Rock Story é mesmo uma grata surpresa! A trama da estreante Maria Helena Nascimento chama a atenção pela qualidade do texto, seja pelos diálogos bem escritos, seja pela estrutura muito bem arquitetada da narrativa. Apesar de estreante como novelista titular, a autora acumula muitos anos de colaboradora, tendo participado de muitas novelas de sucesso, o que explica a qualidade do texto da trama das sete.
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A função bem definida de personagens é algo que exemplifica bem tal qualidade. Veja o caso de Laila, a ex-mulher de Gordo (Herson Capri), muito bem interpretada pela ótima Laila Garin. A personagem surgiu, mexeu com os humores de Gordo e seu núcleo e, quando tal conflito foi encerrado, ela saiu de cena. Sem excessos e nem gordura, Laila cumpriu seu objetivo e deixou a novela.
Ao mesmo tempo, Eva (Alexandra Richter) aparecia desde o início como a terapeuta do protagonista Gui (Vladimir Brichta). Causou até estranhamento para alguns a atriz, dona de muitos bons personagens em novelas anteriores, aparecer como mera ouvinte do roqueiro. Eis que, com a saída de Laila, Eva cresce e passa a cultivar um envolvimento com Gordo, o que gera conflitos pessoais e profissionais para ambos. Em breve, Eva terá ainda mais conflitos, pois vai surgir uma enteada, filha de seu falecido marido. Ou seja, Laila precisou sair para que a história de Eva viesse a tona, justificando a escalação de uma atriz tarimbada para fazê-la. E Alexandra está muito bem no papel, desta vez longe da comicidade que sempre caracterizou suas personagens.
Ou seja, Rock Story é uma novela cuja trama foi planejada de modo a mantê-la sempre “quente”, e a autora tem várias cartas guardadas na manga, pronta para sacá-las quando precisar. Um de seus próximos trunfos é até óbvio: Lorena (Nathalia Dill), a gêmea má, aparece sozinha nos EUA desde o início e, em breve, desembarcará no Brasil para atormentar a vida da gêmea boa, Júlia (Nathalia Dill). A novela ainda tem muita lenha para queimar!