Vivendo a Karola, da nova novela das 21h, Deborah Secco revela sobre carreira: “Eu nunca comecei um trabalho achando que estava ganho”

Publicado em 27/04/2018

Deborah Secco está prestes a entrar nos holofotes outra vez. A atriz regressa ao horário nobre da televisão na novela Segundo Sol, da Globo. Na trama, ela será Karola, a antagonista de Luzia (Giovanna Antonelli) e promete aprontar todas para que a protagonista não fique com o galã Beto Falcão (Emílio Dantas).

Em entrevista exclusiva ao Observatório da Televisão, ela revelou que a personagem é uma incógnita e que não consegue decifrá-la. Para Secco, Karola tem muitos mistérios, que, inclusive, envolvem outra personagem, Laureta (Adriana Esteves), sua mentora.

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Por falar nisso, também no bate-papo, a atriz conta como está sendo dividir a antagonismo da novela com uma atriz renomada internacionalmente, como Adriana Esteves. Para ela, Esteves é uma gênio e tem ajudado muito na hora de gravar as cenas. Secco fala também sobre como lida com sua insegurança. Confira a entrevista completa na sequência.

Vamos começar por Maria Flor, como que é sair para gravar, a falta dela, como é que está sendo?

É sempre difícil, dá um aperto no coração, mas a gente sempre pensa que vai ser bom para o futuro dela. Quero que ela cresça com muito orgulho de mim, então estou me empenhando muito para isso.

Mais uma vilã na sua vida, mas essa disse que é para valer.

Eu acho que essa é a primeira né? Porque a Iris era só uma menina malvada, vilã mesmo acho que a Karola é a primeira e seja o que Deus quiser, estou rezando para que dê certo.

Agora como é que é a Karola?

A Karola, ela é uma incógnita. Eu acho que não consigo decifrar ela, até agora estou tentando entender quem é essa mulher, tão cheia de mistério e com tanta dubiedade. É apaixonada por um, mas é amante de outro. Tem ali a Laureta na vida dela, que é o braço direito e esquerdo, mas que também tem um caso de ódio ali, as duas se odeiam, uma tenta passar a perna na outra, então estou tentando entender também.

Fala um pouco da relação dela com o Beto Falcão.

Acho que o Beto é o grande amor da vida dela, mas ela se depara com uma dificuldade porque o Beto é pobre, está em final de carreira, acabado e ela está ali desesperada sem saber o que fazer para melhorar a vida do Beto, para fazer com que ele seja famoso de novo para juntar o amor da vida dela com o dinheiro que ela quer ter. E aí para a nossa alegria, o Beto acaba morrendo, ela descobre que não morreu, mas resolve convencê-lo a fingir que morreu, porque isso vai dar muito dinheiro. E acho que esse é o início da nossa trama aí que tem tudo para pegar o brasileiro de jeito. Porque é uma trama com muita história, com muita velocidade, no primeiro capítulo já é muito rápido, já acontece tudo, ele já morre e ressuscita e acho que uma das qualidades do João Emanuel, que eu acho, modéstia parte um dos melhores dramaturgos brasileiros, é ele não guardar a história, ele conta mesmo, ele vai soltando. A gente tem alguns poucos capítulos escritos, mas ele já acabou tudo que ele acabou na sinopse e um pouquinho mais, a gente não sabe para onde vai, mas com certeza vem muita coisa boa por aí.

E esse visual é para a novela?

Aqui, eu estou fazendo a Karola bem basiquinha, em casa, acordando, tomando café. Esperem por Karola arrumada meus amores.

E esse seu cabelo foi exatamente pela sua personagem?

Esse cabelo é para a personagem, na primeira fase eu faço ele mais cacheado e na segunda fase eu faço ele mais Kim Kardashian. Eu me inspirei em Ivete Sangalo, né? Porque eu acho que toda baiana quer ser Ivete Sangalo, esse cabelo liso e grande, é minha musa inspiradora, ela é um pouco mais perua que a Ivete.

Como é que é o figurino da Karola?

Então, na primeira fase a gente fala que ela é bem piriguete, mas quando ela vai lá se disfarçar para a Luzia, de amiga e tal, ela vai bem menininha. Prende o cabelinho bem menininha, bem humilde e na volta ela está muito rica, por cima, então vocês veem muitas joias, ela é bem perua.

O fato de você estar fazendo uma personagem que é sua primeira grande vilã, ter que dividir esse papel com a Adriana Esteves, como é que é isso, você acha que é mais fácil?

Com certeza, e, ao mesmo tempo, muito mais difícil, porque eu tenho um padrão de qualidade muito mais elevado para seguir. A Adriana é uma gênio e a gente se admira mutuamente, junto. Ela me ajuda muito e a gente tem uma parceria incrível, outro dia ela fez uma super declaração para mim falou: “pô, com você as cenas não tem quilo, a gente troca, as coisas fluem”. E, de fato, a gente se deu muito bem. É incrível o João dividir essa vilania. A Karola não tem a mente tão maquiavélica para realizar todas as maldades. Ela tem ali a necessidade, o desejo, mas a mente brilhante é a Laureta que está sempre por trás dela.

Você saiu de uma mãe em Malhação, uma mãe um pouco doce, agora não, agora é uma mulher cruel, dissimulada…

Mas você sabe que vem uma mãe muito doce aí, Karola é apaixonada pelo Valentim, acho que ela até beira o incesto sabe, porque ela é uma mãe muito apaixonada pelo filho e deita junto, fica agarrada. Acho que minha mãe é assim comigo, é um amor fora do comum, eu sou assim com a minha filha, parece que a gente quer engolir de tanto amor. E acho que a Karola tem isso, além de amar o Beto loucamente, ela ama o Valentim. Ela vai defender essa família que para ela é tudo que ela construiu, com unhas e dentes.

O que te fez abdicar, você estava tomando conta da sua filha, essa sua personagem que você fez em Malhação você disse que era mais para amenizar, para ter mais tempo…

Já tinha passado os dois anos que eu tinha pedido, foi bem os dois anos. E Maria indo para o colégio, eu já estava na pendência com a Globo, uma novela do João, uma personagem dessa, não tinha nem o que pensar. Só agradecer, eu agradeço todo dia, eu falo: “meu Deus do céu, será que eu vou dar conta? Essa personagem é muito boa para mim”.

Como é sua rotina, você liga toda hora para saber como ela está?

Eu ligo, eu tenho câmera em casa e eu fico aqui vendo. No momento, ela ainda está dormindo, chegou da escola, brincou um pouquinho e dormiu. Eu fico vendo assim, meu marido é muito parceiro, então, a gente divide. Eu sei que quando ela não está comigo, está com ele, quando ela não pode estar com os dois, está com a minha mãe.

Ele vai participar da novela, né? Como é que foi isso?

Ele vai! Foi uma surpresa, porque ele fez o teste lá trás e a gente já tinha esquecido, porque acabaram me chamando e não chamaram ele. A gente meio que esqueceu disso. Ele já estava com outro projeto, outras coisas, e agora veio o convite e ele ficou super feliz. A gente ainda não gravou junto, mas deve se encontrar. A Adriana falou que toda vez que eu passar por ele em cena vai falar “Karola, você é casada!”.

Vocês não tiveram esse medo dos dois receber essa proposta junto?

Não foi opcional, a gente sempre tem medo, mas quando surgiu a proposta para ele e é uma coisa que a ele vem buscando há tanto tempo, é uma oportunidade tão incrível, com atores tão incríveis, com um autor tão incrível, com diretor incrível. A gente sabe que vai ter que se desdobrar mais, porque estão os dois aqui, mas minha mãe está lá, a postos, e ela está na escola também e dá medo, mas é o que eu tenho pensado muito assim ao sair de casa, eu quero que a Maria tenha muito orgulho de mim e dele. Então, a gente infelizmente não pode parar.

Você estava falando justamente dessa parceria com a Adriana. Adriana que vem de uma novela do João Emanuel. Você falou que vocês são muito parceiras e tal, mas num primeiro momento, nas primeiras gravações, passou pela sua cabeça de se inspirar um pouco no que ela fez com a Carminha?

Eu já me espelho na Adriana sem querer há muitos anos, a Darlene foi toda inspirada na Sandrinha e assim eu vou com muitos personagens. Por acaso, a Adriana é alguém que me inspira muito, eu acho a forma dela de interpretar muito perto do que eu quero conseguir. Então, a Catarina do Cravo e a Rosa, eu me inspirei muito, a Natalie era um pouco Catarina, então eu vou tentando um pouco, claro que quando chegou essa personagem é inevitável não pensar na Carminha, como pensei na Flora, como pensei na Laura, de Celebridade. Eu pego as vilãs que eu admiro e fico pensando o que eu posso roubar de cada uma. Mas a Adriana, surpreendentemente é muito parecida comigo, a gente é sagitário, a gente é super insegura, a gente é muito tensa. Outro dia, o Hugo veio gravar com ela e ele chegou em casa e falou “gente, a Adriana é igual a você, ela falou que estava chorando e aí eu falei para ela, a Deborah está chorando em casa”. É muito texto, a gente acha que não vai dar conta, então a gente tem essa coisa de ser caxias, de ficar tentando dar o nosso melhor. Então, além de a gente estar dividindo as cenas, a gente ainda está dividindo todos os nossos conflitos momentâneos.

E vocês, às vezes, até colocam isso no próprio corpo, a Adriana mesmo emagreceu horrores na Carminha.

Eu nunca botei isso de tensão, eu sempre coloquei no corpo quando é necessário. Eu fui fazer o Boa Sorte e precisava perder 11 kg, um sacrifício da porra, perdi. Depois, no mesmo ano, tive que engordar 18 kg e engordei 17 kg para fazer um outro filme. Eu não tenho muito esse apego, adoro esses desafios físicos, todo mundo me pergunta quando eu comecei a gravar “nossa você está ótima” e eu não estou fazendo nada, eu estou ótima graças a Deus. Eu não faço dieta, eu voltei a malhar porque eu estava com muita dificuldade de brincar com a Maria, estava perdendo o folego e aí o Hugo falou: “volta a malhar”, vai ser bom para vocês e tem realmente sido muito bom. Eu malho duas ou três vezes por semana, não mais que isso porque eu não consigo mesmo e não faço dieta. Mas acho que a minha rotina de mãe, eu não sou uma mãe que vê televisão com a criança, eu sou uma mãe que subo na árvore, que se escorrega, brinco de pic e isso realmente deve estar me fazendo emagrecer, porque eu estou comendo um mundo e não estou engordando.

Ela vai roubar uma criança, tem esse lado muito pesado, mas ela tem um colorido do humor também?

A gente está tentando muito e com o Vlad [Vladimir Brichta], logo no primeiro capítulo a minha cena com o Vlad é hilária. A gente descobre que o Beto morreu e comemora, pula na cama “vamos ficar ricos!”. Eles são muito dúbios e loucos, mas é muito engraçado, a loucura é tão grande que vira engraçado.

Então, você aposta que ela vai ser uma vilã querida ou uma vilã odiada?

Eu quero que ela seja uma vilã muito querida, mas acho que toda vilã acaba sendo querida, porque a gente gosta do conflito e quem traz o conflito é a vilã. Mas eu acho que além disso ela é uma vilã carismática, ela é uma vilã que gosta do filho, uma vilã engraçada.

O Danilo comentou isso, que o personagem dele não gosta de a mãe ser consumista, ficar gastando dinheiro. Como é que está sendo essa construção para você?

Sim, eu acho que é o grande conflito dela com o filho e com o Beto. Ela é muito ambiciosa, tipo para as gravações meu apartamento é tipo o estúdio inteiro, é a casa da Ivete Sangalo (risos), corredor da vitória, uma cobertura muito bombada. É porque o prédio é na mesma rua que o dela, né? E ela fala que é vizinha de Ivete e ela quer né? Ela está querendo chegar lá.

Queria que você falasse sobre esse lado inseguro, como é que você lida com isso?

Isso é muito difícil, porque isso é meu, sempre será. Eu nunca comecei um trabalho achando que estava ganho. Lembro até hoje que eu comecei a fazer Bruna Surfistinha e eu chorei até o ultimo dia de filmagens, achando que eu não estava fazendo bem, que eu não sabia fazer, que todo mundo iria descobrir que eu era uma farsa e que não sabia fazer. Isso se estabeleceu para mim desde o primeiro dia da minha vida trabalhando, até hoje, nunca consegui fazer diferente, mas eu venho ficando aliviada, porque eu venho encontrando atrizes que eu admiro muitíssimo que passam pelo mesmo problema. A Adriana falou que na Carminha, inclusive, ela sofria diariamente e ela chorava, se isso é um bom sinal, que venha para mim. Fernanda Montenegro uma vez fez um filme comigo e aí ela chegou arrasada e aí falou “aí meu Deus, por que é assim? Tantos anos e eu ainda fico tão insegura!”. Aí, eu falei “Fernanda, aí que bom. Eu não sou a louca”.

Essa insegurança, você passa para outras áreas da sua vida, se pergunta se está sendo uma boa mãe, se está dando conta?

Uma boa mãe acho que todo mundo deve ter. Não sei se isso só se estabelece comigo, mas desde que minha filha nasceu, tudo que acontece de errado com ela eu acho que a culpa é minha, que eu não sou uma boa mãe como deveria ser, então nossa, eu me ferro nisso. Trabalho todos os dias para não obcecá-las com as minhas inseguranças. Mas acho que antes da Maria Flor nascer, era só profissionalmente que eu tinha isso. E depois, quando eu vejo recente, eu não gosto, eu gosto quando eu vejo muito depois. Tipo Celebridade agora eu estou me achando ótima, eu sofria tanto, chorava achando que eu estava péssima e eu estou ótima. Depois que passa um tempo, acho que você para de se avaliar e de se ver como pessoa interpretando.

E como é que você resolve isso?

Eu não resolvo, deixo viver. Eu sinto que tem uma energia boa que protege, que faz com que as pessoas vejam diferente do que eu vejo. Só pode ser isso.

Você tem uma carreira muito bem-sucedida, você acha que essa grande vilã é a cereja do bolo?

Eu não posso dizer que é a cereja do bolo, porque vou estar sendo injusta com tudo que eu já fiz de cereja de bolo. Eu já fiz muitas, muitas coisas que eu não esqueço. A Iris de Laços de Família foi uma super cereja, a Darlene foi um presente, a Bruna Surfistinha é uma… o Boa Sorte é um filme que artisticamente talvez eu nunca tenha feito nada parecido, o Bruna é um filme que me colocou num lugar que talvez nada na vida me coloque, é um filme que iguala, o público de todas as idades me reconhece por esse personagem, diferente de novela que vai muito pela faixa etária. Então, acredito e rezo todos os dias, acredito muito que esse personagem tem tudo para ser um daqueles marcantes, que eu vou lembrar para sempre.

Mas você sentia a falta de fazer uma grande vilã das nove?

Eu nunca pensei muito no que eu queria fazer, porque de verdade, quando eu sonhava menina em ser atriz, nos meus maiores e melhores sonhos eu não sonhava nem com metade do que eu já fiz, Então, eu falo que já ganhei dos meus sonhos, mas de muito. Se tudo der errado, daqui para frente, eu já sou muito vencedora, porque eu venci tudo que eu sonhava impossível. Quando eu era menina, eu falava “gente, vou fazer uma novela das oito e meu nome vai ser o primeiro a aparecer”, então tudo que eu sonhei criança eu já realizei enormemente, muito mais e aí é claro que a gente fica pensando “e falta o quê?”. E nunca eu tive essa de me falta alguma coisa, eu sempre fiquei aberta, já sou grata a tudo que aconteceu, tudo que eu já fiz, aos grandes personagens. Se vier mais alguma coisa, eu vou receber, juro que vou me dedicar, que nem aquela menina de oito anos que acha que não sabe fazer nada e vai se dedicar ao máximo ao primeiro trabalho.

Você como uma boa sagitariana é muito honesta, você fala com a imprensa de verdade, você dá aspas para todo mundo. Você se arrepende de alguma forma de ser tão bocuda? Você se considera bocuda?

Não acho que sou uma pessoa que sei tudo, pelo contrário eu não sei nada, sou uma pessoa que estou evoluindo e graças a Deus, eu mudo muito de opinião, mas eu falo com verdade. Então, se tem alguma coisa que me faz ter orgulho de mim, é não ter vergonha de errar, de voltar atrás, pedir desculpas e graças a Deus eu não preciso mentir para ser amada e isso é um alivio, eu demorei muitos anos para conseguir viver sabendo que a gente não vai agradar todo mundo, mas a gente não precisa mentir. Hoje em dia, eu luto muito para que as pessoas aceitem essas diferenças, se eu não penso como você, infelizmente não chegaremos num consenso, mas não deixaremos de ser amigos, nem de nos gostarmos. Então, eu acho que sempre lido com a verdade e a minha forma mais polêmica de falar e tal, é porque eu acho mesmo que a gente tem que brigar pelo que a gente acredita. Eu sou uma pessoa que vim de um lugar muito lá em baixo, consegui chegar onde cheguei, alguma coisa eu devo ter aprendido com isso, então talvez eu tenha que passar para algumas pessoas que pensam como eu e outras, que não pensam como eu, vão achar que é uma bobagem enorme, que eu sou uma burra, uma idiota, mas de alguma forma talvez eu consiga ajudar alguma pessoa que está precisando, então isso já vale a pena.

Nesse meio tão machista você teve uma declaração que falou que também já traiu e tudo. Isso foi muito bom também para a mulher, né, Deborah?

Eu sou feminista mesmo, se eles podem a gente pode também e eu nunca dei essa declaração, isso é o mais importante falar, achando que eu estava fazendo alguma coisa boa. Eu nunca falei “cara, que massa eu traí”. Não, eu traí e ponto, isso é um fato. Que pena, que ruim, porque foi ruim para mim principalmente. Adoraria ter tido relacionamentos que tivessem dado certo, que tivessem sido na base da verdade, na base da lealdade e eu não consegui, infelizmente não encontrei pessoas que junto comigo criaram essa relação, criamos uma relação frágil, mentirosa que infelizmente deu no que deu, um término. Mas eu acho que ninguém pode ser julgada por um erro, ninguém pode ser julgada, condenada, por um erro, por ser humano. Infelizmente ninguém vai passar por essa vida sem errar, eu queria muito ser essa pessoa que lá no primeiro relacionamento tivesse esse entendimento de amor, de família, de estar junto que eu tenho hoje, então, graças a Deus, eu evoluí. Graças a Deus eu tenho maturidade de falar: “caralho, como eu errei!”. Que bom que hoje eu tenho marido e não vou trair, porque eu não vou me dar a chance de errar com ele, porque vai ser ruim para mim, não vai ser ruim para ele, pode até ser ruim para ele, mas vai ser muito pior para mim, porque hoje o que a gente tem em jogo é muito mais valioso. Então, isso é uma maturidade, saber se julgar, se ver como errado e ter a coragem de falar “eu errei, eu sou humano”. Eu errei, sim, traí, sim, e olha que triste, né? Até, então, eu não tinha conseguido uma relação verdadeira e que bom que a vida muda, que a gente amadurece e, agora, estou construindo uma relação diferente.

Quando foi a última vez que você mudou de opinião? Porque você falou que sempre está mudando. A última mais marcante.

Geralmente, eu mudo muito de opinião em relação à Maria, ontem mesmo estávamos debatendo eu e o Hugo a importância da rotina, dela almoçar todos os dias no mesmo horário, tomar banho todos os dias no mesmo horário, só que a Maria tem chegado da escola muito cansada e ele acha que ela não precisa almoçar, quando ela chega da escola, se ela diz que está com sono e vai dormir. Porque ela tem que almoçar chorando, se esperneando e depois tomar banho do mesmo jeito se ela falou: “papai eu quero dormir”. Então, ela vai dormir primeiro, depois ela vai acordar, almoçar e tomar banho. E aí é uma crise, porque minha mãe fala “não, tem que ter rotina”, então eu, de fato, ontem mudei de ideia, estou com ele “saca?”. A gente tem que aprender ouvir, porque, às vezes, a gente acha que sabe tudo e não sabe e criança está aí para dar aula para a gente, Maria dá aula para mim, hoje ela já fala e já explica: “eu estou muito cansada, preciso descansar um pouquinho”.

*Entrevista ao jornalista André Romano
*Colaborou o jornalista Renan Vieira

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