“Uma hora ela vira uma criminosa pesada”, diz Fernanda Torres sobre a sua personagem em Sob Pressão

Publicado em 09/10/2018

A nova temporada da série Sob Pressão, contará com a participação de Fernanda Torres, interpretando Renata. A nova gestora do hospital, que irá se envolver com corrupção e será a responsável por encerrar as atividades da unidade. Fernanda contou em entrevista, que sua personagem vai se envolver aos poucos com a corrupção, até que se tornará uma criminosa. Confira:

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Nos fale um pouco sobre a sua personagem?

Ela entra bem aos pouquinhos, uma cena ou outra. Até que o esquema de corrupção vai aumentando. Ela é uma gestora que vem do setor privado, que acha um absurdo o que a saúde pública paga para os médicos. É indignada com as condições de trabalho que os médicos trabalham. Ela não é uma pessoa que entra por querer roubar, pelo contrário, ela entra porque ela quer transformar o hospital em um hospital de referência. Mas não encontra meios de fazer isso através do aumento de verba.

O que o personagem do Marcelo Serrado propõe, é que a gente feche um contrato com o governo comprando próteses que custam setenta mil reais, sendo que poderíamos usar próteses que custam cinco mil. O Estado paga e a gente divide parte desse dinheiro, mas o cara vai ficar com uma super prótese, uma prótese de atleta e a gente ganha dez por cento sobre isso e com isso você paga melhor o ortopedista, que colocou a prótese e topou entrar. É a famosa comissão e ela acha que isso é a maneira de andar, que não tem outra maneira e realmente o hospital melhora. Tudo vai melhorando, só que isso vai crescendo até que uma hora ela vira uma criminosa pesada.

Corrupção

Mas esse dinheiro fica todo para ela ou vai para o hospital?

Não. Ela vai para o hospital falando que ela não pode trabalhar naquele local, se ela não ganhar o que ganharia no setor privado. Mas logo depois, eles falam que vão armar um esquema com a alimentação, para ela ganhar dez por cento e ter o que ganhava no setor privado. Porque ela é ótima, vai melhorar o hospital e eles querem ela ali. Logo depois, ela vira para o médico que trabalha em cinco hospitais, fala que quer ele se dedicando somente ao hospital dela e paga uma comissão por isso. Então é uma gestora tabajara que vai melhorando. Mas no final está afogada numa onda de corrupção e ela se dana.

Como surgiu o convite para ser a Renata?

Veio deles. Eles falaram que estavam querendo um personagem assim, disseram que eu poderia fazer e me chamaram.

Essa série não é igual aquelas séries americanas. Ela mostra bem o Brasil, não é?

Não mesmo. Nem a gente tentando imitar alguma coisa. É a gente e funciona, é emocionante e tem ritmo.

Entrando numa fria

Quando ela visita o hospital, a gente percebe claramente que ela fica impactada com o cenário ali, certo?

Ali ela já estava olhando a roubada que ela vai entrar.

Não sei se vocês tiveram a oportunidade de em algum momento ir em um hospital público, mas como é esse seu olhar como pessoa, se colocando ali no lugar da personagem?

Olha, quando houve a facada do Bolsonaro foi interessante isso. Acho que um gestor público da TV falou que a pessoa pode ter o melhor plano de saúde do universo, mas se você bater o carro na Dutra (avenida), reze para o hospital público da cidadezinha local te atender. Então quem salvou o Bolsonaro, foi o primeiro atendimento que ele teve na Santa Casa, de Juiz de Fora.

Você vê os médicos da trama como heróis, não é?

Mas eles são, né? O que eles têm de bonito no assunto medicina, é que ela não é apenas uma história sobre uma doença, é uma história sempre sobre dramas humanos maiores.

Você acha que a sua personagem vai ser encarada pelo público como uma vilã?

Não, eu acho que o Sob Pressão não tem muito isso. Eu acho que se as pessoas compreenderem qual é a mecânica da corrupção, terá sido incrível. É claro que uma hora ela ultrapassa, uma hora ela contribui para matar alguém. Quando isso acontece, a mulher passa para outro lado. Mas o mais importante, eu acho que é como que com pequenos acordos, uma corrupção gigantesca vai se formando. Ela não é má, ela é pragmática. Mas esse pragmatismo e essa prática, acabam levando ela ao crime.

Ela estará na terceira temporada?

Não. Ela está prevista apenas para a segunda. O hospital fecha por causa dela.

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