O hiato entre As Aventuras de Poliana e Poliana Moça, causado pela pandemia do novo coronavírus, obrigou o SBT a partir para a terceira exibição de Chiquititas, a versão 2013. A reapresentação da trama de Íris Abravanel, baseada no original de Cris Morena, reafirma que se trata da melhor dentre as versões de novelas infantis produzidas pela emissora.
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Em 2013, Chiquititas substituiu Carrossel, também adaptada por Íris Abravanel. Apesar do imenso sucesso, a versão escrita pela mulher de Silvio Santos do clássico mexicano perde em alguns pontos na comparação. A versão brasuca é mais lúdica e foge de polêmicas, ao contrário da versão exibida em 1991, que era mais dramática e colocava o dedo na ferida em questões sérias, como o racismo.
No entanto, quando a autora adaptou Chiquititas, o know-how adquirido na trama anterior lhe deu a segurança necessária para corrigir vários dos pontos negativos da primeira versão, exibida entre 1997 e 2001. A primeira versão é um clássico incontestável, mas, sem dúvidas, tem escorregões sérios no enredo.
Por ser dividida em temporadas e promover uma rotatividade no elenco, a primeira versão de Chiquititas deixa várias histórias pelo caminho. O conflito de Mili (Fernanda Souza), por exemplo, dura apenas duas temporadas e deixa várias pontas soltas. Os segredos da origem da órfã dão a tônica da primeira temporada, mas perdem força na segunda. Depois, são retomados às pressas, apenas para que Mili saia da história. E Chiquititas segue sem sua protagonista mirim nas temporadas seguintes.
Além disso, o troca-troca de elenco fez com que vários personagens ficassem sem despedidas convincentes. O caso mais emblemático é de Dani (Gisele Medeiros), que vive muitos dramas, já que fica órfã, perde o movimento das pernas e passa por muitos perrengues para poder ser adotada pela madrinha, Carol (Flavia Monteiro). Mas, no fim, seu pai aparece do nada e a leva embora, numa situação que apenas é citada no enredo.
Para piorar, ele leva Binho (Luan Ferreira) junto, sem motivo aparente, apenas para justificar a ausência do personagem. E repito: tudo isso foi apenas citado na novela. Não houve qualquer cena de despedida. E estes são apenas alguns exemplos das várias falhas da primeira versão de Chiquititas.
Segunda versão
Já na versão escrita por Íris Abravanel, houve a preocupação de não dividir a história em temporadas. Assim, apesar de ser uma novela longa, Chiquititas conta apenas uma grande história. Somente esta decisão já fez com que o conflito de Mili (Giovanna Grigio) fosse mais bem explorado, com vários acontecimentos que a levam ao seu final feliz ao lado da mãe.
Paralelamente, Íris Abravanel vai injetando personagens que, na versão anterior, apareciam nas temporadas seguintes. Isso foi possível porque a autora explorou melhor o cenário escolar, onde os internos do orfanato estudavam. Isso fez com que eles tivessem contato com outras crianças, ampliando o universo da novela. Na versão original, isso acontecia apenas em meados da segunda temporada, quando o orfanato se muda para uma rua mais movimentada e os vizinhos passam a fazer parte do enredo.
Além disso, a versão original apresentava um pretendente diferente para Carolina a cada temporada. Já a versão de 2013 explorou melhor o relacionamento de Carol (Manuela do Monte) e Junior (Guilherme Boury).
E assim, Fernando, que na versão original era o “mocinho” da segunda temporada (vivido por Nelson Freitas), aparece como antagonista em Chiquititas 2013 (na pele de Paulo Leal). Com isso, Andrea, que na versão original era ex-namorada de Fernando (vivida por Bianca Rinaldi), agora ressurge como ex de Junior (interpretada por Thais Pacholek).
Por promover estas correções de rota, a adaptação de Chiquititas assinada por Íris Abravanel se mostra como a melhor das adaptações infantis realizadas pelo SBT. Carinha de Anjo, de 2015, foi outra boa produção, mas não teve grandes diferenças com relação ao original. Já Chiquititas corrigiu falhas e se mostrou um folhetim por inteiro. Funcionou direitinho.
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