Tramas de Miranda e Natália são contrapontos aos dramalhões de Amor de Mãe

Publicado em 30/01/2020

Amor de Mãe é, reconhecidamente, uma novela bastante dramática. A história de Manuela Dias oferece, a cada capítulo, situações intensas envolvendo tragédias e violência. No entanto, a novela das nove da Globo tem seus momentos de descontração, que ajudam a aliviar as tensões. Os desencontros amorosos das irmãs Miranda (Débora Lamm) e Natália (Clarissa Kiste) dão um toque de leveza à trama.

Inicialmente apresentadas apenas como “orelhas” de Vitória (Taís Araújo), Natália e Miranda, aos poucos, foram ganhando vida própria. Inicialmente foi Natália quem surgiu, às voltas com a filha Carol (Duda Batsow). O pai da menina, Durval (Enrique Diaz) as abandonou, mas depois retornou à vida delas. E o retorno, claro, foi conturbado. Mas, passada a tensão, Natália e Durval vivem uma nova relação, para desespero da filha. E esta situação inusitada, embora com viés dramático, é mostrado num tom leve, quase como num desencontro de comédia romântica.

O mesmo tom também é impresso na história de Miranda. No início, era mostrado que ela e Matias (Milhem Cortaz) viviam um casamento perfeito. Porém, quando Miranda descobre que já foi traída, resolve pagar na mesma moeda. Mas ela não consegue. E, mesmo assim, o marido não gosta nada da situação, o que leva a relação deles a uma desestabilização total. Aqui, a graça é propôr uma inversão de ideias, evidenciando a cultura machista impregnada num casamento tradicional. Isso gera desencontros ora dramáticos, ora divertidos. E o jogo cênico de Débora Lamm e Milhem Cortaz também ajudam no sentido de fazer das sequências algo divertido, embora haja um assunto sério em pauta.

Mais leveza

Amor de Mãe não tem núcleo cômico. Porém, o texto de Manuela Dias, sempre que possível, insere humor em situações corriqueiras em praticamente todos os núcleos. É uma decisão acertada, tendo em vista que núcleos cômicos forçados mais atrapalham uma narrativa do que ajudam. Entretanto, uma história dramática no horário nobre deve, sempre que possível, oferecer algo mais leve, de modo a aliviar as tensões do arco central. E histórias como as de Miranda e Natália, embora não sejam totalmente cômicas, ajudam neste sentido.

Isso vai ao encontro dos resultados dos grupos de discussão da novela, que revelou que o espectador pede mais leveza à história. Sendo assim, é bem possível que arcos como os de Miranda e Natália ganhem mais espaço e façam com que Amor de Mãe dose melhor as temáticas. É uma bem-vinda busca de equilíbrio.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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