The Four Brasil: candidatos cantando em inglês evidenciam falta de brasilidade no programa

Publicado em 07/02/2019

A estreia do The Four Brasil, na Record TV, nesta quarta-feira (06), trouxe a tona um grave problema. A falta de brasilidade e dificuldade dos realities musicais brasileiros em selecionar bons candidatos. Cantores que valorizem a música nacional, são raros nessas competições, o que é uma pena! E isso não é uma exclusividade do novo programa da Xuxa, ele se estende ao The Voice Brasil, Canta Comigo e outros, sem exceção.

Mas vamos nos deter ao The Four Brasil. Cenário grandioso, efeitos visuais modernos e tecnológicos, tudo isso não significa nada para um reality musical, se o principal, os candidatos, não forem bem selecionados. No caso do reality da Xuxa, a começar pelos quatro finalistas a serem desafiados, nenhum deles são acima da média. São cantores comuns, que não despertam no público o interesse necessário para incendiar a audiência.

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Prova disso é o nível dos cantores das versões de outros países, como os Estados Unidos por exemplo. Por lá, os candidatos são um caso a parte e não deixam em dúvida sua qualidade técnica, vocal e potencial de mercado.

Brasileiros?

Não bastasse isso, por aqui, os The Four, em sua maioria, cantam músicas internacionais, em inglês. Nada contra cantar em outro idioma, mas se é uma atração brasileira, por que não cantar em português? Isso evidencia ainda mais o baixo nível dos candidatos, se comparado com outros países que também apresentam esse formato. Podem dizer que a música americana é universal e invade a cultura local, ok, concordo, mas então qual o sentido de colocarem o Brasil no nome The Four?

Vale lembrar que o The Four é um formato israelense, possui versões pelo mundo e desembarca no Brasil pela primeira vez, sob o comando de Xuxa Meneghel. A loira após deixar a TV Globo rumo a Record TV, fracassou inicialmente no comando de um programa no estilo Ellen Degeneres, mas tem se saído bem à frente de realities. Apresentou quatro temporadas do Dancing Brasil, outro formato internacional, este da BBC.

O novo programa da Xuxa

Mas nele a estrela é coadjuvante, ela é uma MC (mestre de cerimônia) se limita a apresentar os cantores e fazer a mediação com os jurados, o que é comum nesses formatos. Por falar em júri, na estreia do The Four o trio se mostrou bastante entrosado e as personas já parecem definidas. Aline Wirley é criteriosa, mas boazinha e um tanto over, querendo aparecer mais do que todos. Já Léo Chaves é o agitador da torcida e quer ver o circo pegar fogo. João Marcelo Bôscoli, o mais sério, promete ser o carrasco da bancada.

A edição da atração segue a cartilha utilizada por quase todos os programas de competição musical. Entre uma apresentação e outra no palco, os perfis dos participantes são explorados, mostrando suas vidas, carreiras e objetivos na competição.

O destaque do The Four

É sem dúvida a grandiosidade da produção. Realizado nos estúdios Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, São Paulo, o cenário do programa é gigante, com muitas luzes e plateia. Tudo isso forma uma verdadeira arena, cheia de efeitos visuais, além de gravações externas e em cenários secundários bem compostos.

Mas e o áudio?

Bom, isso é um grave problema. Mas que também não é uma exclusividade do The Four. The Voice, X Factor, Ídolos, todos apresentam a mesma deficiência. Um programa musical deveria chegar às casas dos telespectadores com o som impecável. Mas lamentavelmente os musicais deixam a desejar e não mostram a grandiosidade das vozes, banda, arranjos e afins. Tudo chega muito menor aos ouvidos do público. O mesmo não ocorre com quem assiste a atração pessoalmente, por isso são privilegiados.

No geral, o The Four não é ruim. O reality entretem e pode agradar o público. Especialmente os menos seletivos no quesito qualidade musical. Como espetáculo visual, não há dúvida, é um show. Mas nem só de luz e cores se faz um sucesso, é preciso mais, é preciso empatia do público com os candidatos, para que eles possam torcer e fazer a diferença na audiência.

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