beleza renovada

Sai Drica, entra Marjorie: substituição de atriz causa estranheza em Império

Aguinaldo Silva foi ousado ao manter Cora na novela, mas troca não se justificou

Publicado em 02/08/2021

Nesta semana, Império exibe uma das sequências mais inusitadas da trama. Justamente quando a vilã Cora está prestes a realizar o sonho de ter uma noite de amor com o Comendador (Alexandre Nero), ela “rejuvenesce”. Drica Moraes, que deu vida à megera até aqui, sai de cena e abre espaço para Marjorie Estiano, que a viveu nos primeiros capítulos da novela.

Na época das gravações da novela, em 2014, Drica Moraes teve um problema de saúde e precisou deixar a novela. Assim, o autor Aguinaldo Silva tomou uma decisão ousada e recrutou Marjorie Estiano para reassumir o papel. Na trama, esta substituição nunca é explicada. Ela simplesmente acontece.

Não tentar justificar a mudança foi a melhor das decisões. Na verdade, a chegada da “nova” Cora gera apenas uma estranheza inicial. José Alfredo se assusta ao vê-la, e ela explica que se preparou para o momento em que perderia a virgindade com ele. Depois, seus sobrinhos também notam que a tia está “diferente”, mas logo a aceitam, e a nova Cora passa a ser encarada com naturalidade por todos os demais personagens.

Em vez de explicar, Aguinaldo Silva fez até piada em seu texto sobre o fato. Tanto que, numa sequência, Cora revela a Téo Pereira (Paulo Betti) que o segredo de sua juventude seria “xixi de jacaré”. A explicação foi encarada como “séria” por parte dos noveleiros, mas se tratava de um chiste proposto pelo novelista.

Na verdade, o que aconteceu foi simplesmente uma substituição. Aguinaldo Silva não queria abrir mão da presença de Cora em sua novela e tratou de escalar outra atriz para vivê-la. E preferiu entregá-la a Marjorie, afinal, ela já havia sido Cora anteriormente.

A prova de que Cora não rejuvenesceu magicamente é um flashback, exibido mais adiante, no qual a vilã relembra o assassinato de Fernando (Erom Cordeiro). É Marjorie quem aparece no flashback, embora tenha sido Drica Moraes quem estava em cena naquele momento. Ou seja, a produção da novela optou por fazer uma nova sequência do assassinato para manter a “coerência”, pois não faria sentido Drica Moraes aparecer num flashback quando é Marjorie Estiano a nova intérprete da vilã.

Valeu a pena?

O espectador brasileiro não está acostumado a ver personagens ganhando novos intérpretes durante uma novela. A substituição de atores é muito comum em novelas mexicanas, por exemplo. Ali, se um ator precisa deixar a novela, é substituído sem pudores, e a novela segue como se nada tivesse acontecido.

Mas, por aqui, embora não seja algo inédito, é pouco comum. Normalmente, quando um ator precisa deixar uma novela em andamento, seu personagem costuma desaparecer. Morte ou uma viagem inesperada costumam servir de desculpa para o sumiço de um tipo num folhetim.

Porém, Aguinaldo Silva bancou a presença de Cora em Império. Na época, o autor explicou que não poderia abrir mão da personagem naquele momento do enredo. Realmente, Drica Moraes saiu justamente quando Cora vivia seu principal momento, que era a almejada noite de amor com José Alfredo.

No entanto, passado este entrecho, a verdade é que Cora pouco fez no decorrer da trama. Ela deixa de vez de ser uma das grandes vilãs da novela, e fica apenas correndo atrás de José Alfredo. Sua morte apoteótica durante o carnaval dá fim à trajetória irregular da personagem.

Não é culpa de Marjorie Estiano, claro, que reassume a personagem com muita firmeza. Mas Cora já vinha se perdendo ao longo de Império. Inicialmente uma das protagonistas, a megera vai murchando até perder completamente a importância. Neste caso, talvez fosse melhor Cora ter morrido de emoção após a transa com o Comendador e pronto. No fim, a mudança não se justificou.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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