Animação, exercício físico e amor à reportagem: as verdades de Jéssica Smetak, nova âncora do Bahia no Ar

Publicado em 25/04/2018

Com Greicehelen Santana

Logo quando a reportagem do Observatório da Televisão chega ao estúdio da RecordTV Itapoan, na segunda-feira (23), Jéssica Smetak acena e manda um: “seja bem vindo!”.

Ela está no ar numa nova rotina e em algo totalmente novo. Desde o último dia 16 de abril, ela apresenta o Bahia no Ar, telejornal líder de audiência na Grande Salvador desde janeiro de 2016. Com Smetak, o jornal tem mantido seu bom Ibope – na semana de estreia, ela foi líder com 12,5 pontos.

Smetak apresentava o Jornal da Manha, na TV Bahia, afiliada da Globo em Salvador, com quem a Record tem uma briga frenética pelo Ibope. Lá, era uma apresentadora. Agora, ela apresenta, mas tem que comentar as notícias. E é isso que mais a emociona: opinar e ser uma voz do povo.

Jéssica Smetak Paoli, de 29 anos, afirma gostar de povo e de estar perto da população. Seu amor maior no jornalismo é a reportagem, que ela pede para não deixar de fazer. Mas ao mesmo tempo, Smetak admite: ainda está aprendendo como fazer um jornal mais opinativo.

Na sua primeira entrevista desde que assinou com a RecordTV Itapoan, no mês passado, a nova apresentadora fala de tudo: da rapidez para negociar, dos pilotos, e da receptividade que teve em São Paulo, que definiu sua contratação.

Ela também comenta gostos pessoais, como o amor por exercício físico, música, e também comenta a atual situação do Brasil. Mas o foco, claro, foi a novidade de assumir um jornal bem elogiado dentro e fora da Bahia.

Veja a entrevista na íntegra:

Observatório – Como está sendo essa nova jornada?

Jéssica Smetak – A gente fez pilotos, mas nada como fazer valendo. Fazer valendo é mais emocionante, bate o coração. O piloto a gente sabe que está sendo gravado, mas no último piloto desligaram luz, o VT não entrou, TP caiu, fizeram todas as convergências do universo possíveis para ver a minha reação. A casa é maravilhosa, uma receptividade muito boa, a equipe inspira confiança. Todo mundo fica: “Jéssica no Bahia no Ar. Jéssica está na linha de frente”. Mas tem uma galera atrás que você não tem noção, dos cinegras (cinegrafistas) do estúdio até o produtor, é todo mundo afinadinho. Tem grupo no WhatsApp para discutir o que vai ter no jornal do dia seguinte. Se eu dou uma opinião, ela é acatada, não é o outro que pega e inteira a sua opinião. Eu percebo que é um conjunto muito bem agregado, muito bem afinadinho para um produto final. Na minha opinião, pelo o que eu já estou sentindo, é isso que repercute lá em ser líder de audiência, algo que a gente conseguiu com expressividade no jornal de sexta-feira. Era chuva? Tome chuva! Equipe cá, equipe lá, cobertura, gira o link, câmera de cima, repórter embaixo. Isso que dá gosto!

Observatório – Como você faz sua autoavaliação na apresentação do jornal?

Jéssica Smetak – A avaliação é que é uma outra Jéssica, com um outro tipo de trabalho e com um outro tipo de performance. Está me empolgando demais o fato de poder opina a respeito do que me incomoda, ter a liberdade, ter o tempo para isso. A população se enxerga muito na Record, o povão se enxerga na Record. Quando a matéria vai ao ar de um buraco, de um esgoto, quando vai uma matéria dessa que toca na ferida do posto de saúde que não tem o exame, a gente mostra a matéria e depois a gente comenta é como se quem estivesse comentando ali fosse a pessoa que está assistindo e passando por aquilo. Então, a gente reitera aquele sofrimento e problema para que realmente haja uma cobrança, haja uma solução para aquela população. Por isso que quando você passa na rua, as pessoas vão ficar: ‘Jéssica, você está na Record’. Todo mundo já sabe! Todo mundo já sabe que agora eu estou nesse novo formato, que agora Jéssica também é uma porta-voz deles junto com Zé Eduardo, Adelson e Patrícia. Isso que é bacana, o papel social de fato do jornalismo que está sendo cumprido, além da reportagem que é feita em campo com a nossa narração dentro do estúdio.

Observatório – Contando negociações, você está aqui tem só um mês. Como você veio parar na Record?

Jéssica Smetak – Eu estava de férias, em casa, aí eu recebi uma ligação de Fabiano (Falsi, diretor de jornalismo da RecordTV Itapaon) dizendo que queria conversar. Eu disse: ‘me conte mais, Fabiano’ (risos). Ele respondeu: ‘a gente quer que você venha trabalhar conosco’. Ele falou qual era o produto, o que a casa esperava do trabalho. Eu perguntei para eles: ‘por que Jéssica Smetak? ’. Porque saiu uma Jéssica e entrou outra Jéssica, eu não queria que isso fosse um joguinho de mercado. Eles falaram: ‘Coincidiu de ser uma Jéssica’. Isso aí é chato. Podia ser uma Ana Paula, Adriana. Ele (Fabiano) falou que avaliou algumas pessoas e, realmente, achou que eu podia ter o perfil de corresponder o potencial que eles querem, porque realmente eu não sou uma profissional pronta nesse formato, eu sou um potencial a ser trabalhado, da mesma forma que eu estou trabalhando. Eu estou me trabalhando para corresponder a expectativa da casa.

Observatório – E é bom porque você mesmo faz essa análise, né?

Jéssica Smetak – Claro! Eu não me acho pronta. Nunca fiz isso nada vida, estou fazendo agora e sou extremamente grata porque Fábio e Fabiano têm consciência disso, de que é uma novidade para mim. E o conforto de saber que tem gente por trás sabendo que é novo para mim. Estou aqui para fazer laboratório, não laboratório pejorativamente, mas assim, estou aqui com os recursos para experimentar e construir o meu formato. E foi assim que eu vim para cá. Foi numa sexta-feira, eu estava de férias, tinha uma viagem agendada Sábado e domingo eu viajei, ia ficar na segunda também na viagem, mas antecipei e voltei antes. Eu achei que tudo estava acontecendo muito rápido e disse: ‘não vou ficar viajando enquanto tem coisa para resolver’. Voltei antes e fechamos o pré-contrato na segunda, aí na terça eu fui comunicar que não estaria mais lá (Rede Bahia). Porque eu tinha que avisar com antecedência para eles também, foi a casa que eu trabalhei quase cinco anos. Eu não podia chegar, tipo volto de férias amanhã e avisar: ‘galera, eu não estou indo não’. Eu tinha que conversar com todos os gestores, com diretores, com o presidente Dr. Júnior.

Observatório – Em uma entrevista pra gente, o Eurico Meira, novo diretor de jornalismo da TV Bahia/Globo, me falou que te viu somente duas vezes: quando você saiu de férias e quando você comunicou a saída da Rede Bahia.

Jéssica Smetak – A gente quase não se bateu. A gente não teve experiência. A gente não conseguiu conversar. Na verdade, o Eurico chegou, teve as boas-vindas. Durante o carnaval eu estava no BATV já fazendo esse formato sozinha, mas a gente se reunia nos fins dos jornais, mas nada diretamente eu e o Eurico. Na hora de ir embora, eu fui lá avisar e ele disse: ‘qual é, rapaz? Eu conversei com você umas duas vezes’ (risos).

Observatório – Você está assumindo um jornal que desde 2011 era comandado pela Jéssica Senra, que ajudou a construir um produto de opinião, líder de audiência e premiado. Aceitar fazer um jornal desse nível ajuda no laboratório?

Jéssica Smetak – É bom saber que é um produto consolidado. A questão da opinião, foi o que Fábio Tucilho (diretor geral da RecordTV Itapoan) e Fabiano Falsi falaram, que é um jornal, não sei se foi pela Jéssica ou pelo própria fato da casa querer, um jornal de opinião e ela adaptou o formato. Eu sou Jéssica, tenho meu jeito muito leve de ser, brinco, ando sempre com o sorriso no rosto, gosto dessa leveza, mas na hora de falar sério eu também vou falar. Vou dar a minha cara, o fato de ser um produto consolidado é bacana porque o telespectador já reconhece aquele produto como um produto de confiança. Eu também já sou um produto no mercado que as pessoas já conhecem. Eu não cair do céu, então as pessoas conhecem Jéssica, sabem as características de Jéssica e sabe as características do produto. Agora esses dois produtos se encontraram para aumentar ainda mais o resultado da emissora.

Jéssica Smetak na estreia do novo Bahia no Ar na RecordTV Itapoan (Divulgação)
Jéssica Smetak na estreia do novo Bahia no Ar na RecordTV Itapoan Divulgação

Observatório – Você se importa com a audiência? Gosta de ver os índices?

Jéssica Smetak – Gosto, claro! A audiência mede a nossa receptividade no público.

Observatório – Você fica perguntando durante a apresentação como estão os números da audiência?

Jéssica Smetak – Não, não. Eu faço e depois a gente discute. Não sou frenética de ficar assim não. Eu acho muito bacana você estar no jornal e chegar alguém falando que bateu 15, é massa. Mas é a mesma forma de falar que caiu, deu 8 pontos, sei lá, nunca aconteceu, chutei um número que eu acho que para mim é baixo, isso pode bater no desempenho do apresentador lá, botar na mesma hora uma face preocupada, um rosto preocupado. Então, é melhor não saber, saber no fim. O editor lá coordena, se algum VT lá não está rendendo, ele pegue, tire e bote outro. Depois a gente sabe o resultado.

Observatório – A sua ida para Record da Bahia teve um apoio forte da sede de São Paulo, né?

Jéssica Smetak – O martelo foi batido lá.

Observatório – Como foi a sua receptividade lá?

Jéssica Smetak – A mesma daqui, com a dimensão de uma emissora nacional.

Observatório – Você ficou impressionada com a estrutura em São Paulo?

Jéssica Smetak – É muito estúdio, é uma emissora, realmente, muito grande. Muito profissionalismo pelo o que faz. A gente passeou pela redação, mas também passeamos pelos estúdios dos outros programas. A gente entrou no Cidade Alerta com o Bacci, a gente viu como era o processo produtivo das notícias e tudo mais. Então, foi bacana eu ter tido essa experiência antes de começar aqui porque, como eu estava conversando com o Fábio, a gente recebe o DNA da Record. Eu sinto qual é o DNA da Record para eu já entrar no ar com a coisa impregnada, digamos assim. A gente conversou com o Douglas, conversamos com os gerentes, com todo mundo, com os gerentes de núcleo. Isso é bacana porque eu sou uma profissional completamente nova aqui, quanto mais lá. Então, quando a gente vem de lá, a gente sente realmente o que é a emissora.

Observatório – Você me parece muito empolgada…

Jéssica Smetak – Eu estou, claro que estou. Eu falo com as mãos, às vezes fico até procurando as palavras porque eu sou uma pessoa ansiosa por natureza. Eu sou super ansiosa. É tudo muito novo, sim. O novo pode assustar, mas eu nunca deixei de fazer o que é novo por medo. Me joguei e a viagem me ajudou realmente a compreender qual é a atmosfera da Record, entender qual é o propósito da Record e o que o público da Record espera. Eu já voltei de São Paulo fazendo os pilotos com outro ar, com outro pique, e o piloto acabou desencadeando um bom desempenho com coisas ainda para aperfeiçoar no jornal valendo mesmo.

Observatório – Você tem pouco tempo de jornal, mas qual foi o momento/situação que você mais gostou de fazer?

Jéssica Smetak – Opinião é muito bacana. Eu estou conseguindo falar o que o povo quer falar e não pode, ou fala e ninguém escuta. É muito bom você ver uma matéria, se indignar, sentir o que o outro sente e poder sentir como ele sente e falar como ele gostaria. Você vira uma porta-voz, é muito gostoso.

Observatório – Eu notei que você está escrevendo os seus próprios comentários no jornal…

Jéssica Smetak – Alguns comentários maiores. Eu vou atrás de números, eu gosto de ficar só na opinião e nem criando polêmica. Eu falo a minha opinião, mas sustento ela em números. Tem comentários mais “coxudos” que eu, realmente, faço questão de bater para que não esqueça de falar uma informação importante, como foi o caso da matéria que foi hoje ao ar do comentário da saúde, do exame. Então assim, o investimento que Salvador faz na saúde é muito baixo, de onde veio esse dado? Quantos porcento da população dependem do SUS? Então, tudo isso amarra o raciocínio para sair um comentário redondinho. Quando é uma coisa maior eu tenho essa preferência.

Observatório – Você busca saber sobre política? Como é sua rotina como jornalista?

Jéssica Smetak – Ler, ler, ler… ler tudo, ler colunista, assistir.

Observatório – Qual o seu colunista favorito? Jornalista?

Jéssica Smetak – Não vou falar… Porque é de um outro veículo (risos)

Observatório – Mas não tem problema… (risos)

Jéssica Smetak – Não, vamos passar batido…. Apresentador assisto também de outras emissoras. Todo tipo de informação, até de opiniões que divergem da minha.

Observatório – Você assiste jornal diariamente?

Jéssica Smetak – Tem que assistir. Não é nem por gostar, é por função.

Observatório – Antes de estrear na Record, você assistiu os jornais feitos pela casa? Conversou com os apresentadores, como a Patrícia Abreu, Zé Eduardo?

Jéssica Smetak – Trabalhamos juntas, eu liguei para ela antes de vir para cá. Eu conversei, assisti alguns jornais que o Zé fez. E antes da estreia na segunda-feira 16, na quinta e na sexta eu entrei nos estúdios para bater um papo com o pessoal e anunciar que estávamos chegando com novidade. Os apresentadores me receberam muito bem, a família toda. Não tem essa coisa de setor, rede não conserva com local, é tudo muito amarradinho.

Observatório – Você ficou muito tempo apresentando o jornal matinal da Rede Bahia, que é bem tranquilo. O que você levou de aprendizado desse período?

Jéssica Smetak – O mercado gira. Tenho um afeto sim porque foi o lugar que durante quatro anos e meio, quase cinco anos. Meu pai trabalhou lá durante 25, 27 anos, então eu cresci naquele ambiente. Eu trabalhei com pessoas com as quais eu cresci, que eu ia nas festas de fim de ano lá e via. Mas é assim, o mercado gira, as necessidades profissionais e pessoais mudam. Eu vi que a vinda para a Record me proporcionaria esse combustível que eu estava querendo naquele momento, e eu não esperava. Eu nunca coloquei portfólio aqui. Não precisou porque eles também assistem, não foi uma coisa que eu pedi. Eu sempre falo que Deus sempre foi muito generoso comigo porque as coisas aconteceram na vida… se não for Deus, eu não sei o que foi. Tem que ser ele, porque você sair de produtora para repórter, para apresentação, para sair de um (veículo) e ir para outro. Tudo é muito encaixado, e antes de eu desejar a coisa, a coisa acontece para mim. Então, eu sou extremamente grata a isso.

Observatório – Falando um pouco sobre você agora. O que você gosta de saber? Seu hobby?

Jéssica Smetak – Eu gosto de exercício físico. Adoro, adoro exercício físico. Gosto de ficar em minha casa.

Observatório – E música?

Jéssica Smetak – Todos os tipos, menos pagodão que não curto muito. Mas amo MPB, ouço música gospel o tempo inteiro porque eu sou evangélica. Louvor o tempo inteiro.

Jéssica Smetak na chamada do novo Bahia no Ar
Jéssica Smetak na chamada de estreia do novo Bahia no Ar da RecordTV Itapoan Reprodução

Observatório – Você gosta bastante de viajar também, né?

Jéssica Smetak – Gosto de viajar. Passei a viajar muito por causa do meu noivado, ele gosta muito também. E gosto de ir para a igreja, adoro ir para a igreja (risos). Eu vou para o culto da mulher, de tarde às vezes vou para outro, mas eu não gosto de festa. Meu noivo é um homem de festa, ele faz festa, então eu vou para acompanhar. Eu gosto muito de comer bem, adoro sair para comer. Por isso que eu malho, porque eu malho para comer e como para malhar (risos).

Observatório – Qual o seu prato favorito?

Jéssica Smetak – Tudo que tem carboidrato. Jogue aí uma pizza! Tudo com queijo, pizza.

Observatório – Você pode falar um pouco sobre a biografia do seu avô? (Nota da redação: Jéssica é neta de Walter Smetak, lendário instrumentista de música clássica, e escreveu sua biografia, lançada em 2013)

Jéssica Smetak – Sim. A biografia do meu avô nasceu no meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Eu não conheci meu avô. Eu pensei em fazer um plano de comunicação para a empresa da família e pensei em fazer um livro reportagem-biográfica. Como eu estava no último semestre, cansada, doida para me formar, eu pensei em fazer um plano de comunicação porque seria mais rápido, aí a professora falou: ‘de forma nenhuma. Você vai fazer a biografia do seu avô’. Partimos para o último semestre, e o livro, na verdade, foi feito em três meses porque os outros três meses foram só de entrevista. E nasceu disso, de uma laguna que existia em mim, ouvia as pessoas falarem de Smetak, eu cresci nisso.

Observatório – O livro é muito bom, tive a oportunidade de ler.

Jéssica Smetak – Eu estava verdinha, 21 anos de idade. Se você reparar, tem muita pesquisa. Eu quero fazer a segunda edição, eu tenho de correr atrás disso. Eu preciso urgente fazer a segunda edição para aperfeiçoar algumas coisas, corrigir outras. Eu fui para São Paulo, entrevistei algumas pessoas, telefone para caramba, quando não dava era Skype. Por exemplo, não tinha como falar com Gil viajando, aí ele mandou tudo escritinho. Então, tem a galera contemporânea toda do meu avô no livro, e aquilo me deu uma sensação de dever cumprido muito grande porque eu não dei prosseguimento do nome do meu avô na música. Alguns primos meus tocam, viajaram, estão morando fora, outros já voltaram, estão ensinando, mas eu como jornalista sentia que também tinha que dar minha contribuição para o Smetak continuar no mundo. As gerações estão passando, a galera que conheceu ele e é mais velha, daqui a pouco não está mais aí, então tem que perpetuar o negócio, e o livro perpetua. Aí eu escrevi o livro dele, quem publicou foi a Assembleia Legislativa da Bahia, teve o lançamento em 2013, no ano do centenário dele, porque eu avô nasceu em 1913. Esse livro ficou guardando um tempão e no ano do centenário ele saiu, eu falei: ‘oh, meu Deus, que coisa boa’.

Observatório – Por que jornalismo?

Jéssica Smetak – Não sei! Eu fiz jornalismo sem saber o que eu ia encontrar pela frente, por Deus.

Observatório – Você gostava de escrever?

Jéssica Smetak – Gosto. Odiava exatas, nunca gostei. Física, Química, eu passava empurrada. Pescava para caramba. Eu tinha um amigo que passava para mim Química, Física e Matemática, e eu passava Português, Inglês, História e Geografia para ele. Eu tinha pensando em fazer engenharia para ser igual a meu pai. Direito também não, eu até tentei fazer direito depois de formada e não deu liga. Eu fui fazer jornalismo, de fato, sem saber o que me esperava. Talvez o fato do meu pai ter sido um homem de televisão, embora tenha sido engenheiro, tenha pesado muito sobre isso porque eu recebia meu pai do trabalho em casa, eu ouvia ele contar como foi o dia, ouvia ele falar de tecnologia, de transmissor, de antena. Era muito minha vida, então, talvez, tenha sido por isso, mas de uma forma muito intuitiva. Minha mãe foi contra, meu pai foi contra. Eles queriam que eu fizesse medicina ou direito, aquela coisa da carreira, do dinheiro. Eu fui na contramão e disse: ‘meu pai, o senhor vai se orgulhar de mim. Não tenha dúvida’. Acabou que as coisas aconteceram e hoje em dia eu estou feliz. Não me chame para fazer outra coisa, porque reportagem eu amo demais, não queria largar de fazer.

Observatório – Você já fez uma reportagem, né? Você pede para ir às ruas?

Jéssica Smetak – Eu fiz uma e já quero fazer outra logo. Eu gosto de gente, não tem jeito. A gente entra na casa, abraça, pega, bate na mão, é muito gostoso.

Observatório – Você fala da sua vida e dessa nova fase com um brilho no olhar impressionante…

Jéssica Smetak – Um brilho no olhar encantador (risos). A Record, por ser um jornalismo que atende a parcela mais popular da sociedade é gostoso, eu estou mais perto ainda.

Observatório – Como você vê o povo atualmente? O Brasil?

Jéssica Smetak – Injustiçado. Porque é um povo que pede, pede, paga, paga e não tem. Eu comentei no jornal o reajuste da energia elétrica, cada vez mais a gente está deixando de comer uma comida gostosa, de ligar um ventilador dentro de casa, economizando energia, economizando num mercado para conseguir sobreviver. O povo não vive mais, as pessoas estão sobrevivendo, e olhe lá se estão conseguindo porque tem o desemprego. A saúde não funciona, todo dia a gente dá matéria a respeito disso. Uma coisa básica, uma ultrassonografia a grávida não tinha para fazer, dois meses esperando. Então, para mim, o povo é extremamente injustiçado.

Observatório – Estamos em um ano eleitoral. Qual a sua visão sobre esse tema?

Jéssica Smetak – Eu penso que as pessoas têm que colocar muito a cabeça no lugar. A gente já está vendo muito do que está acontecendo no país. O voto vai ser uma arma. Se todo mundo se retar e não votar em ninguém acontece o quê? Então, as pessoas têm que ter consciência do que o voto vale para não ir para a urna fazer brincadeira, como a gente vê votar em deputado porque é engraçado, porque é personagem, não é nem um cargo político. Tem pessoas engajadas sim, mas cabe a cada um ter o discernimento, olhar para o que quer para o país, olhar o que está acontecendo no país para não repetir os mesmos erros.

Observatório – Você é engajada politicamente?

Jéssica Smetak – Não é uma coisa que me encanta, mas eu acompanho. A gente está no mundo, a gente tem que saber o que está acontecendo no mundo que vivemos. Política também é tudo. Não só a política que está no Senado, é tudo. A política de lá que está refletindo no posto de saúde daqui, no esgoto que não funciona. A política é o imposto que a gente paga, porque o político instituiu aquela taxa para você pagar todo mês. Política é o mundo. Essa relação nossa aqui é política.

Observatório – Como você se define?

Jéssica Smetak – Eu sou maravilhosa! (risos) Eu adoro aprender, ouço demais. Eu sou uma boa ouvinte, me considero uma boa ouvinte, principalmente dos mais experientes. Seja o pai ou a mãe dentro de casa, seja o colega que tem mais tempo de casa. Eu me considero uma pessoa empolgada, que dispensa muita energia no que faz. Eu não consigo fazer uma coisa me arrastando. Se eu me dispus a fazer, eu faço com muita energia, bate medo, mas eu vou com medo mesmo. Assim foi com tudo em minha vida, assim foi quando eu comecei a ensinar inglês, assim foi quando eu fui para Amargosa, para a TVE e quando eu estou aqui. Então, todas as vezes bate (o medo), mas eu vou, porque o cavalo não passa selado duas vezes. Passou um monte, no meio do caminho você aprende como faz. Eu sou dessa pegada aí, isso vem muito da minha criação. Os meus pais sempre me orientaram e falavam: ‘ vá, vá! Lá você procura saber, mas vá. Se jogue! ’. Eu estou com 29 anos, eu estou na idade de ir.

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