novela portuguesa

Nazaré: Band aposta em dramalhão português, mas não facilita a vida do público

Emissora promove cortes que atrapalham a experiência do público

Publicado em 18/05/2021

A novela portuguesa Nazaré é a nova tentativa da Band de conquistar seu lugar ao sol no segmento da teledramaturgia. Depois de experimentar sucessos e fracassos com as tramas turcas, a emissora do Morumbi mirou na produção portuguesa com Ouro Verde, mas não deu continuidade ao plano ao optar pela reprise de Floribella. Com Nazaré, portanto, a emissora retoma a ideia.

E é uma boa ideia, diga-se. As novelas portuguesas bebem muito da fonte brasileira, apresentando tramas com estruturas bastante semelhante às novelas daqui. Como os folhetins da Globo fazem muito sucesso em Portugal, a TV portuguesa tem se dedicado a produções parecidas, que chamam a atenção pelo capricho visual e pela narrativa cheia de personagens e reviravoltas.

Ouro Verde era bastante semelhante às novelas brasileiras, do visual ao texto. E até contava com um elenco conhecido do público daqui, com nomes como Gracindo Junior, Zezé Motta, Silvia Pfeifer e Pedro Carvalho. Já Nazaré não conta com artistas conhecidos daqui, e tem um enredo mais melodramático, que flerta com o dramalhão latino.

Na trama, Nazaré (Carolina Loureiro) cuida de sua mãe doente. Ela namora um bandido, Toni (Afonso Pimentel), com quem participa de um assalto. Mas ela se envolverá com o playboy Duarte (José Mata), numa tentativa de salvar sua mãe. Ou seja, a trajetória da mocinha é marcada por tragédias de todo tipo.

Nazaré, então, parece uma mistura entre uma novela brasileira e mexicana. Folhetim rasgado, a produção carrega nas tintas, o que pode agradar o público de uma boa “novela raiz”. Tem apelo e pode funcionar.

Erros da Band

No entanto, a Band não ajuda muito em sua estratégia de programação. A emissora, para encaixar o drama em sua grade, trata de reduzir os capítulos, o que corta muito da emoção. Na estreia desta terça-feira (18), por exemplo, o capítulo que a Band exibiu é praticamente metade do capítulo original.

Assim, o que se viu foi uma apresentação de personagens burocrática e pouco conexa. Além disso, o gancho final não foi poderoso o suficiente. Ou seja, os cortes promovidos pela emissora não deixam o público se envolver e se emocionar com a novela. Como manter o espectador ligado assim?

Outro erro é trocar a abertura da trama. Não faz o menor sentido substituir a vinheta original, deliciosamente cafona, por um apanhado genérico de cenas da produção. Parece bobagem, mas o noveleiro presta atenção em detalhes assim. Há terreno para que a produção portuguesa floresça aqui, mas a Band precisa colaborar para não atrapalhar a experiência da plateia.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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