Desprestigiado na televisão brasileira, porém, não menos importante para ela e o público, o jornalismo de celebridades e bastidores da TV tem novo ponto de encontro com o seu imensurável público. E não é às 15 horas na RedeTV!, tampouco no SBT com o Triturando.
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Quem assume este importante lugar é o canal WebTVBrasileira, apresentado por Tati Martins e Marcelo Carlos, e o recém-estreado Tô na Pan, com Lígia Mendes e o gabaritado Leo Dias. Mas como entender a reviravolta deste cenário que desfavoreceu a fofoca na TV aberta?
Mesmo que multiplicadas nas mais esforçadas variações na grade de algumas emissoras, as atrações de fofoca perderam, e muito, a qualidade e o tom necessário para um desempenho minimante convincente. Rosto bonito e opinião forte não garantem prestígio das marcas nem audiência.
Não à toa poucos são os programas que ainda mantêm respeito do público: Mulheres (TV Gazeta) e Melhor da Tarde (Band) são os bons exemplos atuais. A Hora da Venenosa, com Fabíola Reipert (Record TV), também merece menção. A competência na hora de informar conta muito, e isso, os profissionais que formam as referidas atrações acima têm de sobra.
Uma análise fria comprova que vários apresentadores queridos do público pesam a mão a fim do estardalhaço. Na linguagem da internet chamamos isso de “biscoito” (quando o indivíduo faz de tudo para ser notado), e para isso vale qualquer humilhação ou vergonha em rede nacional.
Xingar a mãe do colega, falar palavrão ao vivo, bater boca, diminuir o trabalho de um artista: esse é o caminho que vários profissionais têm optado por seguir. Um verdadeiro show de horrores e baixo nível.
Alfinetadas ácidas, opiniões de gosto pessoal e deboche sempre são bem-vindos nesses formatos (dentro do limite). O que não pode é dar a manchete e falar asneiras diante da câmera, ferindo e condenando a idoneidade e o trabalho de alguém, seja por qual motivo for, sem sequer ter preparo na abordagem.
É preciso refletir que o profissional está num local privilegiado de alcance, um protagonismo. A partir disso, o que se espera é que ele informe, abra debate, opine, mas que sustente o que diz. Afinal, qual sentido faz um jornalista comentar o final de novela quando na verdade ele não assistiu aos nove meses da obra? Melhor ficar calado!
Talvez a opinião polêmica de um convidado ou profissional da área sobre determinado assunto não seja o essencial, posso estar errado! Deve ser o recheio, mas não a cereja do bolo. O correto seria a notícia repercutir pela relevância, mas não é a regra. Como já citado, a competência e o talento para este formato contam muito.
A notícia, independente de ser um furo, uma exclusiva ou apenas uma nota, deve ser inteiramente o grande evento de um programa deste segmento. Mas não é o que acontece na maioria dos casos.
Antes da pandemia, o TV Fama cumpria muito bem essa função. Infelizmente a equipe afiada de repórteres que se espalhavam entre São Paulo e Rio se desfez e, com o fim dos eventos e festas, pouco restou do dinamismo que um dia foi a marca registrada do programa de Nelson Rubens e Flávia Noronha.
O mesmo vale para o Tricotando, que tem um formato interessante, mas carece de estrutura. A saída de Franklin David será sentida pelo público do programa e a missão para encontrar alguém para a vaga e que esteja à altura de Lígia Mendes será difícil.
Sonia Abrão continua lá, mudou o cenário, mas ainda está contaminada por excessos. Uma profissional respeitável e honesta, mas que trata opiniões contrárias com rechaçamento e indignação.
A TV Gazeta também nos oferece o Fofoca Aí, que na teoria deveria ser um dos melhores do segmento, até por contar com profissionais como Fefito e Gabriel Perline, referências quando o assunto é entretenimento em mídia on-line. Mas a verdade é que o Fofoca Aí precisa ser mais; um formato de telejornal, ao estilo Furo MTV, caberia melhor.
Enquanto as emissoras dão uma enganada no público que restou a eles, a WebTVBrasileira segue avançando ferozmente e suprimindo cada vez mais a vontade de ligar a TV para assistir programa de fofoca.
O mesmo vale para o Tô na Pan, que nada de braçada em qualidade, conteúdo, confiabilidade e prestígio. O recado que fica é: parabéns aos envolvidos e a TV aberta que lute!
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