
Quando Fina Estampa começou, sua trama partia da conturbada relação entre Griselda (Lília Cabral) e Antenor (Caio Castro). O jovem estudante de medicina é bolsista numa faculdade particular, convivendo com pessoas de poder aquisitivo maior que o dele. Por isso, tem vergonha da mãe, que trabalha como faz-tudo e é chamada de “Pereirão”.
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É justamente este sentimento que desencadeia a história da trama principal. Sem coragem de apresentar a verdadeira mãe para a família da namorada, que é rica, Antenor cria uma grande mentira. Mas o plano dá errado, levando Griselda a uma grande decepção. Daí é que nasce a rivalidade entre Griselda e Tereza Cristina (Christiane Torloni) e todo o conflito do enredo.
Por isso mesmo, esperava-se que esta relação tão espinhosa entre mãe e filho fosse mais bem resolvida ao longo da novela. Griselda enriquece e oferece novas oportunidades aos filhos. E Antenor se vê no lugar que sempre quis. A mãe até tenta conter o deslumbramento do filho, mas a coisa não vai adiante.
Ou seja, no decorrer dos capítulos de Fina Estampa, fica uma ponta solta inexplicável entre Griselda e Antenor. O rapaz, com seu jeito arrogante, foi capaz de atitudes um tanto condenáveis. E não apenas com a mãe, mas também com os irmãos e até com a namorada. Mas, em nenhum momento, o caráter de Antenor é questionado. A pose esnobe dele vai se desfazendo aos poucos, sem razão para isso.
Não há um ponto de virada em que Antenor percebe o valor de Griselda. Não há um momento de catarse, no qual ele se arrepende do que fez. Não há um processo de redenção. Antenor não se transforma no decorrer de Fina Estampa, mas apenas vai nadando a favor da maré.
Assim, a sensação que fica é que Antenor acabou recompensado por todos os absurdos que fez. Ele cometeu infrações graves, mas termina a obra rico, ao lado da mãe que humilhou, e junto com a namorada que enganou. Dentre os tantos problemas de Fina Estampa, a falta de uma trajetória mais consistente para Antenor chama a atenção.
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