crítica

Final atropelado encerra a irregular Malhação: Toda Forma de Amar

Trama de Emanuel Jacobina teve seus méritos, mas durou mais do que deveria

Publicado em 03/04/2020

Malhação: Toda Forma de Amar foi forçada a ter um desfecho cheio de pontas soltas. A pandemia de coronavírus obrigou o autor Emanuel Jacobina a colocar um ponto final em sua história, ainda faltando cerca de um mês para seu desfecho previsto. Com isso, a trama teve um final “a la Brida”, novela da Manchete encerrada com um narrador contando o destino dos personagens. Foi um final atropelado de uma temporada marcada pela irregularidade.

Justiça seja feita, com Malhação: Toda Forma de Amar, Emanuel Jacobina apresentou um de seus melhores textos. Depois das fracas Seu Lugar no Mundo e Pro Dia Nascer Feliz, o novelista absorveu a evolução da trama teen provocada pela Viva a Diferença, de Cao Hamburger. E imprimiu ao seu texto um tom mais adulto, fugindo da velha fórmula “mocinhos atrapalhados por uma megerinha”. Assim, ele ousou a ter como trama principal uma adolescente que disputa a guarda de sua filha com a mãe adotiva.

Em Toda Forma de Amar, Rita (Alanis Guillen) descobriu que a filha que acreditava estar morta foi, na verdade, entregue à adoção. Ela, então, trava na justiça uma batalha pela guarda da garota com Lígia (Paloma Duarte). Mas Rita se apaixona justamente por Filipe (Pedro Novaes), o filho de Lígia. Está aí um drama interessante. Além disso, nas tramas paralelas, o autor tocou em assuntos importantes, como a importância da educação de qualidade. E, sobretudo, a aceitação da homossexualidade, por meio da história de Guga (Pedro Alves) que, no geral, foi muito bem desenvolvida.

Andando em círculos

No entanto, apesar da proposta interessante, a trama de Malhação: Toda Forma de Amar, claramente, não tinha musculatura para ficar mais de um ano no ar. Logo, a disputa pela guarda de Nina passou a andar em círculos. A história de amor entre Rita e Filipe também acabou não empolgando.

Esta falta de trama chegou ao estopim quando Rita sumiu misteriosamente. A história chegou a ficar mais de um mês com a sua protagonista fora de cena, num sequestro que em nada acrescentou à história. Pelo contrário. Era uma clara tentativa de esticar uma história que já não tinha mais para onde ir. Assim, quando a trama foi obrigada a ser encerrada antes da hora, havia um sequestro a ser resolvido e os desfechos dos personagens para mostrar. Não houve tempo.

Final narrado

Por isso, na sequência final, Rita e Filipe se reencontraram e contaram ao público como terminaram as histórias de Malhação: Toda Forma de Amar. É compreensível a necessidade de encerrar a história neste momento de pandemia, mas os problemas seriam menores se Malhação não tivesse a previsão de ficar mais de um ano no ar.

Por conta do tom mais adulto e próximo das novelas, Malhação: Toda Forma de Amar teve seus méritos. Mas a duração além do que a trama poderia render comprometeu a obra, bem mais do que o fim atropelado. Sendo assim, a direção de teledramaturgia da Globo poderia rever a duração das temporadas de Malhação. Por que não a duração de uma novela normal? Todos ganhariam com isso.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo. 

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