Nívea Maria explica sua personagem em Tempo de Amar: “Representa o amor da mulher madura por ela mesma”

Publicado em 03/09/2017

Nívea Maria estará na próxima novela das 18h, Tempo de Amar. A atriz dará vida a Henriqueta, uma doceira que protege seus sobrinhos com unhas e dentes, e dedicou toda sua vida ao amor pela família. A atriz conversou com o Observatório da Televisão e falou sobre a experiência de voltar a atuar numa novela no horário. Confira:

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Como é a sua personagem em Tempo de Amar?

Eu acho que ela é a figura simbólica e emblemática do amor. A Henriqueta é uma doceira que representa o amor da mulher madura por ela mesma, pelo trabalho, e pela família. Uma mulher que aconchega a quem chega perto dela. Não que ela seja uma santa, mas ela tem uma firmeza, experiência, e dignidade muito grandes, recebe a todos de braços abertos. É um pouco rabugenta às vezes como todos somos, mas ela reflete dentro da novela o que é o tempo de amar, justamente porque ama o tempo todo.

Ela é uma doceira que ajuda a família financeiramente?

A Henriqueta não tem dinheiro para se sustentar, mas ela faz com amor aqueles doces, então acredito que se você fizer um arroz do mais simples que seja, se fizer com tranquilidade e prazer, ele vai ser melhor que um prato requintado.

Como é fazer novela de época de novo?

Eu adoro. Sou uma pessoa de época (risos). Abri esse horário das 18h com época em 1970, e até hoje as pessoas gostam quando vou fazer uma novela de época. Ainda me chamam de Moreninha, hoje estou mais para avó da Moreninha. Com a dramaturgia de época, conseguimos levar para as pessoas os mesmos temas que vivemos atualmente como violência, falta de educação, ambição, mas de forma menos agressiva. A história de época é trabalhada de forma mais suave para o público.

Você faz doces assim como sua personagem?

Não. Gosto de fazer salgados, e sou boa cozinheira, tanto que tenho um restaurante há 12 anos. Sempre que eu pensava em fazer as pessoas felizes eu pensava em fazer novelas e oferecer um prato gostoso de comida.

Como é para você o amor na maturidade?

A Henriqueta ainda não posso falar nada porque não sei bem a história pregressa dela, mas ela vive o amor de uma forma diferente, o amor da família e da agregação. Amor existe sempre na juventude e na maturidade, não tem como explicar.

Nívea Maria
Henrique (Nívea Maria) de Tempo de Amar (Divulgação/ TV Globo)

Mas você acredita que a busca pela paixão muda?

Você transfere a paixão. Conheço pessoas que se reencontraram com seus amores de infância, e se apaixonaram novamente, viram borboletas no estômago. No meu caso aconteceu depois de ficar sozinha, como estava há quase 20 anos sozinha, mas não é mais uma paixão para viver a dois. Outro dia brincaram comigo “e o sexo?”, porque as pessoas acham que o sexo não existe aos 70 anos, existe sim porque a libido não morre, mas nem por isso você precisa ter um companheiro, sexo dá para se fazer até sozinho.

E você acredita que as pessoas devem buscar esse amor perdido?

Por isso essa novela vem para motivar isso. Tempo de amar, tempo de doar, de ter prazer na vida, o mínimo que seja. Esse elogio que vocês fazem de eu estar com 70 anos e estar muito bem vem daí. Eu tomo medicamento como todo mundo para colesterol, açúcar, e também tenho meus problemas de saúde, mas olhar para os filhos, netos, e receber tanto carinho de vocês faz a gente esquecer isso. Às vezes as pessoas vêm e pedem um abraço. Gente, o que custa dar um abraço?

O que você diria para as mulheres que têm insegurança com o próprio corpo?

Eu já tive insegurança, porque uma outra pessoa criticou meu corpo dizendo que eu estava acima do meu peso. Eu já sofri desde a adolescência porque eu tinha buço, mandavam eu tirar a bermuda, porque eu fazia depilação só até o joelho, e do joelho para cima eu tinha pelos, e as pessoas diziam que estava de bermuda. Então, para as mulheres que se sentem inseguras, eu digo, que não se sintam diminuídas por isso, caminhem para a frente, porque se fechar como um caramujo não vai resolver. Quando alguém olha para você, a pessoa olha para os seus olhos e não para as suas medidas, e caso olhem para suas medidas, paciência, diga “sou feliz assim”.

Você acha que a internet colabora com esse tipo de insegurança?

Eu uso a internet muito para ajudar as pessoas, tanto que no meu Instagram eu só posto coisas principalmente de manhã quando acordo, de acordo com meu estado de espírito, e são na maioria das vezes coisas positivas para ir em frente. Nós pessoas públicas, podemos ajudar nessa maneira e não apenas citando o comportamento errado de alguém. Tivemos recentemente um colega nosso, ator, que teve um problema no Nordeste. Gente, foi um momento de fraqueza! Quem é que nunca tomou uns goles e ficou grogue? É muita maldade apontar o dedo para o outro, e as pessoas na internet têm feito isso.

Você acredita no amor?

Muito. Ainda hoje eu estava conversando sobre o que se fala sobre o casamento. Amor não precisa de um papel assinado, e sim de estender a mão para o outro. E o amor independe do gênero, é algo que temos que acreditar sempre. Sexo é outra coisa, não interessa para ninguém, nem como você faz, nem com quem, é coisa animal, já dizia Rita Lee naquela música. O que interessa é o amor.

Como está sua relação com seus netos?

Quando as pessoas elogiam minha aparência, acredito que com certeza foi a partir do nascimento dos meus netos, que eu dei uma revigorada e restabeleci minha energia. Você não consegue olhar para uma criança pura, inocente, e não a acompanhar. Você vira uma criança de novo. Pego a energia deles e respiro novamente. O arroz e feijão da vovó no domingo, e o bife com farofinha não fui eu quem ensinei não. Eles é que descobriram.

 *Entrevista realizada pela jornalista Núcia Ferreira

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