“São ferramentas de trabalho e de guerra, inclusive”, diz brasileiro sobre novo reality do History

Publicado em 16/10/2018

Canal conhecido por apresentar séries e documentários sobre fatos históricos, History estreia nesta terça, 16/10, 22h30, a primeira versão do reality Desafio Sob o Fogo contando com oito candidatos da América Latina.

Brasileiro na disputa

Sob o comando do ator e apresentador colombiano Juan Pablo Llano, o reality conta com um argentino, um colombiano, cinco mexicanos e Tom, único brasileiro na disputa por 10 mil dólares.

Os participantes terão que enfrentar ao longos dos oito episódios altas temperaturas das forjas para replicar armas tradicionais e exóticas, que serão avaliadas por um júri formado pelo mexicano Antonio De Regil e o argentino Mariano Gugliotta.

Em entrevista ao Observatório da Televisão, Tom Silva, 46 anos, do Rio Grande so Sul, revelou como a confecção de armas de guerra, e exóticas, se tornou uma de suas paixões desde a infância.

Confira!

O começo de tudo

Como começou a sua paixão por esses tipos de armas?

Nunca vi como armas, mas sim como ferramentas, ferramentas de cozinha, de trabalho no campo, com madeira… de guerra inclusive. Minha paixão, acredito ser pelo trabalho em metal, a forja, a escultura e a técnica envolvida.

Quando pequeno lembro de falar que queria fazer algo entre um móvel e uma escultura, mas minha família, sabiamente, não me deu uma solda elétrica com 12 anos.

Fazia facas de madeira para brincar de vaqueiro ou de soldado quando guri, também… Sempre tive um canivete ou uma faca comigo, o mercado e a qualidade do que vi quando descobri o assunto já nos anos 2000 me levou para a cutelaria.

Já assistia aos programas exibidos pelo History de outros países sobre esse tema? Qual mais destaca?

Tinha visto alguns episódios de desafio sobre fogo, acompanho programas sobre restauração, oficinas e de leilões em geral.

Perigo

Em algum momento já se feriu ao tentar construir alguma arma?

(risos). Meu professor me ensinou que numa oficina como as nossas, ‘o que não queima, corta, fura ou esmaga’. Acidentes por mau uso de ferramentas ou descuido são mais comuns na oficina quando a gente é iniciante.

Quando estava começando me machuquei bastante por falta de ferramentas adequadas ou de habilidade, mas se cortar enquanto faz o polimento manual de uma lâmina é algo bem comum até hoje, e se queimar um pouco forjando é algo esperado, por isto a importância dos equipamentos de segurança.

Linha de produção

Aliás, quantas armas você já produziu?

Comecei com cutelaria em 2005, de lá pra cá tenho a oficina funcionando ininterruptamente. De 2010 pra cá faço, exclusivamente, isto para viver. Ferramentas, facas de cozinha, caça, coleção, espadas e machados. Devo andar pela casa das mil peças.

Enfim, como é competir em um programa de sucesso mundial sendo o único representante brasileiro na competição?

Uma honra, com o reconhecimento que um programa destes tem e com a qualidade do que se produz hoje na América Latina, e no Brasil é sem dúvida um ponto muito importante na minha carreira ser o primeiro brasileiro no desafio sobre fogo.

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Então como foi o processo seletivo?

Fiquei sabendo pelas redes sociais que estava tendo seleção no Brasil e entrei em contato, fiz um vídeo produzindo uma faca, depois testando e depois fizemos algumas entrevistas por vídeo.

Prêmios

Afinal, já conquistou prêmios por conta do seu trabalho?

Todos os dias tem um prêmio novo para conquistar, sobreviver com algo que fica entre a arte e o artesanato hoje em dia é um prêmio diário, pra mim e pros meus colegas.

O que a sua família e amigos acham do seu hobby? É possível ganhar dinheiro?

Minha família sempre me deu suporte pra o que fosse que eu estivesse fazendo, mesmo que eles não entendessem muito bem, nunca foi um hobby, eu vivo disto, vivo da forma que meu trabalho possibilita. Se é bom como negócio eu não sei, encaro como ofício, daí não tenho escolha. Preciso ganhar dinheiro como isto.

Disputa

O que os brasileiros podem esperar do seu desempenho ao longo da temporada?

Dedicação em fazer o melhor que puder da forma que aprendi. Faço diariamente com muito respeito aos meus professores,  à técnica, história, funcionalidade e compromisso com a beleza do acabamento.

Mas como é a convivência com os demais colegas? 

Excelente. Todos aproveitam para aprender e para conhecer a história e o estilo uns dos outros, temos uma língua em comum além da falada. É ótimo.

História

Além disso, existem filmes e séries que você recomenda que expliquem como é o processo de fabricação dessas armas e como elas eram utilizadas?

Qualquer filme ou série que represente alguma civilização, povo ou época vai ter algo para associar com esta e com qualquer outra arte. O principal é estudar, na internet, em livros, museus, filmes ou séries, quanto mais a pessoa estudar, melhor ela vai até poder filtrar o que aproveitar de cada coisa.

Assim, sob encomenda, você fez espadas indianas em aço damasco para um casamento. Os pedidos são bem exóticos também?

Tão exóticos quanto qualquer arma ou ferramenta já fabricada. Já fiz machado viking, estou terminando um machado de índio norte americano que é um cachimbo também, já fiz facão africano, tenho muita vontade de fazer uma besta e outras peças… Cada arma destas tem técnicas, materiais, forma de construção que falam de sua época, de seu uso e de quem as criou. É fascinante.

Mulheres

Conhece mulheres brasileiras que assim como você trabalham fabricando essas peças?

Sim, sei de pelo menos quatro ou cinco cuteleiras, já ensinei mulheres também. É mais vontade e jeito do que força, e mulher é muito menos burra do que homem, não distingo, vejo pessoas.

Em resumo o que pretende fazer com o prêmio?

Se ganhar a competição, quero melhorar minha oficina, comprar uma fresadora, que ainda não tenho, gastar um pouco com bobagem e fazer uma viagem no fim do ano com a Letícia, minha companheira.

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