“Não é porque é policial que a gente não vai bater”, diz Nikole Lima, apresentadora do DF Alerta

Publicado em 08/06/2018

Em Brasília, a RedeTV! tem tem sua melhor afiliada, a TV Brasília. E sua maior audiência é um programa policial comandado por uma mulher de apenas 1 metro e 60 centímetros, e bem brava.

Baixa na estatura, mas excelente no discurso, Nikole Lima não teve medo quando foi escolhida para apresentar o programa no início do ano passado, e manteve a pegada do seu apresentador antecessor.

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Ela já era repórter da madrugada da atração, horário onde os crimes mais acontecem. Hoje, ao seu comando, o DF Alerta, exibido na hora do almoço da TV Brasília, chega a atingir a vice-liderança de Ibope.

Ela teve a missão de substituir Fred Linhares, um dos criadores da atração, e que hoje é apresentador do Balanço Geral DF, na RecordTV Brasília. Mas falando de Nikole, em entrevista para a nossa reportagem, ela não escondeu que, no começo, foi vítima de machismo.

“Um programa com o peso do DF Alerta ser apresentado por uma mulher é bem impressionante. Então, houve sim uma cerca resistência. No início, teve muito machismo. Até mesmo por parte das mulheres teve isso. Mas hoje, elas assistem e se sentem representadas”, afirmou a jornalista.

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Leia a entrevista na íntegra:

Observatório – Você acabou de apresentar o DF Alerta aqui, e essa edição que assistimos foi bem porrada…

Nik Lima – Hoje foi. Geralmente na segunda-feira é sempre mais tenso, porque você pega tudo o que aconteceu sexta, sábado e domingo, ou seja, tem muito conteúdo, acontece muita coisa. Como você mesmo disse, é porrada.

Observatório – Só pra citar um exemplo, hoje teve um caso de um feminicídio cometido por um policial, né

Nik Lima – Pois é. E vocês devem ter percebido que, nesse tipo de caso, eu me envolvo muito. Mas não é porque é policial que a gente não vai bater. Nós somos um programa livre e independente. Somos um programa de polícia, e não um programa para a polícia, ou da policia. Quando tem esse tipo de crime, a gente bate da mesma forma.

Observatório – Nós percebemos aqui que é um programa contundente, e até atualmente, os programas policiais estão reduzindo esse tipo de conteúdo.

Nik Lima – É justamente isso que nos diferencia das outras atrações pelo Brasil. É essa liberdade, essa força, no peso de um programa como o DF Alerta. No início, houve sim uma resistência lá no início quando eu assumi o programa. Até mesmo das próprias mulheres. O preconceito, né? Mas hoje elas se sentem representadas, elas se vêem no que a gente comenta e mostra. Ter uma mulher apresentando um programa apresentando esse programa é um diferencial, porque normalmente são homens mais bravos, brucutus mesmo. Eu não tenho medo, saio na rua tranquilamente.

Observatório – Você é uma das poucas apresentadoras policias do Brasil. Como você veio parar aqui?

Nik Lima – Eu sou de Araxá, Minas Gerais. E quando resolvi fazer jornalismo, eu vim para cá. Eu poderia ir para um lugar mais próximo, mas as coisas me trouxeram para Brasília. Trabalhei em outras empresas, trabalhei como garçonete, em loja de shopping, e quando cheguei na metade do meu curso, eu decidi deixar tudo isso e focar só no jornalismo, porque eu queria fazer TV. Passei o dia inteiro aqui tentando falar com a nossa chefe aqui, a Simone, e consegui entregar meu currículo para ela. Agora em maio, completou oito anos que estou aqui. Passei por todos os programas da casa. Fiz o Jornal Local, e outros programas. Eu fiz de tudo um pouco aqui na TV. E aí surgiu essa oportunidade no DF Alerta, porque já era da casa, cria da casa, e quanto saiu o antigo apresentador (Fred Linhares), eu assumi. Eu acho que deu certo. Para mim, deu (risos)-.

Observatório – Você fez reportagem de madrugada, que é onde o grosso dos crimes acontecem. Como foi essa fase?

Nik Lima – Sim, durante dois anos e meio eu fiquei fazendo reportagem de madrugada. E foi numa situação que eu tinha acabado de perder um amigo, que era o Rafael Brito, que faleceu. E por gostar do programa e ser muito amiga dele, eu assumi. Foi muito difícil no início, porque a gente teve de lidar com a perda dele e com a barra de trabalhar de madrugada. Mas a gente não dá moleza para bandido, vamos em porta de delegacia, vamos em lugares perigosos, recebe ameaça, mas não deixa de fazer o trabalho, porque é isso que nos move.

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