Novas mudanças de Silvio Santos prejudicam jornalismo do SBT

Publicado em 09/10/2017

A jornada de Silvio Santos em busca de um “jeito próprio” de fazer jornalismo continua. Depois de efetivar Dudu Camargo e Marcão do Povo no matinal Primeiro Impacto e dispensar nomes como Hermano Henning e Joyce Ribeiro, o “patrão” agora está mexendo na linha editorial do SBT Brasil, seu principal telejornal. Na última semana, foi notícia a nova ordem do dono do SBT, que mandou aumentar o hard news e o factual, e diminuir (ou extinguir?) matérias frias e séries de reportagens.

Com as mudanças, o SBT Brasil deixou de ter co-apresentadores de meteorologia e esportes, papéis até então desempenhados por Carolina Aguaidas e Bruno Vicari, respectivamente. Além disso, uma das séries que vinham sendo exibidas, Cenários 2018, com entrevistas com presidenciáveis, foi interrompida. Kennedy Alencar, repórter de política responsável pela série, acabou pedindo demissão e deixando a emissora.

São mais mudanças lamentáveis que fazem cair por terra o jornalismo da emissora. Algumas alterações até fazem sentido, tendo em vista que o SBT Brasil sempre pecou pelo excesso de material frio, sobre comportamento e assuntos mais amenos. Entretanto, aboli-los de vez não me parece a melhor saída. Pior ainda é colocar neste balaio material relevante, como as produzidas por Kennedy Alencar, um profissional do mais alto gabarito. Sem ele e suas matérias especiais, SBT Brasil perde relevância e identidade.

É triste constatar que, aos poucos, o jornalismo do SBT, que mesmo de alcance limitado trazia em seus quadros excelentes profissionais, começa a ser esvaziado para se tornar, novamente, um jornalismo que só existe para cumprir tabela. Silvio Santos acerta quando diz que o papel do jornalismo é, essencialmente, informar. Mas erra feio ao considerar que o jornalismo não pode, também, ser reflexivo, ativo, ousado e relevante. O SBT Brasil dos tempos de Ana Paula Padrão não existe mais.

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