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Malhação: Viva a Diferença foi reprisada em momento oportuno

Anos depois, a trama de Cao Hamburger ganhou ainda mais relevância na reprise

Publicado em 22/01/2021

Já que a saída para driblar a pandemia era reapresentar novelas, que ao menos fossem produções relevantes. Malhação: Viva a Diferença, cuja reprise termina nesta sexta-feira (22), pode ser apontada como uma delas. A história de Cao Hamburger ressignificou a novela adolescente da Globo em 2017, e seu retorno em 2020/21 se mostrou bastante oportuno.

Viva a Diferença, como o próprio título sugere, tratou das diferenças com muita perspicácia. A trama não deixou de lado o folhetim, e nem deixou de respeitar seu horário de exibição, mas trouxe uma maturidade à faixa normalmente dominada por textos infantiloides. A trama quebrou paradigmas e tentou, na medida do possível, mostrar o jovem paulistano médio sem filtros.

A novela foi amarrada pelas cinco protagonistas, todas bem diferentes entre si. Com as “five”, Malhação teve, por exemplo, sua primeira heroína oriental, ou sua primeira protagonista pertencente ao espectro autista, ou ainda sua primeira personagem principal homossexual. Benê (Daphne Bozaski), Ellen (Heslaine Vieira), Lica (Manoela Aliperti), Tina (Ana Hikari) e Keyla (Gabriela Medvedovski), com uma amizade baseada nas diferenças entre si, passaram a clara mensagem que todos podem viver em harmonia.

Neste contexto, a narrativa de Hamburger se mostrou progressista, ao falar sobre revolução sexual, empoderamento feminino ou a importância da educação (e este último tema foi tratado sem pieguice, por incrível que pareça). E, veja só, seus últimos capítulos falaram sobre o poder destruidor das “fake news”, num plano maléfico da vilã Malu (Daniela Galli).

Pautas urgentes

Ou seja, mesmo mais de três anos depois de sua exibição original, Malhação: Viva a Diferença ainda parece atual. Mais do que isso: parece necessária, neste momento em que uma onda conservadora vem fazendo com que várias das conquistas sociais alcançadas nos últimos anos caia por terra.

Malhação: Viva a Diferença traz jovens que não têm vergonha de ser quem são, e que acreditam que a mudança se faz ao caminhar para frente, e não para trás. É uma mensagem urgente no atual contexto social, político e, sobretudo, humanitário.

Além disso, a trama tem elementos pontuais que a colocam como uma produção ousada. Seu desfecho, que mostra os amigos se despedindo, não é propriamente um final feliz, mas é um final com o pé no chão: a fase entre o fim do Ensino Médio e o início da faculdade é um momento de encontros e despedidas. É o primeiro sinal de que a juventude, que parece eterna, tem seu fim.

E é interessante notar que As Five, série derivada da produção em cartaz no Globoplay, mantém esta máxima intacta. As meninas se reencontram após anos afastadas, mas os perrengues do início da vida adulta batem à sua porta.

Por tudo o que representa, Malhação: Viva a Diferença tem seu lugar no hall das melhores tramas da faixa. E seu retorno foi mais do que bem-vindo.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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