Estreia

Globo repara erro exibindo Hebe na TV

No início do ano, série foi preterida por reprise de O Auto da Compadecida

Publicado em 30/07/2020

No final do ano passado, havia a expectativa de que Hebe, a série, seria exibida no início de 2020 na Globo. A emissora tem tradição de exibir microsséries em sua grade de ano novo, e Hebe seria a atração. No entanto, isso não aconteceu. Hebe foi lançada em dezembro de 2019, no Globoplay, e a minissérie que abriu o ano da emissora foi uma reprise de O Auto da Compadecida.

Sem desmerecer O Auto da Compadecida, mas Hebe merecia este espaço. Afinal, a produção tem mesmo cara de minissérie de início de ano da Globo. Em 10 capítulos, a série aborda a trajetória de Hebe Camargo, uma das figuras mais importantes e instigantes da história da televisão. Sua vida é folhetinesca, no melhor sentido da palavra, já que Hebe tem a clássica trajetória da menina de origem humilde que venceu na vida com seu trabalho.

Numa narrativa que vai e volta no tempo, a série Hebe tem um segmento contemporâneo tenso, mostrando os conflitos e a doença da apresentadora. Mas também mostra sua origem, de empregada doméstica a cantora de rádio. Assim, o que se vê na tela é uma reconstituição de época impecável, boas interpretações e uma história envolvente.

Ou seja, Hebe não deve nada a outras minisséries que já abriram o ano da Globo no passado, como Maysa, Dalva e Herivelto ou Dercy de Verdade. É mais uma biografia de uma importante personagem nacional, feita com todo o esmero. Sendo assim, merecia ter sido exibida no início do ano.

Provavelmente, a pandemia “colaborou” para que Hebe ganhasse uma nova chance na TV Globo. Com a dramaturgia paralisada, a emissora vem recorrendo a produções lançadas originalmente no Globoplay para completar a grade. Mesmo sendo uma solução de emergência circunstancial, a estreia de Hebe na TV corrige um erro. É uma produção popular, no melhor sentido da palavra, que merece uma janela de alcance mais amplo que o streaming.

História da TV

Os créditos de Hebe deixam claro que a série é uma obra de ficção, “livremente inspirada na vida de Hebe Camargo”. Ou seja, a obra não tem compromisso com a fidelidade dos fatos, o que fez com que amigos da apresentadora reagissem. No entanto, a série cumpre bem a missão de contar uma linda trajetória, e funciona como uma merecida homenagem a Hebe.

Andrea Beltrão não se parece com Hebe, e fugiu da armadilha de tentar imitá-la. São sutilezas, como a forma de falar e alguns gestos, que rementem à apresentadora, numa composição que funcionou bem. Valentina Herszage, a Hebe jovem, é uma grata surpresa: segura, doce e muito carismática.

E, mais do que contar a história de Hebe, a minissérie faz uma boa abordagem da história da própria TV. Junto com o desenvolvimento da carreira de Hebe, o espectador é convidado a testemunhar o nascimento e a evolução do veículo, mostrando várias passagens históricas.

Sendo assim, Hebe é uma produção que vale o ingresso. Muito melhor que o filme de 2019, a série tem predicados e todas as condições de atrair o público saudoso da apresentadora.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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