Do choro ao riso

No papel da desastrada Kyra, Vitória Strada se destaca em Salve-se Quem Puder

Novela das 19h é a única inédita em exibição na TV Globo atualmente

Publicado em 28/05/2021

A novela Salve-se Quem Puder voltou no dia 17 de maio com capítulos inéditos na faixa das 19h da TV Globo, depois de três reprises motivadas pela pandemia de covid-19 – as de Totalmente Demais, Haja Coração e da própria Salve-se Quem Puder, dos capítulos exibidos em 2020. É a única atração do gênero hoje na casa a ter material inédito no ar.

As nove semanas transmitidas no ano passado foram compactadas agora em oito – diga-se de passagem, bem que poderiam ter sido menos semanas ainda, quem sabe quatro ou cinco. Bastaria para refrescar a memória do público e fazer a cama para os novos capítulos.

Todavia, não podemos esquecer de que ganhar tempo nas circunstâncias atuais é necessário para a emissora, e por isso mesmo uma novela de sucesso com poucas semanas ser reprisada praticamente na íntegra ajuda a adiar confortavelmente a estreia de sua sucessora inédita, Quando Mais Vida, Melhor, ainda sem data fechada. Nesta semana já se divulgou que outra reprise deve substituir Salve-se Quem Puder, inclusive.

Dito isso, a oportunidade de revisitar os 54 primeiros capítulos da novela enquanto não entram no ar os novos reforçou os pontos positivos de Salve-se Quem Puder. Das três atrizes protagonistas, Deborah Secco e Juliana Paiva são bastante eficientes em seus papéis de sensual cômica e mocinha em busca da mãe, respectivamente. Mas Vitória Strada talvez seja a grande surpresa do trio.

Essa é a terceira novela da jovem atriz, que em Tempo de Amar e Espelho da Vida interpretou personagens dramáticas, densas, bem diferentes da desastrada Kyra Romantini da atual novela das 19h. Afastada dos folhetins desde 2018, quando viveu a Clara de O Outro Lado do Paraíso, de Walcyr Carrasco, Bianca Bin foi escalada primeiro para o papel de Kyra, mas acabou não integrando o projeto.

Maria Vitória e Cris, personagens anteriores de Vitória Strada, sofriam bastante em busca da resolução de seus conflitos. A primeira foi separada do amado e teve tirada de si a filha, fruto desse amor. A segunda, atriz de cinema, se viu às voltas com sua vida passada ao ir para o interior de Minas Gerais protagonizar um filme sobre um crime que marcou a região nos anos 1930 – sua encarnação anterior foi justamente na pele da personagem real que interpretava.

Não que Kyra não sofra, não chore, não tenha problemas. A personagem é mais do que uma pateta que quebra as coisas por onde passa, dá pitis por besteira e se descontrole de maneira de que potencializa esse tumulto. Passando-se por morta justamente para que não morra, ela se viu diante da imposição de ficar longe do noivo, Rafael (Bruno Ferrari).

Atendendo pelo nome de Cleyde, Kyra foi trabalhar na casa do advogado Alan Máximo (Thiago Fragoso), primo da amiga Alexia (Deborah Secco), que mudou o nome pata Josimara e, em retribuição, foi cuidar de Rafael trabalhando com ele em sua empresa, a Labrador. Viúvo, gentil, “fofo”, Alan logo começou a balançar o coração de Kyra. E o mesmo pode ser dito a respeito dela, que agora vive o conflito de estar dividida entre dois homens.

O que não a livra de se meter em confusões, como a busca por um pen-drive na sala de Dominique (Guilhermina Guinle) com a iminente chegada da bandida, perfeitamente capaz de matar Kyra e as amigas sem nenhum problema, mais ainda com essa invasão.

Tanto nas cenas românticas quanto nas mais dramáticas, além de ter se encontrado nas sequências da Kyra cômica, Vitória Strada demonstra que foi um acerto para o papel – e que pode ir para além das mocinhas sofredoras, ainda que possivelmente outras venham pela frente, já que seu bom desempenho ao interpretá-las mais do que se comprovou. Todavia, que isso não impeça que outros papéis em comédias surjam para a jovem atriz.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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