Após 16 anos Ingra Lyberato retorna para a Rede Globo em Segundo Sol com papel polêmico: “Estou emocionada”

Publicado em 27/07/2018

A atriz Ingra Lyberato marca seu retorno para a Rede Globo interpretando Fátima, mulher que acaba entrando para o mundo do tráfico em apoio ao marido. Em entrevista ao Observatório da Televisão a atriz conta sobre seu retorno para emissora e para às novelas e fez revelações sobre ter se afastado da televisão. Confira:

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“As pessoas lembram com tanto carinho”, disse a atriz sobre seu grande sucesso Ana Raio e Zé Trovão

Como é para você reencontrar o público das novelas após tantos anos?

Eu fico muito emocionada. Ana Raio e Zé Trovão, por exemplo, é um trabalho de tantos anos e as pessoas lembram com tanto carinho. É um presente ter vivido esta personagem. Foi um presente da vida a oportunidade poder ter interpretado uma personagem da qual as pessoas se identificaram. Na verdade eu tento trazer essa humanidade, esse brilho e essa emoção para todas as personagens que eu faço.

E agora neste momento vivendo a Fátima nesta família, que é uma família um pouco diferente.  Tenho me sentido muito tocada emocionada porque é uma mãe com um sentimento maternal muito forte em cena, estou emocionada com este trabalho.

Como é essa família? É uma família de bandidos?

Sim. O João Emanuel Carneiro trouxe essa história porque é uma família de bandido que ganha a vida de uma forma ilegal. Eles foram pegos de surpresa na crise e tiveram que se virar infelizmente pode estar acontecendo isso com alguma família, mas, eles são uma família muito unida.

Tem a preocupação com os filhos, a filha não pode chegar em casa depois das dez, eles não podem beber nem álcool. Eles vivem da forma que eles conseguiram, foi uma fatalidade, tem o contraponto que deixou divertido,

“É uma família cheia de contrastes”, explica a atriz sobre seu núcleo na novela

São pessoas que traficam mas eles não fazem uso da droga, né?

Isso fica muito claro, que eles fazem isso como trabalho mesmo, como forma de sobrevivência. Infelizmente isso é uma realidade, num país onde as coisas andam tão difíceis. Eu encaro como uma família que é o retrato da realidade.

Ela vai aliviar a barra da Manu?

Eu tenho um certo limite pra contar as coisas. Mas, a Manu me ajuda na história, eu tenho um amor, uma gratidão pela Manu, mas, tem ossos do oficio dentro da atividade da família que eu não posso dar spoilers, mas, são fortes emoções vindo por ai.

A Manu volta para a casa da família pela droga ou pelo acolhimento?

Eu acho que pela droga, mas, ela percebe a união dessa família. Eu acho que é tudo ao mesmo tempo, ela encontra coisas que não encontra na casa dela.

Ingra Lyberato volta a interpretar uma baiana pela primeira vez após Tieta

Você é baiana e está vivendo uma personagem da sua terra. Como tem sido?

Aprovo muito. É um sotaque difícil, não é fácil não. Antes de entrar na novela eu estava achando que muitos atores que não são baianos estavam dando conta do recado muito bem. Hoje, neste estágio que a novela, todos estão ainda melhores.

Eu estou muito feliz de poder soltar, liberar e poder falar meu sotaque, há trinta anos eu tento esconder e neutralizar o sotaque que é um trabalho natural dos atores, sendo que meu primeiro trabalho na televisão foi em Tieta onde eu pude liberar meu sotaque. E agora estou tendo ter esse prazer de novo de trazer palavras e poder contribuir com minha baianidade.

Como você foi recebida na Globo após tantos anos?

Minha última novela na Globo foi O Clone, fui muito bem recebida nessa volta para a Globo, tenho muita consciência desta oportunidade, é um pacote de presente, é uma história que se passa na Bahia, tenho vários amigos baianos na equipe e no elenco, estou muito emocionada.

A atriz explica os motivos que a fez abandonar a carreira em alguns momentos

Você acha que demorou muito para você voltar?

Sim. Demorou, fiz muitos outros trabalhos, fiquei muito tempo morando em Porto Alegre. Eu realmente dei as costas. Tive dificuldades, retomar todos os contatos, entender o que estava acontecendo no cenário de teatro, tv e cinema. É um recomeço, é a reaproximação de um mercado que eu já tive. As coisas estão frutificando de novo.

Por que você ficou tanto tempo fora do mercado?

Eu escrevi um livro que se chama Medo do Sucesso. Estou num processo de autoconhecimento. Vou fazer 52 anos mas um pouco antes disso comecei a me querer conhecer mais e entender os meus processos. Como ir além da coisa de pagar contas, cuidar de filhos e trabalhar.

Me dei conta que na minha carreira quando eu estava num momento  do auge, com muito destaque, de muita exposição eu resolvia me retirar, sair de cena, com desculpas muito plausíveis como a primeira vez que me retirei de cena para criar cavalo, só que, quando eu comecei a meditar e refletir, eu me dei conta que eram apenas desculpas, eu poderia ter criado cavalo e feitos todas as outras coisas e continuar honrando meu espaço, meu trabalho e chances da vida.

“Tive medo das responsabilidades”, revelou a atriz

Essa humildade era uma falsa humildade, era uma grande arrogância, que é você desdenhei de uma carreira, de um histórias e um caminho. É fazer de conta que tudo não tinha um valor ou importância, e tem sim uma grande importância. Eu não estava honrando , e essa ficha começou a cair. Eu escrevi um livro sobre isso, tirei muitas máscaras minhas e contar todas as mentiras que eu dizia para mim mesma. A melhor maneira foi eu encarar essa exposição e publiquei esse trabalho, e foi uma confissão para mim mesmo de todas essas mentiras neste caminho. Eu tive medo do crescimento e aos poucos eu fui curando isso. Algumas vezes abandonei a carreira com medo da responsabilidade.

**Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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