O golpe dado por Josiane (Agatha Moreira) fez bem à Maria da Paz (Juliana Paes), heroína de A Dona do Pedaço. Ao se ver sem nada e sendo obrigada a recomeçar, Maria arregaçou as mangas e foi à luta, como uma boa mocinha batalhadora de novela deve ser.
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Com isso, a atriz Juliana Paes finalmente conseguiu achar o tom da personagem, que sofreu com as inúmeras mutações de sotaques e personalidades ao longo da novela da Globo.
Maria da Paz começou a novela romântica e ingênua. De repente, surgiu com um sotaque carregado. Depois, se tornou uma perua espalhafatosa, com novo sotaque. Quando reencontrou seu grande amor, se tornou um híbrido de perua espalhafatosa e heroína romântica.
A falta de uma direção mais contundente fez da protagonista de A Dona do Pedaço uma personagem flutuante. Neste contexto, Juliana Paes parecia testar os mais variados recursos, na tentativa de encontrar quem era essa mulher. Durante muito tempo, não conseguiu.
Mas a derrocada de Maria deu contornos mais humanos a ela. Assim, ela perdeu (como num passe de mágica, é verdade, mas perdeu) o tom exagerado e colorido, voltando a uma persona mais natural. Além disso, o fato de Maria da Paz não esmorecer e encarar os seus problemas com otimismo fez com que a mocinha, finalmente, mostrasse algum carisma e empatia.
Deste modo, Maria da Paz conseguiu, aos trancos e barrancos, se tornar uma mocinha pela qual é possível torcer.
Virada
Além da personalidade mutante, Maria da Paz sempre se mostrou muito ingênua, sobretudo com a cegueira diante das maldades da filha Josiane. A mocinha ganhou a pecha de ‘burra’, e mais um motivo para que o público não torcesse por ela.
Assim, neste momento em que a mocinha enxerga a vida com maior clareza, finalmente é possível se envolver com sua luta. Atualmente participando do concurso Best Cake, Maria da Paz conta com o apoio do espectador de A Dona do Pedaço.
Juliana Paes é uma atriz em constante evolução. Nestes quase 20 anos de televisão, fez mocinhas importantes, como em Pé na Jaca e Caminho das Índias, além de ter conquistado público e crítica como a envolvente Bibi de A Força do Querer.
Assim, sua maior dificuldade na construção de Maria da Paz se deu mesmo em razão do texto equivocado de Walcyr Carrasco, que levou sua mocinha a caminhos tortos, ao sabor de onde queria levar sua história. Não havia preocupação com coerência. Mas, ao menos na reta final, o autor acertou o passo e permitiu fazer a estrela de sua novela brilhar. Antes tarde do que nunca.
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