De novo?

Por que a reprise de Coração Indomável é um completo erro do SBT

Trama de 2013 é um remake de Marimar

Publicado em 21/04/2021

Muita gente se surpreendeu quando o SBT anunciou, na tarde da última segunda (19), uma ‘nova reprise’ da novela Coração Indomável para suas tardes.

Produzida em 2013 pela Televisa com base em outro grande sucesso do passado, Marimar (1994), a atração escolhida para substituir Triunfo do Amor já foi ao ar duas vezes pela rede da Anhanguera, ambas com ótimos índices de audiência. O que não significa que sua escolha tenha sido acertada para o momento atual.

Com a pandemia do coronavírus vem impactando fortemente a teledramaturgia no Brasil, o SBT foi provavelmente o canal aberto mais prejudicado. Como sua próxima produção própria, Poliana Moça, reúne vários muitas crianças e atores do grupo de risco no elenco, Silvio Santos se viu obrigado a engavetar indefinidamente o projeto e recorrer a uma bastante precoce repetição de Chiquititas para substituir a primeira temporada de As Aventuras de Poliana – decisão que, embora quase inevitável, derrubou os índices da casa no horário nobre.

Ao mesmo tempo, o Homem do Baú encontrou no segmento dos folhetins estrangeiros a fonte ideal para oferecer certo ineditismo em dramaturgia ao público, em meio a tantos repetecos nas demais emissoras. Nesse sentido, foi um grade acerto da emissora apostar em dois títulos mexicanos inéditos, Amores Verdadeiros e Triunfo do Amor, em dobradinha em suas tardes – e a audiência está aí para provar: não raro, ambas atrações figuram como os maiores números diários da casa.

Diante disso, parecia óbvio que o próximo título mexicano a ser transmitido pelo SBT fosse inédito. Só que não. E dá-lhe mais um prato requentado entre tantos que já saturam o cardápio da TV nacional…

É bem possível que a queda de audiência registrada por Triunfo do Amor em relação à sua antecessora direta, a também repetida O Que a Vida me Roubou, tenha desanimado um pouco a emissora de manter suas duas faixas vespertinas de dramalhões dedicadas a obras inéditas. É preciso observar, no entanto, que a saga de Maria Desamparada (Maite Perroni) em momento algum foi uma boa escolha para a programação da emissora.

Ao contrário de Amores Verdadeiros, que vem repetindo por aqui o mesmo êxito logrado em sua terra natal, Triunfo carregava um histórico internacional negativo de audiência, tendo fracassado no próprio México e em boa parte dos países por que passou. Exibi-la diante de tantos deméritos era uma decisão claramente arriscada – e o resultado nem chega a ser tão ruim perto do que poderia ser.

Crise significa também oportunidade, e, ao optar por uma terceira exibição de Coração Indomável, o SBT joga fora a oportunidade de continuar apresentando histórias novas ao público enquanto as demais emissoras se veem impossibilitadas de fazê-lo. Uma pena.

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