Depois de participação em Os Dias Eram Assim, Zeca Camargo comenta se pretende fazer outra novela

Publicado em 18/08/2017

O apresentador Zeca Camargo fará uma participação na supersérie Os Dias Eram Assim. A convite do diretor Carlos Araújo, ele atuará como apresentador de um concurso musical em que Gustavo (Gabriel Leone) irá tocar. Em conversa com o Observatório da Televisão, ele falou sobre a carreira, e sobre a possibilidade de se arriscar na teledramaturgia futuramente. Confira:

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Como é encarar o desafio de fazer uma novela? Você já havia atuado antes?

Eu fiz um trabalho como ator em 1994, era uma peça da Bia Lessa com a Maria Luísa Mendonça, Georgia Gomide e Carlos Moreno. Foi minha única experiência com atuação, e quando veio esse convite para Os Dias Eram Assim, fiquei tão surpreso como daquela vez. Minha primeira reação foi dizer: “Não sou ator”.

Como é seu personagem?

Meu personagem é um apresentador do festival de música, ou seja, não é tão diferente das coisas que já faço, inclusive já apresentei alguns festivais de música fora da Globo. O que acho um barato é que é uma meta linguagem, vou estar fazendo um programa de TV dentro do programa de TV.

Você gosta de estar com os atores, ver todo o processo?

Eu adoro! Vivo nesses bastidores. Na época do Vídeo Show, circulava aqui direto. O que vou fazer na novela são coisas muito simples: eu vou animar o público, vou chamar os candidatos.

Você é noveleiro?

Super noveleiro. A gente cresce assistindo às novelas, e essa supersérie em especial, é da idade da minha geração. Eu vivi tudo aquilo o que eles retratam, não tão ativamente, mas vivi. Eu era um adolescente no final dos anos 70, então é muito fácil para mim, criar pontos de identificação com essa história. Como a participação é algo que tem a ver comigo, seria muito mais complicado se eu fosse chamado para fazer um personagem que tivesse uma trama de verdade.

Você toparia fazer uma novela inteira?

Eu teria que ter um bom diretor. Em tantos anos de jornalismo, você aprende que você é seu próprio personagem. Existe um pouco de atuação no jornalismo, mas adoro quando as pessoas chegam para mim e dizem: “Nossa, você é igualzinho na TV”. O papel do jornalista é muito transparente, diferente dos atores, que as pessoas dizem “Nossa, como você está malvado nessa novela”. Esse tipo de desnível não acontece comigo.

De certa forma você já deu uma guinada na carreira porque saiu do jornalismo e foi para o entretenimento…

Esse era um desejo antigo, num processo que começou em 2011, quando eu já tinha 15 anos de Fantástico, e tinha uma visão de que as coisas poderiam mudar.

Você é do tipo que não gosta da zona de conforto?

Tem isso também. Deixei o Fantástico quando fiz 50 anos, e pensei “Poxa, alguma coisa agora tem que mudar”. As coisas que foram oferecidas para mim foram extremamente generosas, inclusive essa semana foi aniversário do É de Casa, que começou de um jeito que nem sabíamos direito como seria, foi tomando forma e conquistou as pessoas.

Será que teremos Zeca Camargo saindo novamente de sua zona de conforto e partindo para a atuação no futuro?

Acho difícil (risos). Vou dar muito trabalho para qualquer diretor. Pergunte à Bia Lessa, ela foi muito corajosa. Me lembro dela me ligar para ir assistir a um ensaio da peça, cheguei lá e vi a Maria Luísa Mendonça, que para mim é um monstro sagrado, fazendo um improviso e pensei “Não sei fazer isso”. Eu dancei por muito tempo, o que me permitiu ter uma linguagem corporal, mas com o trabalho de interpretação, realmente não dá. Essa participação em Os Dias Eram Assim é apenas uma brincadeira.

Quais são seus novos projetos? Tem alguma novidade ou novo programa?

Não dá tempo. Estamos super felizes com o É de Casa, e justamente para o programa estamos bolando outros quadros para o próximo ano. Outros programas infelizmente não tenho como fazer porque estou comprometido com a biografia da Elza Soares que estou escrevendo. Me foi dado um prazo pela editora até dezembro e estou quase renegociando este prazo. Fiz apenas metade das entrevistas que precisava fazer, e ainda preciso conversar com muita gente, principalmente com a Elza, então está complicado pensar em outros projetos.

Pode dar alguma pincelada sobre o livro?

A Elza se casou aos 13 anos, e com 17 anos ela já tinha ficado viúva e perdido dois filhos. Imagine o que é isso para uma menina nos anos 40. Ao contar sobre isso ela me emocionou bastante e se emocionou também. Ela foi muito honesta, e creio que conseguimos dar uma furada naquela couraça, e naquela fortaleza que ela é.

Ela te pediu alguma coisa para contar ou não contar em específico?

Nada nada nada. Até agora eu peguei um terço da vida dela, nem chegamos ao Garrincha ainda. Ela está super aberta nesse sentido. Claro que é muito complicado fazer a biografia de uma pessoa viva, mas a iniciativa foi dela, fui apenas convidado a escrever, é o que venho fazendo durante esses três meses de trabalho.

É o seu primeiro livro?

Já fiz livro de reportagem do Fantástico, e Volta ao Mundo, mas é o meu primeiro livro de biografia. Como é a história da Elza, óbvio que não vai ser um livro de 50 páginas (risos).

Você gosta de viajar. Fez alguma viagem recentemente?

Fui para a Etiópia que achei incrível. É um país difícil, sem abundância mas tem uma história muito rica. É um super berço cristão. Pasme, toda a filosofia rastafári vem da Etiópia também. Não foi uma viagem de aventura como outras que fiz, e sim uma viagem onde vivi um mergulho na história, fiquei muito emocionado. Lá não tem grandes paisagens, mas tem monumentos impressionantes.

Sobre o É De Casa… Vocês vão comemorar o aniversário do programa?

Não dá tempo de comemorar. Estamos atualmente pensando em incluir novos quadros para 2018 e tirar o que não deu certo. Nos transformamos em uma família, se você visse o grupo de Whatsapp que temos… é um clichê falar isso, mas a equipe do programa é muito boa, porque trabalhamos com um recurso super enxuto, então ou a gente se entendia muito bem ou não saía programa nenhum. Existe uma grande simbiose. Eu só conhecia a Patrícia (Poeta), e os outros eu agreguei.

Você é um bom dono de casa?

Sou bom cozinheiro. Esse é até um segredinho do É de Casa: quem cozinha bem são os homens, André Marques e eu. As meninas até cozinham, mas adoro estar na cozinha. Sou muito bagunceiro como todo ariano, cozinho bem mas faço a minha bagunça. Tenho uma casa no Rio e uma casa em São Paulo, gosto de chamar as pessoas na minha casa.

Quem arruma suas casas?

Graças a Deus tenho comigo a Dona Maria e Dona Antônia, meus anjos da guarda, mas se precisar eu arrumo, agora passar roupa não dá, prefiro pegar uma camisa que não amassa que é muito mais prático.

*Entrevista realizada pela jornalista Núcia Ferreira

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