José Loreto descreve o mimado Júnior de O Sétimo Guardião: “Mostra ser um cara homofóbico”

Publicado em 18/10/2018

Alerta: Júnior pode ser um grande embuste em O Sétimo Guardião – próxima novela das 21h da Globo. A gíria muito usada na internet para classificar aquele tipo de pessoa antipática e de atitudes reprováveis casa bem com a personalidade do personagem, descrita pelo ator José Loreto durante entrevista ao Observatório da Televisão.

Loreto explicou que o rapaz é o mimado filho do prefeito de Serro Azul, Eurico Rocha (Dan Stulbach). Júnior vive desfilando pelas ruas da cidade com seu conversível e questionando a sexualidade de Adamastor (Theodoro Cochrane) com comentários homofóbicos. Seu maior descontentando é saber que não tem correspondido o amor que sente pela bela Luz (Marina Ruy Barbosa). Conheça mais o personagem a seguir:

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Como será o seu personagem?

Esse cara é complexo. Ele é mimado. Na verdade, o Júnior por ser mimado, ter tudo que sempre quis na vida, carrão conversível na cidade, ele acha que pode tudo. A vida é muito fácil para ele. Ele acha que o normal é ele ter tudo que quer. Mas ele não tem uma coisa: o amor da Luz, personagem da Marina Ruy Barbosa. Ele é apaixonado por ela e está esperando esse momento porque ele é um partidão.

É o galã da cidade, sempre conseguiu tudo o que quis e não tem o porquê de ela não querer ele. Esse é o pensamento dele. Eu tenho que defender um cara com um machismo enraizado e pensamentos retrógrados. O mundo está cheio de pessoas assim, infelizmente, mas a gente vai evoluindo.

“A vida é muito fácil para ele”

O Júnior chega a ser um cara vilão?

Ele não é vilão. Ele faz as besteiras, mas faz por amor. Então eu acho que as pessoas vão vê-lo e ficar assim: ‘que cara estúpido, mas tadinho’. Essa junção eu acho que deixa o personagem incrível. Eu tento humanizar muito ele e deixar ele bem violento em outros lugares.

“Eu tenho que defender um cara com um machismo enraizado e pensamentos retrógrados”

Como será o núcleo familiar do personagem?

Ele é filho do prefeito Dan Stulbach (Eurico Rocha) e Letícia Spiller (Marilda), primeira dama. Tem um irmão que é considerado problemático, o Caio Blat que faz o Geandro, que foi para São Paulo estudar e se envolveu com drogas. Ele é o irmão problema. A ovelha negra é o Caio Blat.

O público vai torcer para que o Junior e a Luz fiquem juntos em algum momento?

Eu acho que sim, acredito muito que sim. Ele ama essa menina desde pequena. Faz tudo por amor, mas faz muita burrada. Se ele não é amado, ele teria que aceitar. Mas ele é insistente. Nunca recebeu uma recusa dela nítida. Daí chega o Gabriel, um menino novo na cidade, um forasteiro em cidade onde não chega quase ninguém.

Depois ele descobre várias coisas, que é parente dele e tudo. Gravamos há pouco tempo esse primeiro embate, eu e o Gabriel. A cena ficou eletrizante, muito incrível. As pessoas vão querer ver esse embate. Eu fiquei curiosíssimo para gravar mais cenas com ele. Tem cenas incríveis, muito bem escritas.

Personalidade do Júnior

O estilo playboy ostentador foi alimentado pela criação dos pais?

A personalidade dele tem muito a ver com a criação dos pais. Por ele sempre ter tudo, ser um cara riquinho da cidade, que nem é tão rico. É o único que tem carro. Ele não estuda, afoga as mágoas dele no cabaré. Mas ele não fica com ninguém, só bebe.

Ele tem uma postura de uma pessoa que sempre teve tudo, que não sabe o que é um não. Acho que vem muito por aí. Pelo menos a minha construção da personalidade dele é muito por causa disso. É o filho favorito, assumido, da família. Se dá algum problema na casa, por mais que seja ele, desconfiam do Geandro. Então a culpa é dos pais (risos).

Você se inspirou em algum conhecido para compor o perfil do personagem?

Não teve essa inspiração, mas se eu parar para ver vai ter (risos). Na escola ele era o cara, o galã. Ele passa por cima de tudo. É um extremismo do mimado que vai dar ruim. Como é uma obra aberta, pode tender para o bem lá na frente. Aí só Aguinaldo vai poder me dizer.

Como está sendo a sua preparação para que o personagem não caia na caricatura de ser um “rebelde sem causa”?

Eu fico com muito medo. Ele mostra ser um cara homofóbico. Por exemplo, tem o Adamastor que ele fica chamando de gazela, de gay, implicando. Na escola era o bullying. Eu tento fazer o que é errado, mas é perdoado pelas pessoas. Ao invés de eu ser agressivo com ele (Adamastor), eu tento fazer no humor, como se pudesse. Eu faço isso para ser engraçadinho. É tão agressivo quanto, mas para as pessoas ainda fica uma coisa de: ‘Ah, ele está brincando’.

“Eu tento fazer o que é errado, mas é perdoado pelas pessoas”

O texto do Aguinaldo ajuda muito, deixa em aberto para o ator. Por isso que eu falo que o personagem é de construção. O texto está lá e eu posso fazer de uma maneira extremamente agressiva, como eu posso fazer de uma maneira rindo. Tem várias possibilidades, é muito rico mesmo. Os personagens são muito claros, mas dentro dessa clareza tem um monte de ramificações e complexidade.

José Loreto fala sobre o autor e a novela

Como foi a sua reação ao ter o primeiro contato com esse novo texto do Aguinaldo Silva?

A primeira vez que li o texto falei: ‘O que é isso? Que texto é esse? Que novela estranha’. Na segunda vez eu falei: ‘Isso é ruim. Isso não pode ser bom’. Na terceira eu falei: ‘Que incrível essa novela’. Eu saí do que estava escrito ali, eu vi o quão aberto podia ser. A forma como a gente fala pode ser interpretada de mil maneiras.

Como é O Sétimo Guardião para você?

Essa novela é um presentão. Eu dei muita sorte. Se eu pudesse escolher alguma coisa para estar fazendo nesse momento, seria essa novela, seria esse personagem. Sem clichê, sendo bem realista. É uma novela das nove e que eu estou morrendo de saudade. A primeira e última que eu fiz, que abriu as portas para mim, foi Avenida Brasil (2012), com o personagem Darkson.

Agora eu estou vindo com minha segunda novela das nove, com uma história incrível, lúdica. Acho que ideal para esse momento, para a galera dar uma respirada fora de política. Vamos respirar amor, outras coisas. Os conflitos do meu personagem são interessantíssimos. É um personagem maravilhoso, um prato cheio como a gente gosta. É um personagem de construção.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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