TV na quarentena

Novelas inéditas em meio a reprises não necessariamente garantem boa audiência

As poucas atrações com capítulos inéditos não foram favorecidas pela enxurrada de repetecos da concorrência

Publicado em 01/04/2020

E que o digam as atrações no gênero do SBT, As Aventuras de Poliana, e da Band, Ouro Verde. Contra esta segunda, no caso, há o fato de que já vai ao ar totalmente gravada, uma vez que foi produzida em Portugal em 2017. Sua audiência na faixa das 20h da Band fica entre um e dois pontos, desempenho aquém do que a novela merece, inclusive.

Novelas inéditas não garantem necessariamente boa audiência às emissoras que as exibam, mesmo nesses tempos de pandemia de Coronavírus suspendendo gravações por tempo indeterminado.

A novela infantojuvenil da emissora de Silvio Santos tem ficado pelos 9 pontos, quando já registrou quase o dobro disso. Mais ou menos com o mesmo está Amor Sem Igual, da Record TV, que no dia 20 também deve sair do ar por tempo indeterminado.

Ao tapar os buracos de Nos Tempos do Imperador, Salve-se Quem Puder e Amor de Mãe com Novo Mundo, Totalmente Demais e Fina Estampa, a TV Globo acertou em cheio. Pelo menos foi o que revelaram os números de audiência dos capítulos iniciais das três reprises. Seu ibope se equiparou ao de produções novas que estreassem, quem sabe.

Tal panorama só demonstra uma vez mais que, mais do que atrações inéditas de qualidade, com apelo junto a seu público habitual, TV é hábito. Entre a reprise de um sucesso e uma das novelas inéditas, que não era acompanhada até ali, parcela considerável da audiência escolhe a primeira opção.

Uma prova a mais de que novelas inéditas não garantem audiência, mesmo com reprises nos outros canais

Entre março e abril de 1983, a TV Globo ocupou seu horário das 20h com uma reprise de O Casarão (1976), de Lauro César Muniz. Escrita por Manoel Carlos, Sol de Verão foi encerrada algumas semanas antes do previsto, devido à morte de Jardel Filho, que interpretava um dos papéis principais.

Então chamada de TV Bandeirantes, a emissora dos Saad aproveitou a brecha na hegemonia global e estreou em 4 de abril Sabor de Mel, de Jorge Andrade. O diretor (Roberto Talma) e diversos nomes do elenco eram globais. Só para ilustrar, Sandra Bréa, Raul Cortez, Gianfrancesco Guarnieri, Mila Moreira, Flávio Galvão, Eva Todor e Françoise Forton estavam entre os integrantes.

O projeto chamou a atenção, sem dúvida. Com efeito, a Globo correu atrás do prejuízo e antecipou em duas semanas, de 25 para 11 de abril, a estreia de Louco Amor, de Gilberto Braga, sua nova aposta inédita para as 20h. E voltou a ter boa folga sobre a concorrência.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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