No ar em Malhação como adolescente que usou drogas, Gabriel Contente avalia: “Falta de diálogo é o principal problema”

Publicado em 23/03/2018

Felipe Kavaco, personagem de Malhação interpretado pelo ator Gabriel Contente, 21, passou por poucas e boas na novela teen.

O adolescente testemunhou a separação dos pais, Melissa (Malu Mader) e Jairo (Daniel Dantas), se culpou pelo drama familiar e acabou descontando as emoções usando uma droga. Sem saber que era uma substância química tão perigosa, Kavaco inalava verniz para barcos. Amparado pelo colégio e pela professora Gabriela (Camila Morgado), que abre os olhos dos pais do jovem para o problema, Kavaco agora inicia uma fase de recuperação na trama.

Em entrevista ao Observatório da Televisão, o ator falou sobre o uso de drogas por adolescentes, sobre sua estreia como protagonista, sobre relações familiares e elege seus professores mais queridos.

Confira:

Você não iniciou sua caminhada como ator agora, mas é seu primeiro protagonista na TV. Como reagiu quando soube que estava escalado para Malhação? É uma grande responsabilidade, né?

É muito bom poder trabalhar com uma equipe profissional e que procura fazer arte na televisão. MaIs do que fazer Malhação, estou muito grato de estar nessa Malhação, com diretores que querem fazer um trabalho diferente, profundo, que valorizam o trabalho do ator, uma equipe que nos ensina muito todo dia, como os câmeras, por exemplo. Fora que tenho amigos artistas que respeito muito no elenco, que conheço do teatro. Me sinto confortável e feliz de trabalhar com essa galera.

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Você passou por muitos dilemas na sua adolescência? Quais?

Quando somos adolescentes temos várias questões com o corpo, o psicológico. Eu, apesar de várias vezes me sentir sozinho na adolescência, hoje vejo que era coisa da minha cabeça, afinal sempre tive muito amor dos meus pais, dos amigos e sempre tive uma vida de muito afeto.

Você se vê no Kavaco, em algum nível?

O Kavaco é parecido comigo quando eu tinha meus 15, 16 anos. Ele é engraçado, às vezes meio bobo, é filho único, se importa com as pessoas, um pouco inseguro, muito sensível. Foi um trabalho de volta no tempo, muito gostoso!

Dizem que as redes sociais, muitas vezes, estimulam as pessoas a acharem que a vida dos outros é sempre perfeita e melhor do que a delas. Você concorda? Acha que os adolescentes precisam se conscientizar mais sobre o uso das redes sociais, para não pirarem com isso?

Sim, acho as redes sociais bem perigosas. É necessário tomar muito cuidado para não ser sugado para o mundo virtual. A vida de ninguém é melhor do que a sua, pelo simples fato dela ser sua. Não devemos nos comparar com os outros e sim dar valor a tudo de bom que temos, reconhecer as coisas positivas.

Acredito que energia positiva, atraia energia positiva. Devemos evitar viver em função das aparências e buscar viver em função na natureza, da espiritualidade, da presença, do amor.

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Gabriela é uma professora extremamente parceira dos alunos. Você já teve alguma professora assim?

Esse é o tipo de professor que eu acredito. Que não está ali apenas para transmitir conhecimento para o aluno, mas se importa com o ser humano que está ali. Nos dois colégios que estudei tive professores excelentes que me formaram não para um Enem, mas para a vida. Tive um professor de matemática no Pedro II, chamado Fábio. Ele visivelmente se preocupava com os alunos a ponto de às vezes ficar na sala com algum aluno depois do expediente. Na Dínamis tive uma professora de Literatura, Sandra, que sempre me estimulou muito a escrever e sabia se eu estava mal e vinha conversar. O professor não pode chegar em sala e encher um quadro ignorando o conhecimento já existente no aluno. Deve estimular a curiosidade por saber que ele já tem, mostrando como aprender é fascinante.

O que você acha que pode levar um adolescente a buscar as drogas, como fez o Kavaco?

Meus pais sempre foram meus amigos, sempre conversaram sobre tudo comigo. A falta de diálogo em casa é o principal problema de uma criança e um adolescente. Nessa fase é normal querer experimentar. Os pais não devem proibir nada, nem ignorar a existência das drogas. Acho que devem conversar com os filhos sobre as coisas boas que a droga pode trazer e as ruins. Os efeitos colaterais, citar casos de pessoas que se perderam e ao mesmo tempo ouvir o filho. Se isso acontece a chance da pessoa usar drogas diminui bastante e se ela usar, os pais serão os primeiros a saber.

A adolescência é um período da vida recheado de intensidade, emoções e conflitos… É um período difícil, mas muito bacana também. Quais lembranças você tem da sua época de colégio?

Eu tenho mais lembranças felizes! Lembro do meu primeiro beijo. Nossa, foi incrível. Foi com uma menina linda em um hotel fazenda. Beijo digno de cinema, com lua, céu estrelado, natureza em volta. Lembro também da minha primeira vez, mas essa vou deixar pra depois [risos].

O Kavaco nem sempre tem uma relação muito bacana com os pais… E você? Como é sua relação com a família?

Minha relação com minha família é de muito amor e conversa! Excelente!

Como o público está reagindo nas ruas? Já dá para sentir a repercussão do personagem?

Já sim! Há uma galera querendo saber do Kavaco, o que ele está usando, o que está acontecendo. De vez em quando me param na rua dizendo que pareço o menino da Malhação, aí descobrem que realmente sou eu. Acho que as pessoas estão se envolvendo com a história.

Como é contracenar com veteranos como Malu Mader, Daniel Dantas e Camila Morgado?

Contracenar com Camila é um presente. Ela é muito generosa e uma grande atriz! Discute cenas comigo, troca muito em cena, é incrível. Daniel e Malu são tão incríveis e generosos quanto. Criamos uma relação bonita e forte de pais e filho. Estar em cena com artistas que pensam o ator da forma que eles pensam é bom demais.

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