Jornalismo da Globo se rende ao ufanismo exagerado na Copa do Mundo

Publicado em 18/06/2018

A seleção brasileira de futebol estreou ontem (17) na Copa do Mundo numa performance mediana diante da seleção suíça. Mas Galvão Bueno, nosso “animador oficial” dos jogos de futebol, não perdeu a fé na seleção, fazendo seus conhecidos discursos de panos quentes no final da transmissão da Copa do Mundo na Globo. Até aí, tudo bem. Galvão transforma qualquer jogo da seleção num espetáculo, e, goste-se ou não, é este seu papel num evento tão grandioso quando uma Copa. No entanto, tal alegria otimista não devia ser levada de maneira tão enfática nos telejornais da emissora. E é isso que vem acontecendo, prejudicando a boa informação.

Na semana passada, ainda antes da abertura oficial dos jogos, telejornais importantes da grade, como o Jornal Hoje e o Jornal Nacional foram, gradativamente, aumentando o espaço do futebol entre seus assuntos. E, quando a Copa começou de fato, os jornais praticamente se esqueceram dos demais assuntos. De uma maneira desproporcional, a crise política brasileira “cedeu” espaço a reportagens que enalteciam os “heróis” brasileiros na Rússia.

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Não bastasse a distribuição desigual dos temas, a cobertura peca pela total ausência de tom crítico. Todos os jornais da Globo mostram a “seleção canarinho” como a grande vedete da Copa do Mundo. Não há espaço para análises mais aprofundadas sobre o futebol brasileiro, que não vive às mil maravilhas como parece em tempos de Copa do Mundo.

É evidente que, para a Globo, a Copa do Mundo é, antes de tudo, um negócio. É importante que ela mobilize os brasileiros, para que o grande investimento na transmissão do evento tenha um retorno. Por isso mesmo, sua equipe se empenha para fazer o espetáculo acontecer. Mas seria interessante se houvesse um equilíbrio aí. A emissora pode continuar fazendo da Copa um espetáculo, mas não devia contaminar seu jornalismo com o mesmo tom ufanista visto nas transmissões e nos programas de entretenimento. O público que busca informação de qualidade acaba perdendo.

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*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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