“Inspirada” em Uma Linda Mulher, Amor Sem Igual é proposta ousada da Record TV

Publicado em 10/12/2019

Amor Sem Igual estreia nas noites da Record TV com um desafio e tanto pela frente. Cabe à nova trama de Cristianne Fridmann consolidar a faixa “não-bíblica” de novelas da emissora, mostrando ao público do canal que a programação vai além da religião. E, para deixar isso claro, a nova produção da Record vem com uma ousadia e tanto. A trama é protagonizada pela prostituta Poderosa (Day Mesquita).

Surpreendentemente, o primeiro capítulo de Amor Sem Igual mostrou as dificuldades da vida levada por Angélica, a Poderosa. A garota de programa sofreu violência, foi humilhada e passou por várias provações, mostrando que a tal “vida fácil” não é tão fácil assim. O fato de a protagonista ter sido mostrada assim, sem juízo de valor, foi o grande mérito da estreia. A profissão não foi romantizada, nem exaltada e nem julgada.

Mas a clara inspiração em Uma Linda Mulher mostra que Amor Sem Igual não deve ir muito fundo na temática da prostituição. A sequência de Poderosa sendo humilhada numa loja fina e saindo por cima remeteu bastante ao famoso filme de Julia Roberts. O humilde Miguel (Rafael Sardão) se apaixonou pela jovem, mesmo sabendo que ela é uma prostituta. Porém, Angélica não acredita no amor, partindo daí o conflito romântico do casal principal. Isso e o fato de Poderosa ser perseguida pelo desconhecido irmão Tobias (Thiago Rodrigues), que não quer que o pai a encontre para não precisar dividir uma herança. Em suma, o bom e velho folhetim.

Mocinhos “prata da casa”

Uma das coisas que chamou a atenção na estreia de Amor Sem Igual foi a escolha dos protagonistas. A escalação mostra uma tendência da dramaturgia da Record de aposta em “pratas da casa”, ao invés de buscar atores sem contrato de novelas recentes da Globo. Isso é importante no sentido de renovar o elenco e apostar em sangue novo.

Day Mesquita tem passagens pela Globo e pelo SBT, mas caiu nas graças da Record depois de sua participação na cinebiografia de Edir Macedo, Nada a Perder. Assim, ela surge aqui como a jovem desesperançosa que deve ser transformada pelo amor, e está muito bem.

Já Miguel é vivido por Rafael Sardão, ator “nascido e criado” na Record. Depois de participações em tramas como Rebelde, Pecado Mortal, Os Dez Mandamentos e Jezabel, entre outras, ele agora aparece liderando o elenco de Amor Sem Igual. E a aposta se mostrou bastante acertada. Sardão não decepciona com um personagem difícil em mãos.

Ousadia

Mesmo com tom romântico, o fato de Amor Sem Igual ter uma prostituta à frente da história mostra que a Record vem buscando novos caminhos para sua dramaturgia. Claro, sempre há o risco de Poderosa ser “salva” pela religião. Mas se conseguir escapar deste caminho fácil, Amor Sem Igual pode funcionar. A história criada por Cristianne Fridman parece interessante e cheia de possibilidades.

Assim, o desafio da trama será driblar um possível conservadorismo da audiência da emissora. Ultrapassando esta barreira, Amor Sem Igual pode emplacar. E, caso emplaque, estaremos definitivamente diante de uma nova fase na dramaturgia da Record.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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