Premiado como melhor ator coadjuvante, Emilio Dantas diz: “Não esperava que meu papel tomasse essa proporção”

Publicado em 11/12/2017

Emilio Dantas foi premiado como melhor ator coadjuvante de 2017 no Troféu Domingão – Melhores do Ano neste domingo (10). Reconhecido por seu personagem Rubinho na novela A Força do Querer, o ator contou que não esperava tamanho sucesso, e falou em bate papo sobre seu novo trabalho no cinema, o filme O Paciente, previsto para estrear em 2018, ano em que ele poderá ser visto novamente na televisão como o protagonista de De Volta Para Casa, próxima novela de João Emanuel Carneiro:

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Como foi para você ganhar esse troféu? 

Eu não estava esperando ser indicado, nem que o meu papel tomasse essa proporção. Eu esperava só que fosse um trabalho incrível, porque era uma equipe que eu tinha certeza que eu seria feliz trabalhando junto. Todo esse reconhecimento está sendo uma felicidade imensa.

É o anti-mocinho. Tinha tudo para ser odiado, mas as pessoas até gostaram dele, né? 

Não sei, o mundo está maluco. Encontrei com uma mãe que disse que fez a festa de 5 anos do filho com o tema do Rubinho. O bolo era uma metralhadora, e os docinhos eram granadas (risos). Só não me assusto tanto porque ainda não sou pai, mas existe uma retomada da ficção como ficção. A novela cumpriu o papel de entretenimento e reflexão num momento conturbado como o que vivemos.

No início houve uma crítica ao personagem, e houve aquela virada dele. Agora você ganhou até um prêmio por interpretar este homem. Qual o balanço você faz disso?

Crítica é uma coisa complicada. É impossível colocar ali em duas frases a opinião sobre um trabalho que demanda tanto tempo e tanta gente. Aquilo não é uma crítica real, e sim, de entretenimento para você pegar o ônibus de manhã, abrir o jornal e ler o horóscopo, ler que fulano ganhou zero e outro ganhou dez. Não faz muita diferença, porque sempre procuro trabalhar com alegria e ser fiel ao que está sendo proposto.

Você renovou contrato com a casa, e agora fará um grande personagem na próxima novela das 21h. Você esperava tudo isso?

Não! Eu esperava só trabalhar, que era o que eu rezava para acontecer.

Como está sendo a preparação? Vimos que você foi para Salvador recentemente…

Eu ainda não estou fazendo preparação. Fui para Salvador, mas para gravar com a Angélica, e gravar o Estrelas, junto como Olodum. Minha atenção está voltada para o filme que estou filmando chamado O Paciente, de Sérgio Rezende, que estreia ano que vem. É um filme bem interessante que fala sobre os últimos dias do Tancredo Neves. O Sérgio é um diretor incrível. Uma vez perguntei a ele como ele pensava nos filmes dele, e ele disse que sempre pensava: “Daqui a dois anos vão estar falando do quê?”, e tivemos esse assunto há 1 ano. Fico perplexo como ele tem essa visão do Brasil, e para onde as coisas estão indo. É uma parte de nossa história, sobre muito do que já passamos e o perigo do que podemos passar ainda.

Já está conversando com a produção da próxima trama das 21h?

Não conversei com a galera ainda. Tenho umas coisas na cabeça.

Não pode falar?

Poder a gente pode. Mas vocês já ganham tantos spoilers por aí (risos). Estou tentando juntar o geralzão da Bahia e entender quem é esse personagem.

Você tirou férias?

Tirei uma semana só.

Além do público, você dedica este prêmio a quem?

À minha avó! O lado da família da minha mãe é um lado mais artístico, e minha avó era aquela velhinha que cantava e tocava piano. Ela já evoluiu, mas quando ela estava no finalzinho com seus 90 e poucos e ela dizia: “Você já foi no Faustão?”, e eu dizia: “Não”, e ela respondia: “Você tem que ir lá porque ele é pé quente. As coisas vão acontecer quando você for lá, seu idiota”, e vim, e dediquei à ela, porque ela merecia ver isso, né?

Você acredita que o sucesso do seu personagem se deva às nuances tão humanas que você colocou nele?

A nuance humana na verdade vem de uma questão tecnológica. As TV’s estão maiores, a gente consegue colocar mais detalhes na nossa interpretação que não é mais tão novelística, e a própria casa busca isso nas novas obras. Do personagem é um conjunto, e a gente conta com muita coisa, às vezes até sorte. A Gloria, além de fazer uma excelente obra, deu a sorte dos assuntos conectarem com o que estava acontecendo no momento. No dia que o Rubinho estava fugindo pelo mato, foi o dia que a polícia estava atrás do Rogério 157, no dia que a Bibi nadou no dinheiro, foi o dia que pegaram os milhões do Geddel, então, foi uma sincronicidade com os acontecimentos atuais que ajudou.

Qual a mensagem você deixa para o público para 2018?

Cara, segurem o rojão e vamos tentar ser felizes (risos).

Você é um ator multifacetado, que pinta. Como você está conseguindo tempo para pintar?

Não estou (risos). Estou filmando direto e não estou conseguindo pintar.

Qual a importância do Rogério Gomes para você? Você havia feito Além do Tempo, dirigida por ele anteriormente, e depois A Força do Querer

O Papa é importante porque é excelente diretor de escalação, as principais decisões dele estão antes do set. É um cara que sabe delegar função, e sabe confiar nas pessoas para quem ele delegou, tem um bom gosto incrível, e é uma ótima pessoa.

A Juliana Paes contou que ia nas comunidades, e as pessoas falavam da Bibi de uma forma, ia em outros bairros e falavam de outra forma. Como era com você?

Igualzinho! Eu chegava na favela Tavares Bastos, e as pessoa perguntavam do Rubinho, eu falava que ele estava preso, e as pessoas falavam: “Vai ganhar dinheiro honesto, vende cigarro, vende minuto de celular, faz que nem meu cunhado”, é uma realidade deles.

Você acabou ganhando rótulo de galã. Isso te incomoda?

A mim não incomoda, vai ficar incomodado com isso é quem está acreditando nessa coisa de galã. Acho que o galã é o cara que tem que ter um comprometimento com o físico, com a postura dele, coisa que eu sou muito relapso para cumprir.

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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