Sol e mar

Globo retoma “feijão com arroz” com Flor do Caribe

Na trama, Walther Negrão revisita vários elementos de suas obras anteriores

Publicado em 31/08/2020

Sai a ambientação pesada do Brasil Império de Novo Mundo, entra o visual paradisíaco do Nordeste Brasileiro de Flor do Caribe. Obrigada a recorrer a uma nova reprise, em razão da paralisação das gravações de Nos Tempos do Imperador, a direção da Globo optou por ir na direção oposta e oferecer ao público um arroz com feijão bem temperado.

Exibida originalmente em 2013, Flor do Caribe parece uma reverência de Walther Negrão à sua própria obra, já que a trama reúne vários dos ingredientes que consagraram o veterano autor. A proposta da trama é justamente retomar o clima praiano contemplativo de Tropicaliente, um sucesso mundial do autor.

Além disso, há várias figuras elementares da galeria de Negrão, como o vilão obcecado pela mocinha. Aqui, o posto é ocupado por Alberto (Igor Rickli), que se faz de amigo de Cassiano (Henri Castelli), mas é apaixonado pela namorada dele, Ester (Grazi Massafera). Para separá-los, ele será capaz de uma armação que levará o mocinho a ficar preso no Caribe, trabalhando como escravo numa mina.

Enquanto isso, ele é dado como desaparecido no Brasil, e Alberto aproveita a chance para seduzir Ester. Mas, sete anos depois, Cassiano retorna, e encontra sua amada casada com o vilão, e criando com ele o seu filho.

Trata-se de uma premissa que lembra demais Vila Madalena, incursão de Negrão ao horário das sete em 1999. Na trama, o vilão Arthur (Herson Capri) arma para prender Solano (Edson Celulari) injustamente, com o objetivo de ficar com Eugênia (Maitê Proença). O mocinho passa sete anos na cadeia e, quando sai, encontra a ex casada com o malvado.

Bem temperado

Embora não traga nada de novo, Flor do Caribe tem uma estrutura folhetinesca muito bem armada, com personagens bem construídos e tramas bem amarradas. A direção de Jayme Monjardim, que privilegia a fotografia, transforma o ambiente praiano nordestino num espetáculo visual.

Além disso, embora narre um típico romance das seis, Flor do Caribe tenta algum aprofundamento com a abordagem do nazismo. Dionísio (Sérgio Mamberti), o avô de Alberto, era um antigo oficial do nazista, e que foi responsável por prender a família do judeu Samuel (Juca de Oliveira), pai de Ester, num campo de concentração.

A rivalidade entre Dionísio e Samuel é um dos pontos altos da história, e que rende bons momentos. O encontro dos veteranos Sérgio Mamberti e Juca de Oliveira em cena se revelou muito feliz.

Mas, no geral, Flor do Caribe é uma trama leve, simples, e que deve agradar novamente a audiência do horário. A novela pode ser uma boa sala de espera para Nos Tempos do Imperador.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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