Simples e cativante, nova versão de Éramos Seis mostra que a trama é atemporal

Publicado em 30/09/2019

Na São Paulo da década de 1920, a matriarca Lola (Gloria Pires) só quer o bem de sua família. Mãe arquetípica, para ela ser feliz é ver a família feliz e unida. Por isso, ela não tolera brigas entre seus filhos. Sonha para eles a mesma harmonia que tem com suas irmãs. E é esta humanidade de Lola, um tanto idealizada, mas muito palatável, que imprime o estilo de Éramos Seis, que estreou nesta segunda-feira (30) sua quinta versão na TV.

Ângela Chaves, autora da nova novela das seis da Globo, se baseia na adaptação de Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho (cujo texto, inspirado no livro de Maria José Dupré, foi montado pela Tupi em 1977, e pelo SBT em 1994). A novelista promete uma Lola menos submissa e um final menos trágico. A ideia é mostrar uma saga familiar, que atravessa três décadas. Assim, apresenta situações reconhecíveis por qualquer família, em qualquer época.

Neste primeiro capítulo, Ângela Chaves conseguiu manter intacto o espírito do original. Os personagens foram apresentados de maneira harmônica, e vivendo situações simples. Enquanto o drama de Lola é unir a família e ajudar o marido Julio (Antonio Calloni), suas irmãs do interior vivem a expectativa de passarem férias na capital paulista. Paralelamente, as diferentes personalidades dos filhos de Lola são mostradas em picardias infantis. Em suma, foi um primeiro capítulo gracioso de uma novela que tem na aparente despretensão um charme especial.

Globo x SBT

Para os noveleiros, Éramos Seis é uma novela que deixou boas lembranças. A versão do SBT é considerada, com todos os méritos, a melhor novela já exibida pelo canal de Silvio Santos. Na época, o canal tinha um plano de dramaturgia ambicioso. Assim, Éramos Seis contava com grifes como Nilton Travesso na direção, e Irene Ravache, Othon Bastos, Denise Fraga, Jussara Freire e tantos outros medalhões no elenco. O público respondeu bem e a trama foi um sucesso.

Sendo assim, para quem viu a versão do SBT, a comparação é inevitável. Obviamente, trata-se de uma nova montagem, com atualizações necessárias. Porém, aqui, a comparação não chega a prejudicar. Afinal, que atriz é mais indicada do que Gloria Pires, com sua espantosa naturalidade, para fazer uma mulher tão simples e reconhecível? Assim como Irene Ravache brilhou no SBT, Gloria deve repetir o sucesso na Globo.

Outra comparação que merece menção é o divertido casal Olga (Maria Eduarda de Carvalho) e Zeca (Eduardo Sterblich). Os novos intérpretes conseguiram (de propósito ou não) manter o mesmo espírito impresso por Denise Fraga e Osmar Prado na versão do SBT. Destaque para Sterblich, que surpreende vivendo um tipo diferente do que estamos habituados a vê-lo.

Éramos Seis no século 21

A nova versão de Éramos Seis chega numa boa hora. 25 anos separam a última versão da mais recente, dando a chance de uma nova geração conhecer este texto tão terno e delicado. Além disso, o know-how da Globo na produção de novelas de época deve dar à Éramos Seis uma embalagem ainda mais vistosa que a anterior. Isso sem falar na nova abertura, de um bom gosto que salta aos olhos. A novela promete.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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