Baixa culinária

Rolling Kitchen Brasil faz uma mistura indigesta de comida e comédia

Programa mescla game show, gastronomia e humor e o resultado soa infantil e questionável

Publicado em 02/11/2021

Rolling Kitchen Brasil é um programa muito bem produzido e dirigido, que mistura game show, gastronomia e humor. No entanto, a atração leva demais na brincadeira a arte culinária. Só Paulo Vieira, o apresentador, salva.

Curioso é o formato estar no GNT, na TV por assinatura. Justamente um canal que se encontrou neste nicho de programação, ao ter a maior parte do seu horário nobre diariamente coberto por atrações de culinária, com receitas sempre muito bem detalhadas para um telespectador que quer sempre se aprimorar no manejo das panelas.

Ao optar por um programa que faz comédia na cozinha na sua faixa noturna, o resultado parece não encaixar, ficando um tanto indigesto.

Há uma infantilização da arte culinária que é tão levada a sério na própria emissora.

Misturar comida com piadas é arriscado e a solução de chamar casais de famosos nem sempre acostumados à arte do fogão não ajuda muito.

Game show

Pior, quando a TV por assinatura entra na onda da TV aberta de lotar sua grade com game shows com celebridades, o público com razão começa a se questionar.

Afinal, para que ter canais por assinatura que imitam o que já há em abundância na televisão gratuita?

O programa conta com essa premissa questionável, ao escalar celebridades. As gincanas do Mais Você, de Ana Maria Braga, já levaram vários famosos para a frente do fogão com resultado melhor.

Justiça seja feita ao apresentador da atração, que está ótimo e no ar faz questão de esclarecer o tempo todo que tudo é uma grande brincadeira.

Paulo Vieira, como o grande comediante que é, conduz bem, tem boas tiradas, e estava já merecendo um programa para chamar de seu.

Num dos episódios, ele falou para o chef em meio a uma explicação de alta gastronomia que gostava mesmo de mortadela. O humorista coloca bem seus improvisos que quebram qualquer climão culinário.

Chefs

Foram escalados como auxiliares do apresentador dois chefs — Moacir Santana e Heaven Delhaye.

Ambos se encaixariam melhor como jurados de programas tipo MasterChef, onde há participantes especializados em cursos ou já profissionais de cozinha.

A falta de aptidão dos convidados é, ironicamente, o pior quesito e a principal atratividade do quadro.

A dinâmica é essa: a cada programa, dois casais famosos competem para a escolha dos melhores pratos do dia.

Cada par prepara separadamente duas receitas no prazo de uma hora.

Um palco giratório roda a cada 15 minutos, e os casais trocam de posto no fogão, com uma assumindo a cozinha do outro enquanto o prato ainda está sendo preparado.

Em alguns momentos, os participantes podem sortear algumas cartas que dão a oportunidade de, por exemplo, conversar com o seu par pelo telefone.

Como um está na frente do outro nem tão distante assim, a conversa ao telefone mais parece uma esquete de Hermes e Renato ou do Zorra.  

Participantes do Rolling Kitchen Brasil
Participantes do programa de estreia do Rolling Kitchen Brasil Guilherme LemosGNT

No programa de estreia, estiveram as duplas Fábio Porchat e Nataly Mega contra Tiago Abravanel e Fernando Poli.

No episódio seguinte, foi a vez do casal Marcos Veras e Rosanne Mulholland disputando com Juliana Didone e Santiago Bebianno.

Com produção da Endemol Shine Brasil e direção de Fábio Ock, a atração vai ao ar às quintas-feiras no GNT, 21h30.

** Informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de sua autora e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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