Reprise da vez

Êta Mundo Bom! é aposta à prova de erros da Globo no Vale a Pena Ver de Novo

Emissora acerta ao escolher um título bastante adequado ao horário

Publicado em 27/04/2020

Não é por acaso que Walcyr Carrasco é um dos atuais nomes mais requisitados para o Vale a Pena Ver de Novo. Suas novelas, sobretudo as escritas para o horário das seis, parecem feitas sob medida para o horário vespertino. Não é diferente com Êta Mundo Bom!, que começa a ser exibida na faixa. A trama de 2016 reúne todos os ingredientes que consagrou a “obra carrasquiana”, e que agradam em cheio ao público da tarde, normalmente formado por jovens e donas de casa.

Com Êta Mundo Bom!, Walcyr Carrasco retornava ao horário das seis depois de um hiato de quase dez anos. Neste meio tempo, o novelista atuou no horário das sete, das nove e das onze. Deste modo, ele retornava ao horário no qual emplacou vários dos principais títulos de sua obra. E não é exagero afirmar que Carrasco ditou moda na faixa. Seu estilo “comédia romântica de época” ditou os rumos do horário. O Cravo e a Rosa, Chocolate com Pimenta e Alma Gêmea formaram uma trinca poderosa, que elevou a audiência da faixa e teve a fórmula replicada por outros autores.

Sendo assim, Êta Mundo Bom! foi um bem-vindo retorno às origens. Assim como nas novelas anteriores, Carrasco propôs uma comédia leve, ingênua, muito calcada em caricaturas interioranas, com cenas em sítios e um humor teatral, que dosa inocência e malícia. Desta vez, a inspiração estava em Candinho, de Mazzaropi, que se tornou um tipo muito bem vivido por Sérgio Guizé. É a saga do caipira ingênuo e otimista que vai à cidade grande em busca de sua mãe, Anastácia (Eliane Giardini). Assim, ele se torna alvo de parentes como Sandra (Flavia Alessandra), que não quer dividir a herança da rica empresária com ninguém.

Comédia de personagens

Ou seja, Êta Mundo Bom! apostou num folhetim básico, mas recheado de personagens carismáticos, gags leves e muitos bordões. Sequências como as de Mafalda (Camila Queiroz) querendo conhecer o “cegonho”, ou o sem-número de tipos vividos por Pancrácio (Marco Nanini) para ganhar a vida, se tornaram memoráveis. Mais uma vez, o autor apostou numa história que se segurava em personagens, criando situações episódicas para explorá-los ao máximo. E funcionou. Com Êta Mundo Bom!, a Globo viu o horário das seis atingir audiências que há tempos não via (e que não vê mais até hoje).

Por isso, a novela estreia no Vale a Pena Ver de Novo com todas as condições de repetir seu sucesso original. Uma trama simples, direta e graciosa, que tem tudo a ver com o horário de exibição. Aliás, vale ressaltar que o estilo de Carrasco, bastante didático e teatral, sempre soa forçado em suas novelas das 21 horas, mais cai como uma luva no horário das seis. Não por acaso, suas melhores novelas foram escritas justamente para este horário. Sendo assim, Êta Mundo Bom! é uma oportuna reprise que vale a pena ver de novo.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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