O que podemos esperar de Verão 90, nova novela das 19h

Publicado em 28/01/2019

A Rede Globo lança nesta terça-feira, dia 29, sua nova novela das 19h: Verão 90, de Izabel de Oliveira e Paula Amaral. Anteriormente chamada de Anos Incríveis e Verão 90 Graus, a história se passa na primeira metade dos anos 1990 e deseja fisgar os espectadores com uma comédia romântica cheia de referências à época, como não poderia deixar de ser. Vamos apresentar alguns aspectos da trama e ver o que podemos esperar da substituta de O Tempo Não Para, que termina na noite desta segunda-feira.

Totia Meireles fala sobre sua personagem em Verão 90: “É o resumo do que o poder e o dinheiro podem fazer”

Tramas diretamente relacionadas à realidade brasileira da época em Verão 90

Jerônimo (Jesuíta Barbosa) e João Guerreiro (Rafael Vitti) em Verão 90
Jerônimo Jesuíta Barbosa e João Guerreiro Rafael Vitti em Verão 90 Divulgação TV Globo

A novela terá um pequeno prólogo passado na década de 1980, para contextualizar o modo como encontraremos os personagens centrais. Manuzita (Melissa Nóbrega) e os irmãos João (João Bravo) e Jerônimo (Diogo Caruso) formam o grupo Patotinha Mágica, de muito sucesso junto às crianças. Eles fazem shows por todo o Brasil e apresentam um programa na televisão. Todavia, a repercussão negativa de um incidente envolvendo a suposta negligência de Janaína Guerreiro (Dira Paes), mãe dos meninos, com a saúde de João, leva à suspensão do programa e do próprio grupo. Os integrantes caem no ostracismo e seguem suas vidas.

Em 1990, os três giram em torno dos 20 anos. João (Rafael Vitti) estuda Comunicação e apresenta um programa de rádio. Jerônimo (Jesuíta Barbosa), seu oposto, é desajustado, desinteressado dos estudos e só pensa em ascender do modo que der. Manuzita (Isabelle Drummond) tornou-se uma linda jovem, cuja mãe Lidiane (Cláudia Raia) deseja ver de novo sob os holofotes. Sob os quais, aliás, ela mesma já esteve, como estrela da pornochanchada. Mas a garota tem de bonita o que não tem de talentosa, e suas investidas como atriz não dão em nada.

O confisco da poupança dos brasileiros, determinado pelo governo do presidente Fernando Collor de Mello em março de 1990, vira a vida dos personagens de Verão 90 de ponta-cabeça. Janaína vê ruir seu sonho de abrir um restaurante. Herculano (Humberto Martins), colega de Lidiane nos filmes de pornochanchada no passado, vê o filme que rodava ir por água abaixo. Como se não bastasse, Jerônimo ainda foge para o Rio de Janeiro após roubar o dinheiro de Celestine (Bel Kutner). Esta é ninguém menos do que a patroa e melhor amiga de sua mãe.

A Pop TV, clara alusão à antiga MTV Brasil, é elemento de destaque na história

Quinzinho (Caio Paduan) , Larissa (Marina Moschen) e Dandara (Dandara Mariana) em Verão 90
Quinzinho Caio Paduan Larissa Marina Moschen e Dandara Dandara Mariana em Verão 90 Divulgação TV Globo

Ao deixar Armação do Sul, no litoral catarinense, e partir para o Rio, Jerônimo tem o firme objetivo de voltar a ser famoso. Para tanto, nada melhor do que se enturmar com os ricos herdeiros das famílias tradicionais da cidade. Com o nome de Rogê, ele faz amizade com Quinzinho (Caio Paduan). Este é o inconsequente filho caçula de Joaquim Ferreira Lima (Alexandre Borges), o Quinzão, e Mercedes (Totia Meireles). Os negócios da família envolvem uma editora e a grande novidade do mercado televisivo. Uma emissora cujo foco seja o mundo da música, com videoclipes dos maiores astros do disco, entrevistas e tudo o mais. Ambiente perfeito para Jerônimo/Rogê. Todavia, ele não conta com a intenção de Herculano, genro de Quinzão, de dar a João – seu irmão, sempre ele – uma chance no novo canal.

O motivo para isso, além de Herculano de fato gostar do modo como João atua no rádio, é o interesse romântico surgido entre o cineasta e Janaína. Após alguns desencontros entre eles, nada melhor do que ajudar João para se reaproximar da bela cozinheira. No entanto, Herculano é casado com a problemática filha do casal Ferreira Lima, Gisela (Débora Nascimento).

Na Pop TV, uma das figuras de destaque é Nicole (Bárbara França), apresentadora. Ela tem um caso com Quinzinho, embora ele seja noivo de Larissa (Marina Moschen). Além disso, o herdeiro tem ainda um romance paralelo com a dançarina de axé Dandara Brasil (Dandara Mariana). Todo esse imbróglio amoroso ainda trará consequências para a trajetória dos irmãos Guerreiro.

Uma nova Raquel Accioli em Verão 90?

Janaína (Dira Paes) em Verão 90
Janaína Dira Paes em Verão 90 Reprodução Globo

Enquanto Jerônimo rouba Celestine e foge, João e Manuzita retomam o romance que um dia foi coisa de criança. Jerônimo também gostava da garota, o que representa um ponto a mais em seu ódio pelo irmão. Lidiane, ou “Lidi Pantera”, não gosta nem um pouco de ver a filha envolvida novamente com o filho de Janaína. Ela aponta os Guerreiro como responsáveis pela derrocada de Manuzita.

Em Verão 90, com efeito, é impossível não notar a inspiração das autoras para criar o perfil de Janaína. Por volta de 40 anos, bonita, trabalhadora, boa na cozinha, capaz de tudo pelos filhos. Ela se assemelha bastante à Raquel Accioli (Regina Duarte) de Vale Tudo (1988), atualmente em reta final de reprise no Canal Viva. Maria de Fátima (Glória Pires), a filha única e inescrupulosa de Raquel, inicia a novela deixando a própria mãe sem teto, após vender em segredo a casa onde viviam e fugir para o Rio de Janeiro com o dinheiro, em busca da almejada ascensão.

Semelhanças entre Janaína e Raquel

Na nova atração das sete, Janaína parte para o Rio tal qual Raquel, em busca do filho desgarrado que ela acredita poder livrar das agruras do mundo. E com isso prejudica o outro filho, João. Ao desejar se manter próxima de Jerônimo, que finge não ser seu filho ao se passar por rico, ela cria uma situação que culmina num grande problema para todos.

Janaína não vai vender sanduíche na praia, como Raquel no clássico dos anos 1980. Mas também vencerá na vida pelo próprio esforço e se tornará proprietária de um restaurante bem-sucedido. Com toda a certeza, é uma personagem que Dira Paes merece há bastante tempo. Talento, simpatia e beleza para vivê-la a atriz tem de sobra, e Janaína é peça fundamental na história da novela.

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Lidiane, um papel perfeito para Cláudia Raia brilhar

Cláudia Raia é Lidiane em Verão 90
Cláudia Raia é Lidiane em Verão 90 ReproduçãoTV Globo

Se Dira Paes é perfeita para Janaína, o mesmo pode ser dito de Cláudia Raia em relação à sua Lidi Pantera. Uma mulher sensual, esfuziante, que vai em busca do que quer com as garras da pantera que lhe rendeu o apelido. Seja com o eletricista Patrick (Klebber Toledo), seja com Quinzão, com quem está previsto um envolvimento no decorrer da história, a personagem tem tudo para render a Cláudia bons momentos de drama, humor e exuberância. Como Safira de Belíssima (2005), por exemplo, recém-terminada no Vale a Pena Ver de Novo. Aliás, vale destacar a retomada da feliz dupla de Cláudia Raia e Alexandre Borges, que já rendeu tantos acertos.

Vanessa, a mau-caráter que amaremos odiar

Vanessa (Camila Queiroz) em Verão 90
Vanessa Camila Queiroz em Verão 90 Reprodução

Camila Queiroz volta às novelas, após a Luiza de Pega-pega (2017). A pausa seria menor, mas Verão 90 foi adiada. O Tempo Não Para e ela foram invertidas na ordem do horário das 19h da Globo. Ela viverá Vanessa, periguete que se infiltra no mundo dos ricos para se dar bem. Fica amiga de Larissa por puro interesse e se torna alvo de Jerônimo, que acredita que ela é “alguém”. Vanessa se apaixonará sinceramente por ele, e a obsessão do rapaz por Manuzita a incomodará bastante. O casal será parceiro de falcatruas, mas a coisa pode desandar em virtude do real sentimento dela.

Vem pela frente uma comédia romântica movimentada e nostálgica – sem ser antiquada

Verão 90 tem a responsabilidade de fazer sucesso num horário espinhoso como o das 19h. Como atrativos tem a história, passada numa época já “velha” para os mais jovens. E diversos ídolos da nova geração no elenco. Os noveleiros mais velhos podem sentir o gosto da época, a qual muitos viveram intensamente, analisar acertos e infelicidades de reconstituição e curtir a fotografia da novela. As imagens têm um ar das produções anteriores à alta definição, o que ajuda na imersão na época retratada.

O desafio das autoras e do diretor artístico Jorge Fernando é tratar de uma época nem tão distante, nem tão próxima, fugindo da nostalgia negativa e com o ritmo que a ficção de hoje pede. Não é porque a história se passa nos anos 1990 que o público necessariamente embarque numa novela nos moldes das que víamos naquela época. É mais do que o “molho” que a ambientação, as roupas, os automóveis e as músicas dão. Com efeito, sem uma boa e bem contada história uma novela não sustenta a expectativa.

As dificuldades do romance de João e Manuzita. A ambição de Jerônimo e sua obsessão pela antiga colega de fama. A batalha de Janaína e seu romance com Herculano. O casamento deste com Gisela e os laços que o prendem a essa união. Os conflitos dos Ferreira Lima, típicos ricos pouco felizes. Os barracos de Lidi Pantera. As armações de Vanessa. Os romances envolvendo os personagens jovens. O cotidiano das pessoas numa época sem celular, sem smartphone, sem internet. Com cartas e telefonemas comunicando fatos importantes ao invés de e-mails e mensagens no WhatsApp… Verão 90 promete alguns meses de uma história solar, animada, “pra cima”, ao estilo do horário. Ficam os votos de sucesso e de um trabalho desenvolvido a contento para equipe e público.

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