crítica

The Four encerra temporada sem empolgar

Record TV investe alto em formatos, mas não encontra resposta do público

Publicado em 30/04/2020

The Four Brasil, a competição musical da Record TV, teve uma segunda temporada que passou em brancas nuvens. Além do erro estratégico da emissora de tentar emplacar o programa de Xuxa Meneghel no domingo, há ainda um erro maior: o de insistir em formatos que, claramente, não dialogam com o público do canal. The Four não foi lá essas coisas em sua estreia, no ano passado, e foi ainda pior em 2020.

Não que seja um programa ruim. Pelo contrário. Ao apostar em duelos entre seus finalistas e os cantores desafiantes, que tentam desbancar um dos The Four, a atração mantém o clima de final em todos os seus episódios. É um formato que, apesar de simples, consegue despertar em quem assiste a torcida por este ou aquele competidor. Além disso, Xuxa o comanda com muita competência, e o trio de jurados funciona. Aline Wirley, João Marcello Bôscoli e o novato Paulo Miklos mandaram bem.

Mas isso não foi o suficiente para manter o interesse do público. Quando o talent show estreou, aos domingos, manteve uma audiência próxima da alcançada no ano passado, ou seja, um resultado mediano. No entanto, como no domingo a concorrência é muito mais acirrada, The Four acabou sucumbindo diante da programação consolidada de Globo e SBT. Assim, sua mudança de volta para a quarta-feira se tornou inevitável. Porém, acabou se revelando um fiasco. O programa não levou seu público junto, e ainda se desgastou neste processo.

Formatos não empolgam

Os parcos resultados da segunda temporada de The Four deviam fazer a direção da Record TV a rever os formatos que compra. Claramente, a emissora tem investido pesado em programas importados. Mas este investimento não se converte em audiência. Programas como The Four, Dancing Brasil, Top Chef e Canta Comigo não encontram grande entrada junto ao público da emissora. São suntuosos, bem feitos e até divertidos. Mas simplesmente não empolgam.

Na verdade, o erro do canal está em insistir no “mais do mesmo”. The Four e Canta Comigo têm propostas semelhantes, e que também encontram similares na concorrência. O mesmo acontece com o Dancing, que não empolga tanto quanto o Dança dos Famosos, e o Top Chef, que está longe de repetir o frisson de um MasterChef (em seus áureos tempos, bem entendido). Falta ousadia da Record TV no sentido de fugir do óbvio.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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