Tá no Ar chega ao fim, mas deixa importante legado no humor da TV

Publicado em 09/04/2019

Depois de seis bem-sucedidas temporadas, o humorístico Tá no Ar – A TV na TV chegou ao fim. O programa de Marcelo Adnet e Marcius Melhem teve uma trajetória vitoriosa, na qual ditou os rumos do humor na TV aberta da atualidade. O humor satírico, crítico, debochado e inteligente proposto pela atração encontra ecos pela programação da Globo.

Tá no Ar quebrou diversos tabus na Globo. Num momento em que não era comum a “poderosa” citar a concorrência, e muito menos fazer piada com anunciantes, veio o programa e derrubou tal barreira. Figuras como Silvio Santos se tornaram comuns na atração, que satirizou formatos consagrados da concorrência. Novelas bíblicas da Record TV. O Brasil Urgente, da Band. Casos de Família, do SBT. E até João Kleber, da RedeTV!. Estes e outros mais ganharam sátiras no programa global.

O efeito zapping do Tá no Ar fez desfilar pela tela da Globo um sem-número de esquetes, que tratavam dos mais variados assuntos. Foi por meio das brincadeiras com formatos televisivos que o programa foi fundo na crítica social e política. Assim, criou momentos memoráveis. Além disso, a linguagem ágil casou perfeitamente com a internet, fazendo do Tá no Ar um campeão de vídeos compartilhados. Este diálogo com as novas plataformas permitiu ao programa ganhar sobrevida, indo além da televisão.

O que veio depois do Tá no Ar

Hoje, a programação da Globo abandonou quase que totalmente o formato clássico de humor na TV, com personagens populares e bordões. A nova Escolinha do Professor Raimundo é o único humorístico do canal a manter tal fórmula. Embora a tenha “modernizado” ao trazer novos atores revivendo tipos clássicos.

No mais, durante a trajetória do Tá no Ar, a Globo promoveu um importante movimento em seu humor. A emissora tratou de recrutar Marcius Melhem para propor mudanças no veterano Zorra Total. O tradicional humorístico das noites de sábado tinha audiência estável. Mas, mesmo assim, a emissora resolveu apostar numa modernização, lançando o Zorra. Com a mesma proposta de retratar a vida real do Tá no Ar, o Zorra ainda tem a vantagem de ter um formato mais flexível. Assim, pode atirar para todos os lados.

Além disso, não satisfeita, a Globo tratou ainda de arrebanhar talentos oriundos da internet. Choque de Cultura, o programete das tardes de domingo, também veio com uma proposta mais arrojada. Recentemente, foi a vez de outro “filhote” do Tá no Ar cair nas graças do público: Isso a Globo Não Mostra, do Fantástico. O “festival de memes” lançado no “show da vida” só existe porque o Tá no Ar abriu caminho para que a Globo começasse a rir de si mesma.

O futuro já começou

Por tudo isso, Tá no Ar deixa a grade da Globo, mas não sai do ar definitivamente. O legado da turma de Marcelo Adnet ficará. O humor mais cínico, voltado às críticas sociais e políticas, e que não explora e nem debocha de minorias, veio para ficar. Sem dúvidas, é um caminho sem volta. Um bom caminho, diga-se.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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