“Tenho lido sobre depressão e bipolaridade”, afirma Vanessa Gerbelli sobre personagem em Novo Mundo

Publicado em 03/06/2017

Desde o Cravo e a Rosa, novela de época exibida em 2000 na faixa das 18h pela Globo, que a atriz Vanessa Gerbelli chamou a atenção do público. Na trama escrita por Walcyr Carrasco, Vanessa deu vida à Lindinha, uma quase vilã.

Mas se é pra marcar mesmo a história da TV e a carreira da atriz, destacamos Fernanda, mulher misteriosa que entra na vida de Téo, Tony Ramos, em Mulheres Apaixonadas, escrita por Manoel Carlos em 2003.

Com a morte trágica da personagem, a trama bateu recordes de audiência e ajudou a atriz Bruna Marquezine a despontar na carreira. Vanessa e Tony comoveram o público por conta das cenas trágicas gravadas no Rio de Janeiro.

Daí em diante, Gerbelli ganhou mais papéis de destaque na Globo como em Kubanacan, Da Cor do Pecado, Cabocla até que veio o convite da Record TV para integrar o elenco de Prova de Amor, Amor e Intrigas, Vidas em Jogo e outras séries do canal.

Desde o seu retorno à Globo, em 2014, Gerbelli segue com destaque por conta dos personagens com forte apelo dramático. Vale Destacar Em Família, Sete Vidas, Malhação e agora em uma participação especial em Novo Mundo, como Maria Amália, mulher misteriosa que sofre por conta do seu estado emocional.

Vanessa gravando cena de flashback na trama das 18h Novo Mundo Ellen Soares Gshow

Atualmente em cartaz com a peça Forever Young, Gerbelli reservou um tempo na agenda e bateu um papo com a nossa equipe para falar sobre a carreira e os dilemas que Maria Amália passa no folhetim das 18h: “Tenho lido sobre depressão, luto, perda, bipolaridade, etc. Estou lendo e vendo tudo que fale do inconsciente.”

Como é construir uma personagem cheia de mistérios em Novo Mundo?

É interessante, mistério é sempre um gancho na dramaturgia, o público adora.

Por conta da época, o termo “trauma” não era utilizado. Como os autores e direção lhe ajudaram a construir todo o contexto de Amália? O que tem lido, visto para compreender o estado emocional da personagem? Assistiu ao longa Um Método Perigoso?

Assisti, sim. Freud e Jung são importantes demais para a humanidade, por consequência para nós atores. Tenho lido sobre depressão, luto, perda, bipolaridade, etc. Estou lendo e vendo tudo que fale do inconsciente. Recentemente assisti Freud Além da Alma e estou lendo A Invenção da Histeria, do Didier-Huber, que fala de uma maneira estética da loucura feminina. Tem muitas fotos tiradas pelo Médico Charcot. Muito bonito.

Tem feito aulas de prosódia por conta do sotaque de Amália?

Recebi umas dicas das nossas fonos e venho praticando. Tem que praticar… repetir, repetir.

E na novela, além do musical em cartaz em São Paulo, você também canta. De onde surgiu esse lado cantora? Sempre gostou? Faz aulas para aprimorar?

Canto desde pequena. Minha mãe e meu irmão são músicos, “levávamos um som” desde pequenos. Temos até um projeto em andamento pra este ano, eu e meu irmão. Releituras das nossas canções prediletas dos anos 80. Estamos gravando.

Sobre praticar, atuar em musicais não é só “cantar”. É cantar em condições de esforço, de movimento, de emoção. Faço aula sempre, até por Skype, com meu professor Ronnie Kneblewski. Não abro mão.

De uma novela de época para o futuro (Forever Young se passa em 2050)… Afinal, como você estará no futuro? 

Provavelmente aprendendo! Fazendo cursos, aulas, yoga. Cuidando dos netos, viajando quando possível…

Você é do tipo que pensa mais no que fez, no que está fazendo ou planeja mesmo o futuro para não ter surpresas? E ainda assim é saudosista?

Acho que penso muito no presente, mas tenho tentado desenvolver uma atenção ao planejamento de certas coisas como viagens, cursos, compromissos com meu filho. Tem certas coisas que, se não se planejar, não acontecem.

De todas as canções que fazem parte do espetáculo, qual mais marcou ou marca a sua vida?

Adoro Mr. Tambourine Man. Não é do meu tempo de adolescente, é mais antiga, mas é uma que eu amo.

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#foreveryoung

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A velhice e a amizade fazem parte do enredo da peça. Como analisa o tratamento dado aos idosos pela sociedade? Falta empatia dos jovens, em olhar mais para o futuro e saber que um dia chegará lá? O que tem aprendido por conta da peça? E o retorno do público como tem sido? 

O público ama o espetáculo e sai do teatro tocado e motivado. Tem gente que viu a peça três, quatro, cinco vezes e faz questão de falar isso para a gente no final.

Acho que a sociedade tende a ignorar o idoso e isso é um desperdício. Por trás do silêncio de uma pessoa idosa pode haver tanta informação boa e necessária… Pode haver uma análise rica sobre os nossos tempos, sobre a evolução do homem. Pode haver um senso de humor de quem passou por muita coisa e pode rir de si próprio. Acho que falta de um modo geral às pessoas jovens de hoje um olhar para fora, para o outro.

Uma edição do Globo Repórter [26/05] falou sobre a amizade. Em tempos de redes sociais é possível ter amigos reais? Ainda assim é possível ter amigos virtuais?

Boa pergunta. Eu acho que os amigos virtuais se prestam a momentos pontuais, conversas específicas, transmitem uma empatia ocasional. Os amigos reais nos inspiram amor e nos dão amor. Eu tenho amigos reais, sim, de cujo amor eu não duvido e cuido sempre dessas relações.

De todas as suas novelas e séries, qual personagem o público se recorda com mais carinho?

Acho que Fernanda de Mulheres Apaixonadas e Lindinha, do Cravo e a Rosa. No Teatro, Diana, do Quase Normal.

Novos projetos para TV, cinema e teatro?

Tenho um espetáculo musicado para o Teatro chamado “Do Outro Lado”, que será meu primeiro texto encenado. Só duas atrizes, eu e a Alessandra Verney. Tem o filme “Amor Assombrado”, que deve estrear ainda este ano e tem o disco, que assim que sair, conto pra vocês.

Serviço:
Forever Young – Teatro Raul Cortez – SP
Até 02/07: sextas, às 21h30, sábados 21h, domingos às 15h e às 18h
Ingressos: R$25 A R$80. Duração: 1h40min Classificação: 10 anos
Direção Geral: Jarbas Homem de Mello
Elenco: Vanessa Gerbelli,Carmo Dalla Vecchia, Fred Silveira,
Marcos Tumura, Paula Capovilla e Marya Bravo

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