado Cordel Encantado? Você gostou dessa novela?

“Não tenho tempo de ver. Eu só lembro do figurino e como a gente sofria (risos). As pessoas falavam: ‘Nossa, que novela linda!’, e eu estava de camiseta, camisa, blaser, capa com pele e isso, fazendo 40 graus no Rio de Janeiro. Isso eu lembro muito bem. As pessoas falando da beleza da novela e confesso que dava até uma certa raiva, porque a gente sabia o preço que a gente pagava. A gente sofria um pouco para fazer a novela. Uma vez gravei com Domingos Montagner em uma pedreira pertinho do Projac, que era geralmente onde gravávamos, e estava um sol de 40 graus e eu com toda essa roupa, e uma capa com pele no pescoço. Quando eu saía do ônibus-camarim, em 5 minutos a roupa de baixo estava ensopada, só que você tinha que continuar com aquela roupa de baixo ensopada por mais 7 horas”.

“A pessoa que se acha errada na vida, ela não é o vilão”

“Era uma loucura, mas foi uma novela muito linda e é interessante quando você vê um trabalho seu com distanciamento. Quando você vê muito recente, você sabe como foi. Mas quando você vê com um certo distanciamento, você consegue ver o resultado como um telespectador normal. Eu ficava preocupado em como fazer a postura do rei, como dar essa autoridade e nobreza para o personagem, hoje eu vejo esse trabalho e tenho muito orgulho. Foi um acerto para todo mundo, para as autoras principalmente,  para Amora Mautner que dirigiu, e para o elenco que era improvável e que fez um trabalho maravilhoso”.

A Solange que dá em cima do Rafael, e ele resiste. Como você vê isso?

“Eu acho muito bonito a pessoa equivocada que jura que não está afim (risos). Essa é a Solange. Esse personagem eu acho muito interessante”.

Você acha que esse personagem vai precisar sair de situações assim, de ciúme?

“Em Malhação, essa personagem da Solange é muito mais crível. Ela até se equivoca no início, mas depois quando o Rafael vai ter uma crise com a Gabriela, ela se aproxima e revela que tem um lado bom. A pessoa que se acha errada na vida, ela não é vilã. A Solange não é uma vilã, ela é uma pessoa sozinha e que toma decisões erradas”.

Carmo fala sobre  relação do personagem com Solange (Fernanda Paes Leme)

Como é pra você pagar suas contas com a profissão que você escolheu, tendo em vista que o Brasil é uma país que não dá muita oportunidade para a cultura em geral?

“Eu sou uma pessoa de sorte. Consegui viver do meu ofício, é o que muitas pessoas querem fazer, e não têm espaço. Muitas vezes a profissão não é bem remunerada, quando você não tem a estrutura de estar contratado por uma emissora como a TV Globo. É uma carreira difícil, as pessoas idealizam demais, e acho que elas têm sim que correr atrás dos seus sonhos, seja ele qual for. É um mercado pequeno e acho que o medo de todo artista é ser médio. Na nossa profissão não tem espaço para médios”.

Como é ganhar um destaque agora na reta final de Malhação?

“Eu não penso muito no final. Penso no hoje, em aproveitar o que está acontecendo agora. Acho que vai dar saudade de muitas pessoas, com as quais criamos uma família aqui e das quais eu acabei gravando diariamente. Eu fico olhando pra eles todos e fico lembrando de quando eu fiz Chiquititas, que a gente era uma família na Argentina. Fizemos a novela lá por 1 ano, e hoje temos uma história juntos. Eu olho pra esse pessoal [de Malhação] e penso como será daqui a 10 anos. ‘Será que eles vão e encontrar ainda? Será que eles vão se falar? Será que eles vão sentar na mesma mesa e perceber que o tempo passou por eles? Será que eles vão continuar na mesma profissão?’. Por isso que eu acho que é bom a gente focar no presente”.

Carmo Dalla Vecchia relembra Chiquititas

Você ainda tem relação com os atores da época de Chiquititas?

“Sim. Com a Larissa Bracher, a gente se relaciona muito. Das crianças, poucas continuaram trabalhando na área. A única que continua é a Fernanda Souza, mas ela não era do meu elenco. Quando eu entrei, ele já não estava mais. Kayky Brito e Stephany Britto eram do meu elenco. A Carla Dias, Bruno Gagliasso a gente se relaciona até hoje e a Débora Falabella também”.

Como você avalia essa troca com o elenco de Malhação?

“É uma troca muito gostosa com todos. É muito gostoso ter um elenco tão jovem e disposto. E ver pessoas que ainda não tinham tanta experiência mas vão descobrindo. Nosso trabalho basicamente é tentar dar verdade para uma pessoa que não existe. Cada pessoa tem o seu mecanismo para isso. E você encontrar vários universos de pessoas que estão começando e ver como elas se relacionam, é muito interessante. É muito importante ver o que eu tenho a aprender com aquela pessoa que está começando”.

  • Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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