Ouro Verde: Band tem boa novela em mãos, mas pode colocar tudo a perder

Publicado em 15/07/2019

Ouro Verde, novela que a Band estreou na noite de hoje (15) tem inúmeras qualidades. É um novelão clássico, com bom texto, excelente direção e fotografia e ótimos atores em cena. A trama portuguesa, vencedora do Emmy Internacional de Melhor Telenovela, bebe da fonte das novelas brasileiras e não decepciona quem gosta de um bom folhetim. No entanto, a exibição da Band tem falhas, que podem colocar a perder todo o potencial da trama.

Ouro Verde é uma história de vingança, como boa parte das novelas brasileiras. Zé Maria (Diogo Morgado) viu sua família ser assassinada a mando de Miguel (Luís Esparteiro), um poderoso empresário português. O mocinho, então, foge para o Brasil, onde ergue um império e se torna Jorge Monforte. Anos depois, ele se prepara para retornar à Portugal como acionista da empresa de Miguel, com o plano de acabar com ele. Mas ele terá um empecilho: a paixão por Bia (Joana de Verona), filha de seu inimigo.

Ou seja, trata-se de um texto clássico, baseado no bom e velho Conde de Monte Cristo. No entanto, a embalagem bem acabada e o texto instigante de Maria João Costa, que entende bem da carpintaria da telenovela, são os atrativos de Ouro Verde. Além disso, é sempre bom ver atores brasileiros em cena, como Zezé Motta (Neném), Silvia Pfeifer (Monica) e Bruno Cabrerizo (João). É a chance, também, de ver atores portugueses conhecidos por aqui atuando em sua terra natal, como Pedro Carvalho (Tomás). Assim, a Band tem em mãos um excelente produto, bem de acordo com a preferência do espectador brasileiro.

Dublagem bizarra e edição

No entanto, a Band parece não saber valorizar o bom produto que dispõe. O primeiro capítulo teve algumas falhas questionáveis, como a duração do capítulo e a edição equivocada. A emissora exibiu um capítulo com ganchos sem sentido, e com um final sem qualquer emoção. Ficou claro que o primeiro capítulo exibido pela Band foi menor que o primeiro capítulo original.

Além disso, a dublagem brasileira é um problema. A emissora parece não confiar que seu público compreenderia uma trama com sotaque português. É até compreensível, afinal, a TV brasileira nunca exibiu um produto português com som original. Entretanto, como há muitos atores brasileiros em cena, houve a opção por não dublar alguns deles. Assim, nomes como Cassiano Carneiro (Edson) e Adriano Toloza (Edu) surgiram com vozes completamente diferentes.

Enquanto isso, Zezé Motta e Silvia Pfeifer não foram dubladas. Mas Monica, apesar de não ter sotaque, fala como os portugueses. Assim, ela usa o “tu”, e não o “você”, como usamos aqui, entre outras diferenças. Mas, como os demais estão dublados e falando um claro português do Brasil, Monica é quem soa diferente. O resultado no ar é bem bizarro. Isso sem falar na abertura, pavorosa!

Mas Ouro Verde é uma produção com qualidades. E, ao menos, o canal oferece a opção de se assistir com o áudio original, que, acredite, é bem compreensível aos nossos ouvidos. Fica a torcida para que a Band perceba que pode ir mais longe com esta novela.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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