De volta às novelas, Tainá Muller fala sobre sua personagem em O Outro Lado do Paraíso

Publicado em 01/11/2017

Tainá Muller está de volta às novelas. A atriz que estava longe dos folhetins desde o fim de Babilônia (2015), dará vida à dermatologista Aura Rocha na segunda fase de O Outro Lado do Paraíso. Durante a festa de lançamento da trama de Walcyr Carrasco, ela conversou com o Observatório da Televisão, tentou manter segredo sobre a personagem, mas acabou revelando alguns detalhes, além de opinar sobre a força de uma novela protagonizada por mulheres, e com dramas especialmente femininos.

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É a primeira novela que você faz após o nascimento do seu filho. Como está sendo?

Sim. Fiz o Edifício Paraíso, série do GNT e agora venho com esse trabalho mais longo. Vou entrar na segunda fase da novela e não sei muita coisa, mas vou fazer a Aura que é uma dermatologista que tem um relacionamento bem conturbado com o Gael, depois que ele se separa da Clara.

Já voltou para pegar o drama?

Já voltei para pegar o drama, então vocês imaginam o que me espera. O Gael não é fácil.

Você vai fazer uma dermatologista, você já quis ser médica alguma vez na vida

Nunca quis, mas admiro muito o trabalho dos médicos, inclusive queria ter um na família para poder ligar. Para construir a personagem, estou em contato com a minha dermatologista, para ela me dar algumas dicas sobre a profissão.

Como está sendo voltar depois desse tempo afastada se dedicando exclusivamente ao filho?

É bom por um lado porque adoro meu trabalho, gosto de trabalhar, mas por outro lado agora meu coração bate fora do peito. Tem uma parte que é difícil, mas faz parte da vida. Quero que meu filho me admire por eu fazer aquilo o que eu gosto, e que possa se inspirar para achar o caminho profissional dele e fazer algo que goste. Lá em casa, todo mundo trabalha bastante, e espero que ele goste de trabalhar também.

Quando você sai para o trabalho, você se sente meio culpada em deixá-lo?

Não! Eu tento trabalhar essa culpa porque estou indo ganhar a vida, e quando estou com ele tento dar o máximo de atenção e qualidade a essa atenção. A gente cria pro mundo, e um dia quero que ele tenha autonomia de dizer: ‘Tchau mãe, estou fazendo as minhas coisas’. Acredito que o amor e liberdade andam juntos.

Você acha que você mudou muito depois de ser mãe?

Acho, e acho que mudei para melhor. A gente se obriga a rever várias coisas em nossa vida. Personalidade, criação, porque queremos passar o melhor pra eles, e pra fazer isso temos que evoluir. Estou nessa busca.

Ser mãe era o que você imaginava?

Muito mais. Pra mim é muito melhor, mais amor do que eu imaginava, mais desafiador e mais cansativo do que eu imaginava. É a melhor coisa da vida sem dúvida.

Você disse que sua personagem irá se envolver com o Gael. Ele bate nela assim como bate na Clara?

Pode ser que sim. Ele tem esse comportamento.

É um tema bem delicado, né?

É um tema que está sendo cada vez mais falado e que bom, porque precisamos debater muito. O Brasil é um dos campeões em violência contra a mulher e o Walcyr Carrasco está sendo genial em abordar isso no horário nobre, com essa coragem.

O Guizé disse que o Gael só é assim porque é fruto da criação que recebeu da Sophia. Você que agora é mãe, vai tentar afastar qualquer tipo de machismo da criação dele?

Com certeza absoluta. Vejo no meu filho uma pureza que tenho medo que ele perca por uma imposição do sistema. O machismo reprime não só as mulheres, mas os homens também e se fala pouco nisso, sobre o quanto os homens são aprisionados nesse modelo de masculinidade, que eles precisam provar com violência o tempo todo e não quero que meu filho faça parte disso. No que depender de mim, ele não será machista.

O que é ser mãe em sua opinião?

A mãe é um ser imperfeito como qualquer ser humano. Ser mãe é uma busca e estou buscando o melhor que posso. Pode ser que daqui alguns anos eu reveja, mas nesse momento busco o meu melhor para ele. Sempre sonhei ser mãe.

Você está tendo tempo para você mesma agora, que está gravando e cuidando do filho?

A gente arruma tempo, tento manter a saúde, malhar. Damos um jeito de nos desdobrar em mil.

E o visual da personagem como é?

Ela é meio agrogirl, mas é diferente de tudo o que eu já fiz.

E as cobranças em relação ao corpo?

Eu acho que a gente tem que relaxar um pouco mais em relação a isso. Todo mundo quer se sentir bonita, eu também sou vaidosa, mas acho que essa polícia em cima não é legal. Eu fico sempre pensando naquela coisa: ‘grávida tem que ser fitness’. Perguntam: ‘Quantos quilos você engordou na gravidez?’, mas tem mulher que engordou 30 e perdeu 30, tem mulher que perdeu 10 e ganhou 20 na amamentação, varia muito, então não tem uma forma. Acho importante discutir isso, até porque essa novela fala muito sobre o universo feminino e o quanto temos que debater. A gente tem que pensar: ‘Porque será que eu como jornalista tenho que perguntar do peito da atriz depois de amamentar?’. É isso!

Tem mães que já querem emendar, e ter dois filhos porque dizem que para criar é mais fácil. Você também pensa em ter outro?

Não penso em ter logo outro, nem sei se terei outro. Talvez o Martin seja filho único. Estou sendo tão intensa na minha maternidade, que não consigo pensar em ter outro filho.

Você falou das questões femininas que precisam ser debatidas. O que você acha que está mais inflamado e tem a necessidade de discussão?

Acho que o feminismo dá conta de diversas questões apesar que temos que discutir essa palavra, porque existe preconceito até contra a palavra feminismo. Ele por si dá conta de tratar sobre a exigência da beleza, até a violência doméstica, e eu acho que essa novela, Walcyr foi muito inteligente na forma como está abordando essas questões. A personagem da Juliana Caldas, discute a questão dos padrões estéticos, assim como a personagem da Grazi, minha personagem.

O Walcyr Carrasco e o Mauro Mendonça Filho (diretor artístico da novela) falaram que queriam que O Outro Lado do Paraíso fosse um tributo às mulheres…

Eu acho que ele está dando conta de várias questões femininas, onde as mulheres em diversos papéis cumprem protagonismo em questões muitas vezes não abordadas em novelas.

De todos os problemas como relacionamento abusivo entre outros que as personagens da trama vão passar, você já vivenciou algum deles?

Eu acho que a questão da rejeição enfrentada pela Estela, personagem da Juliana Caldas, é algo que não temos nem ideia do que é, e acho muito importante ser debatido, mas nunca enfrentei nada desse tipo, e nenhum relacionamento abusivo também. Na verdade, eu nunca aceitaria. Acho que eu não deixaria chegar no ponto que chegou na novela.

*Entrevista feito pelo jornalista André Romano

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