Um erro muito comum dentre os programadores das redes de TV brasileiras é não compreender, de fato, qual é o seu público-alvo. Muitas vezes, um programa não vai adiante porque está num horário que não conversa com o público ao qual se destina, ou não sabe exatamente como atrair a plateia por não ter noção de quem, de fato, está assistindo. Com isso, produtos com potencial acabam não rendendo tanto quanto poderiam.
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Exemplo disso é o infantil Turma da Pakaraka, exibido pela RedeTV! todos os dias, às 9h e às 18h. A atração substituiu o TV Kids, e é composta, basicamente, por esquetes de humor protagonizados por três palhaços, Pepeu, Pepita e Barrú. Os esquetes servem como “costura” para o desenho Pokémon, a “real” grande atração de Turma da Pakaraka. O problema é que, enquanto o segmento protagonizado pelos palhaços se destina a um tipo de público, Pokémon já tem outro público-alvo.
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Os palhaços da Turma da Pakaraka contam piadas um tanto ingênuas (e até velhas) e promovem brincadeiras que são mais voltadas a crianças bem pequenas. Já Pokémon, embora também tenha apelo junto aos pequenos, já é uma animação mais voltada à criançada mais velha, pré-adolescentes e jovens.
Pokémon, aliás, tem um alcance bem grande, já que é uma animação com anos de estrada. A RedeTV! vem exibindo os primeiros episódios da série, que foi uma febre no Brasil no final dos anos 1990, quando era exibida pela Record no programa Eliana & Alegria. Por conta desta estrada já longa, o desenho tem potencial para atrair tanto novos espectadores, que farão o primeiro contato com o anime, quanto um pessoal mais velho, fãs saudosos que curtem rever um desenho que fez parte de suas infâncias. Tal potencial já foi atestado pela própria RedeTV!, que exibiu Pokémon no TV Kids anos atrás, com sucesso.
Desta vez, os resultados ainda são modestos, o que pode sinalizar o conflito de públicos entre Turma da Pakaraka e Pokémon. É louvável que o canal tenha ido buscar um tipo de conteúdo diferenciado para voltar a apostar no público infantil, que foi esquecido pela maioria dos canais abertos. No entanto, a emissora não tem sabido chegar neste público, ao colocar no mesmo “balaio” crianças com diferentes faixas de idade.
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