Perto do fim, Sob Pressão ainda tem fôlego para mais temporadas

Publicado em 02/05/2019

Nesta estreia da anunciada última temporada de Sob Pressão, ficou bastante claro que a série da Globo está saindo de cena cedo demais. A nova leva deixa evidente que a saúde pública brasileira e seus desafios são uma fonte inesgotável de histórias. Ou seja, não faltam temas que poderiam dar sobrevida à série. A maneira como os roteiristas conseguem incorporar ao enredo os fatos da vida real garante o interesse do público na saga de Evandro (Julio Andrade).

A terceira temporada de Sob Pressão, que estreou hoje (02) na Globo, começou mostrando as consequências da greve dos caminhoneiros. A paralisação teve efeitos diretos no trabalho de Carolina (Marjorie Estiano), que enfrentou imensas dificuldades para conseguir salvar a vida de um paciente. Além disso, a jovem médica se viu tendo que lidar com milicianos. Ou seja, mais um tema da série que encontra ecos na realidade.

Assim, a alta dose de realidade injetada nos episódios de Sob Pressão faz com que a série ofereça mais do que mero entretenimento. O programa propõe ao seu público uma oportuna reflexão sobre a saúde pública do país, denunciando os diversos tentáculos que fazem travar o sistema. Deste modo, as vítimas são os doentes inocentes, que dependem das políticas públicas de saúde para sobreviver. Sob Pressão já abordou a corrupção dentro do sistema de saúde. Agora, dá um passo além.

Personagens tridimensionais

Evandro e Carolina são grandes personagens, que dão riqueza às histórias de Sob Pressão. Em meio ao caos de suas profissões, os dois vivem uma relação cheia de obstáculos. O casal luta contra a depressão, os fantasmas passados e a correria de seus cotidianos atribulados. Em suma, são tipos realistas, que driblam o idealismo de seus papéis enquanto profissionais de saúde.

Deste modo, é por estas e outras que Sob Pressão se despedirá cedo demais. Os bons entrechos propostos a cada temporada, seguido de personagens extremamente bem delineados, deixam claro que a série tem envergadura para mais alguns anos. É uma pena que a Globo, enquanto produtora de séries, seja incapaz de levar adiante projetos como este. A decisão de encerrar a série devia ser revista.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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