Maurício Destri fala sobre figurino de seu papel em Orgulho e Paixão: “A cada personagem eu faço um anel e para esse fiz também”

Publicado em 23/03/2018

Considerado um dos galãs jovens da Globo, Mauricio Destri terá outro personagem importante na sua carreira. Ele será Camilo de Orgulho e Paixão, nova novela das 18h, que estreia nesta terça-feira (20). Na trama, as pessoas o verão como o filho da Rainha do Café, Julieta, papel de Gabriela Duarte.

Em entrevista ao Observatório da Televisão, o ator explica como se preparou para o personagem e as expectativas para a trama. Além disso, ele fala sobre como lida com as críticas da imprensa e sua paixão pelo mato. Confira a conversa completa, abaixo.

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Como é que está sendo para você o figurino, você gosta de época?

Eu gosto de época e eu tenho um carinho muito grande pelo Reinaldo que já tinha feito também Os Dias Eram Assim. E é muito bom, o figurino constrói o personagem e é muito bom você se vestir e o personagem começa a existir, tomar forma e nasce mesmo. O figurino é bem importante nesse processo criativo. Eu sou muito ligado, eu brigo pelo figurino e pelos acessórios. Tenho uma coisa com os anéis também, a cada personagem eu faço um anel e para esse fiz também, na verdade o joalheiro, eu sento lá com ele e tento sempre chegar num consenso. Fiz um anel legal para colocar no dedo mindinho e aí colocou uma pedra verde, por conta dessa relação de Ouro Verde e o cafezal. É isso, carinho e respeito com o figurino.

A cidade cenográfica é muito linda, muito perfeita e vocês atores se identificam quando chegam no cenário?

Eu gravei poucas cenas ainda na cidade cenográfica, eu gravei mais estúdio e externa. É importante, é quase como o figurino, você precisa de um ambiente, o lugar onde esse personagem vive, você acaba criando uma intimidade com o cenário, com as coisas… Quanto mais você está presente no cenário, mais ele vai te dando coisas, você vai achando uma maneira de andar, onde encostar, você vai tomando aquilo para você. Igual a nossa casa, a gente sabe o jeito de abrir a porta quando a maçaneta está errada, o tapete que embola e tem essas coisas né?! E é a mesma coisa com o cenário, você vai trazendo ele para você e ele vai se tornando palpável, se tornando verdadeiro e bem familiar.

O que se parece o Camilo, com você?

Eu acho que todos os meus personagens têm um pouco de mim e eu acredito que é uma troca, eu dou um pouquinho para ele e ele dá um pouquinho para mim. Eu aprendo muito com meus personagens, tenho essa relação direta né, sinto que os personagens que aparecem para eu fazer tem essa coisa de evolução espiritual, sabe? Parece que eles sempre me dão uma coisa que eu preciso aprender, que eu preciso viver. E o Camilo é esse personagem, que de novo faz eu revisitar um lugar que eu já frequentei na primeira novela e agora um pouco mais consciente, mais resistente, estou me sentindo mais pé no chão. Tem coisas que quando você começa e você quer acertar, né?! Fazer certo, mostrar ao diretor que você sabe, mas conforme a frequência de trabalho você vai relaxando, a coisa vai ficando mais gostosa.

Quando você assiste o clipe da novela, muda alguma coisa? Qual a reação de vocês?

A gente conversa. É importante você ver o que você está fazendo, porque a televisão tem essa agilidade, parece que quanto mais presente você está, mais interessante fica. E você em determinado momento, com o excesso de cenas, quase entra no automático, você faz meio que um trabalho quase inconsciente, de realmente você abrir espaço para que esse cara vá criando espaço, tomando vidas.

E a expectativa para a estreia, como está?

Estou Ansioso, eu quero ver como que as pessoas vão reagir, é um trabalho novo então você acaba criando uma expectativa de como está ficando isso, de como vai ser a relação com o público. E a novela tem essa coisa de dia após dia você ir tendo um feedback.

Em I Love Paraisópolis tinha uma trilha sonora maravilhosa, como é essa curtição? Porque a música tocou direto e em todo lugar.

É, tem essa coisa, às vezes a música pega por ser chiclete e você escuta e cada vez parece que vai ficando melhor. Tem artistas que eu escuto e falo “não curti”, e aí eu escuto de novo e acabo me apaixonando por uma música que de imediato eu não esperava. Você vai tendo mais calma para entender o que o cara está tentando dizer ali, enfim… Eu tenho uma relação muito grande com a música. Minha primeira namorada era compositora e cantora, acordava já tocando piano e então tinha uma relação muito boa com a música. A música é potente, como ela invade você. Eu tenho uma coisa com música e perfume, eu sinto que a música ela marca algum momento assim da vida. Em Os Dias Eram Assim também, havia uma música do Ney Mato Grosso, você escuta e parece que tem um filme passando na sua cabeça e era tema do meu personagem que era um perfumista que fazia adaptações das músicas e os perfumes. Eu tive um contato bem profundo, aprofundei a minha voz, entendi mais essa potência, essa caixa vocal que eu achava que não tinha. Jamais pensei que eu poderia cantar, mas a música está presente.

Você fez grandes trabalhos, é jovem, mas já fez grandes trabalhos.

Eu acho que vem nessa crescente, as possibilidades vão aparecendo a cada dia, e os personagens vem nessa linha de transformação e dá a possibilidade de sair desse padrão que a gente acaba sendo encaixotado num determinado perfil de personagem e eu sinto que graças a Deus os personagens têm feito bastante diferença, de novo estou podendo voltar a uma coisa que eu já fiz, já tive a oportunidade de brincar com isso, vim de um personagem totalmente diferente. Acho que a grande graça do nosso trabalho é isso, a cada trabalho você poder se reinventar e fazer uma coisa nova. E os espaços vão se abrindo e você fala “caramba, eu consegui fazer, eu posso fazer”, as pessoas vão se identificando e você fala “caramba, tá dando certo e as pessoas estão acreditando que é possível”. É extremamente legal isso, fico super feliz das possibilidades de sair da zona de conforto, de voltar para um lugar que é próximo de mim, fazer personagens mais malucos, com mais profundidade, dialéticos, com várias camadas. Não que o Camilo seja um personagem raso, pelo contrário, é um personagem muito profundo, ele é maleável, eu não consigo definir exatamente esse cara, porque eu ainda estou conhecendo ele.

Vocês já estão praticamente no vigésimo capítulo, o que você já sentiu até agora dele?

Eu acho que agora está chegando. Eu estou realmente me sentindo vivenciando esse cara, mas eu penei um pouco no início, até entender porque foi muito potente o último trabalho e eu me entreguei a viver aquele cara e aí já logo em seguida fui chamado para esse, ainda restava coisas do outro e de alguma forma eu consegui usar isso que ficou para que esse personagem nascesse de uma outra forma.

É difícil se desligar de algum personagem quando acaba a novela?

Eu nunca tinha passado pela sensação que passei no último trabalho. Eu fiquei dois meses parado, viajei, fui para Londres, como a história é uma literatura inglesa de Jane Austen, eu fui até lá tentar entender um pouco, tentar de alguma forma trazer a temperatura deles e me enfiei lá em Londres.

O que você acha que mudou do Maurício, que fez muito sucesso em I Love Paraisópolis e depois Os Dias Eram Assim, para o Maurício de agora que está entrando de cabeça nesse universo do Camilo?

Como eu falei, eu tenho essa relação com os meus personagens que parece que eles vão me dando mais consciência, eu vou aprendendo com eles e eu sinto que os espaços dentro de mim vão se abrindo, são novos registros, novo tom de voz, a sensação é de que vai abrindo espaço mesmo. Por exemplo essa coisa do Leon dele cantar, eu passava duas horas no chão esticado, abrindo voz, eu saia de lá e parecia que eu tinha feito uma sessão de terapia, porque você mexe com um músculo dentro de você, a sua respiração né, totalmente ligado a meditação e essa coisa. Tinha momento que eu tinha crises de riso ou chorava porque vai num lugar tão fora do que você vive diariamente, tinha momentos que eu me impressionava como mesmo e falava “caramba, como eu cheguei nessa voz? Porque não é minha”. E é muito interessante isso, porque parece que a cada personagem é uma coisa nova e tem o Maurício, mas eu vou me deixando contaminar pelos personagens que vão aparecendo e vou aprendendo com eles, então quando vejo que é mais interessante a postura do cara, eu acabo meio que adotando para mim, eu mudo meu jeito de falar, meu jeito de olhar, se eu vejo que está meio chato eu acabo pegando emprestado e funciona. A cada trabalho, a cada entrevista, tudo é feito diferente, tem perguntas novas e enfim… Então rola essa identificação de evolução. Me sinto cada vez mais potente, mais terra, mais seguro.

Você comentou que está voltando para o seu lugar, fazer mocinho e tudo mais. Fazer mocinho na dramaturgia também é bem complicado?

É bem especial, é um trabalho que exige muito porque a chance de ele ficar chato é muito grande, mas enfim, é um cara comum, um cara que está dentro de padrões certo errado, bem e mal. Então muitas vezes você acaba caindo num lugar de pouca identificação e as pessoas se identificam com o que não é tão bom. Tem essa dialética, a gente por mais bom que seja, tem o lado ruim também. Mas é isso, é a dor e a delícia de viver tanto o vilão como o mocinho, tem a sua contrariedade. Não tenho problema em fazer mocinho não, o Caminho é um mocinho, está dentro desse estereotipo, desse arquétipo, mas está na linha do herói clássico. Enfim, tem hora que parece que você faz trabalhos tão transgressores que você não quer mais voltar a fazer aquilo. Mas é interessante, chega em um determinado momento que isso explode. O Camilo tem essa linha de transformação, uma hora ele vai romper, de tanto ficar cedendo, ele não quer fazer porque ele tem uma mãe, tem um cara mais velho que é o Darcy, então ele fica meio que se submetendo a esse tipo de coisas, com paciência, mas chega uma hora que ele vai meter o pé na parede e vai falar “chega, acabou essa palhaçada, vou viver a minha vida, viver as coisas que eu acredito e vou ser feliz.”

Você tem cara de ser bonzinho, de ser mocinho. Quando é que o Maurício mete o pé na parede e fala “vamos dar uma…”.

Mete o pé na parede quando a coisa começa não ter verdade sabe? Quando a coisa é falsa. Ou quando me agride, quando mente, quando bate, quando é físico, quando vai para a agressão. Acho que a mentira para mim é um ponto principal, sempre tive fobia a mentira, sou um cara que sempre cobrou a verdade tanto dos meus amigos como da minha família, principalmente da minha família. Acho que quando você tem a verdade, pode cair o mundo, mas você tem a verdade. Então eu dou uma chutada na mentira, essa prepotência do cara achar que vai conseguir alguma coisa, saindo pela tangente e não é bem assim.

Maurício você fez Cordel Encantando, foi apresentado ao grande público lá, fez Paraisópolis. Até o momento de Paraisópolis você foi muito criticado, depois a galera começou a te elogiar e tudo mais. Essas críticas são como uma porra, isso te fortaleceu?

Fortaleceu, fortaleceu muito. Eu até então mais novo, não tinha tanta experiência e me deixava chateado. Eu sempre acreditei muito, fui um cara que saiu muito cedo de casa, sempre fiz tudo sozinho, então sempre acreditei nessa força maior, parece que alguém que está me guiando até quando eu saio, parece que vem alguma coisa e me coloca no eixo. Realmente, Paraisópolis foi um momento que marcou uma mudança em mim, até pelo fato de o personagem ter aquele excesso de coisas, ter a possibilidade de você mostrar a cada capítulo coisas diferentes, mas eu sinto que não foi uma mudança de trabalho, foi uma mudança de consciência. A vida me deu aquele momento para passar por situações, onde eu possa enxergar além daquilo. E eu sinto que minha carreira tomou uma proporção legal quando eu fiz o Ciro em A Lei do Amor, ali eu desabrochei, ali eu entendi coisas que eu não havia entendido em Paraisópolis. Falavam “você está dentro de um quadrado e você precisa moldar e preencher esse quadrado”, e aquilo não entrava na minha cabeça. Em a lei do amor eu saquei, a liberdade que a produção me dava, era um personagem que vivia muito pelos cantos da coxia. Então eu passei a perceber muito, a escutar muito, a ter um pensamento mais rápido de texto a objetivar mais as coisas.

Isso de uma certa forma te blindou em relação a imprensa, porque a imprensa te “bateu” bastante. Hoje você é um novo Destri?

Eu continuo sendo o mesmo cara ainda, minha essência está toda aqui. Vim de uma cidade pequena, criado na roça pela minha mãe, meus avós, enfim… é doído isso até hoje. Agora chateia porque tem coisas que não são reais, e volta aquela questão para mim, a mentira para mim é uma coisa muito chata e tem tanta coisa interessante para ser falada né? Acho que quando esse espaço para falar, porque não ser sobre coisas interessantes?! Parece que a gente é encurralado sempre num lugar, parece que a gente é pressionado a falar certos tipos de coisas, para que aquilo vire algo, e muitas vezes eu não quero ser encurralado. Eu quero que as coisas aconteçam naturalmente para tirar o meu melhor, quando você é encurralado e enfiado ali naquela coisa, fica meio chato, eu me sinto invadido. Teve um determinado momento que eu queria não falar e eu acho que eu sou novo ainda para falar alguma coisa, quem sou eu? Estou crescendo, cada personagem eu vivo uma experiência nova, então eu espero que essa linha siga, para que cada vez eu tenha a oportunidade de falar coisas mais interessantes e não ficar em coisas rasas e nós atores somos portadores dessa voz e temos esse meio de comunicação, de alguma forma nos tornamos pessoas de referência e essa é a graça, eu tenho me sentido cada vez mais… principalmente nos últimos trabalhos ou então o clipe do Jhony  que deu essa possibilidade de questionar coisas que são extremamente importantes hoje. E eu me sinto feliz de estar nesse lugar, de fazer as pessoas levantarem esse questionamento, te poderem se identificar.

Você é uma pessoa espiritualista ou tem uma religião?

Minha família é toda kardecista e eu sempre fui muito atrás dessa conexão, dessa força da natureza. Eu sempre dou uma fugida, sabe? Me enfiar no meio do mato, ir para o alto de alguma coisa, eu sou daqueles de abraçar as arvores, para ter uma conexão ou coisa assim. Eu sempre fui muito atrás disso, curandeiro. Quando acabou Paraisópolis eu pensei “eu preciso de amor”, eu fui para vários lugares do Brasil que eu queria conhecer e em cada um deles eu ia procurando um curandeiro, e aí muitas vezes eu ficava com eles. Era uma forma de aprender, de buscar conhecimento, de tentar me entender e me conectar, as pessoas são muito sensíveis né? Vem com muito pouco e vem de uma maneira tão impressionante. Eu conheci um curandeiro em Tocantins que ele fazia uma compressa de água na mão, amassava umas folhas, sete horas da manhã e aí as pessoas que encontravam com ele, ele dava para essas pessoas, mas enfim… E aí ele soprava isso no ar sete horas da manhã e à noite ele fazia isso novamente, e ele continua fazendo isso. Um cara negro, xucro, com um facão, chão de barro e casa de pau apique, não tinham acesso a nada, foi o Lula que fez essa estrada, passa um ônibus para levar as crianças para a escola e voltar, ele não sai dali de onde ele vive, difícil acesso, a gente andou 700km de carro para achar esse cara e é isso acredito que o menos é sempre mais. Vou de encontro sempre com isso.

Nessas suas andanças, o que trouxe para você?

Experiência, experiência emocional. Me sinto mais calmo, mais confiante, mais seguro, mais atento, me abdiquei de algumas coisas, você acaba dando valor para mais coisas. Enfim, essa coisa materialista às vezes a gente acaba se perdendo nisso, consumismo e eu passei por um processo que eu estava acumulando muitas coisas e chegou um momento que tudo desapareceu e eu pensei “caramba, do que vale tudo essas coisas? O que a gente está fazendo aqui?”. Então cada vez me apegando a isso, a esse autoconhecimento de realmente olhar para dentro e me entender cada vez mais.

Você está famoso, sua vida mudou e eu queria saber como é que foi para você e para a sua família quando eles viram a primeira matéria sua na TV, nas revistas, nos jornais. Como é que rola a família como fã?

Olha a que é mais fã minha é minha avó. Minha avó chora, ela se emociona vendo, ela guarda os jornais que ela consegue comprar, ela falou que antes de ela morrer ela vai fazer um livro com aquelas coisas. Coisas de vó, né? E é gostoso sentir isso, essa sensação principalmente na família, acho que se fosse outro você já pensa que é loucura “nossa, mas porque está perdendo tempo pegando tanta coisa minha?”, mas como é vó você fala “nossa realmente é um carinho, um carinho gostoso”. Minha mãe também, mas minha mãe não é tanto assim não, ela fala que ela acredita “eu acredito em você”, mas ela não acompanha muito não, ela tá de boa mas não muito ligada, não é tão fã quanto a minha avó. Minha avó chega qualquer pessoa e ela vai lá e fala “sou avó do Maurício, o ator”, mas é gostoso… Meu avô também, ele me liga e fala “nossa você não tem noção o quanto de gente aqui perto de casa, falando que te viu e que quer te ver”, às vezes eu falo que vou lá e não consigo ir e aí fica todo mundo esperando, né?!

E os seus vizinhos?

Na verdade agora eu estou sem casa e acabei ajudando minha mãe agora com uma casa para ela e eu estou meio na vida, a cada produção eu vou para um apartamento novo, um lugar novo, um flat novo, então eu acabo não tendo muito essa relação com meus vizinhos. Em São José que a casa da minha mãe é fixa, eu quase não vou para lá e quando eu vejo raramente um vizinho, muitas vezes também não me reconhece, às vezes não assiste ou te vê e você já mudou para outro personagem e não te reconhecem por isso.

Tem alguém que sempre pensou muito no seu sucesso e desencarnou nesse processo?

Não, a minha mãe e meu avó falam hoje que quando eu era criança eu ficava falando que eu queria fazer televisão, mas eu não lembro disso, eu lembro de um determinado momento da minha vida que eu queria ser cardiologista. Eu queria entrar na minha e ser cardiologista para salvar vidas.

Maurício Destri, o que você acha que você faz gostoso?

O que eu faço gostoso? Eu faço comida gostosa nas horas vagas. Eu tenho essa relação com a comida, sabe? O cheiro, de cortar as coisas, de ir na feira. Eu faço bem, gosto de comprar os alimentos frescos, orgânicos e agora estamos nessa moda do orgânico, então eu faço gostoso comida.

* Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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