Top Chef é MasterChef sem tempero e sem carisma

Publicado em 04/04/2019

Nova aposta da Record TV para as noites de quarta-feira, Top Chef estreou ontem (03) com um desafio e tanto pela frente. A nova competição culinária vai precisar convencer o público de que não é mais uma simples variação do MasterChef, principal referência em talent show de cozinha na TV brasileira. Não será tarefa fácil, tendo em vista que Top Chef lembrou, e muito, o programa da Band, mas sem o “tompêro” do elenco da outra atração.

O chef Felipe Bronze faz as vezes de jurado e apresentador. Carismático e com experiência em TV, já que passou também pela Globo e GNT, ele não faz feio. Consegue reunir doçura e pulso firme, sempre que necessário. Mas seus companheiros de bancada, até aqui, não disseram a que vieram. Ao lado de Emmanuel Bassoleil e Ailin Aleixo, Bronze forma um trio de jurados que não consegue arrebatar e divertir o público com a mesma eficácia de Paola Carosella, Érick Jacquin e Henrique Fogaça.

Não que eles não cumpram bem a missão de julgar os pratos dos participantes. Bassoleil e Ailin contribuem com o jogo fazendo boas análises sobre os trabalhos dos competidores. Entretanto, falta à dupla uma pitada de personalidade. Algo que faça com que seus vereditos não sejam apenas análises frias, mas também entretenimento para quem assiste. Afinal, Top Chef é um programa de televisão. E, como tal, deve envolver o público, que é heterogêneo. Muitos não entendem de culinária. Portanto, a análise deve ir além da técnica. Resumindo, falta carisma ao júri.

Top Chef x MasterChef

No mais, Top Chef é bastante semelhante ao programa da Band. Cenários, momentos de tensão, provas contra o relógio e as principais regras não fogem ao que já foi visto e revisto pelo público brasileiro. O principal diferencial entre os dois realities é que o Top Chef explora, também, o confinamento. Os participantes convivem numa casa, e seus “momentos de descanso” são mostrados no episódio, entre uma prova e outra.

Porém, não há um sentido prático para isso. Se o vencedor se sagrará em razão de seu talento culinário, a maneira como ele se comporta na casa é indiferente na competição. Ou seja, os momentos “Big Brother” do Top Chef servem, apenas, para saciar um público mais voyeur. Para o jogo, não faz a menor diferença.

Em suma, Top Chef estreou já com jeito de programa cansado. Afinal, a Band já exibiu nada menos que dez edições do MasterChef. E o formato da Record, em razão das semelhanças, já estreou um tanto desgastado. Pode ser que engrene se algum competidor se destacar, ou se o trio de jurados ganhar mais segurança em cena. Por enquanto, é mais do mesmo.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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