Éramos Seis: Shirley cresce e assume a vilania da novela

Publicado em 19/02/2020

No início de Éramos Seis, Shirley (Bárbara Reis) surgiu como a pedra no sapato do romance pueril de Carlos (Xande Valois) e Inês (Gabriella Saraivah). Sua relação mal resolvida com João Aranha (Caco Ciocler) a fez se separar de Afonso (Cassio Gabus Mendes), partir e levar a filha consigo, “quebrando” uma relação familiar e um amor entre dois jovens. Porém, a trama de Angela Chaves reservou mais momentos para a personagem. Depois de um bom tempo sumida, Shirley ressurgiu, e desta vez com uma missão maior: separar Lola (Gloria Pires) de Afonso na novela das seis da Globo.

Ou seja, cabe à Shirley as vilanias dentro de uma novela marcada por poucos personagens “do mal”. Éramos Seis sempre se colocou mais como uma crônica cotidiana de época, cujos percalços acontecem por motivos corriqueiros, como doenças ou problemas financeiros. Tipos mais controversos, como Emília (Susana Vieira), movem situações, mas não necessariamente ditam as maldades da trama.

No entanto, Shirley veio ocupar este espaço. A autora foi bastante feliz ao utilizar a personagem como curinga, colocando-a em evidência agora, na reta final da novela, dando-lhe importantes conflitos. Afinal, uma das novidades desta versão de Éramos Seis foi justamente o novo romance de Lola, que forma um par adorável com Afonso. Mas um bom romance que se preze não pode ser assim, tão “fácil”. Deste modo, a presença de Shirley ajuda a agitar a novela e fazer aumentar a torcida pelo final feliz de Lola e Afonso.

Contradições

Shirley, sem dúvidas, é uma personagem interessante. Ela optou por abandonar Afonso para viver um amor do passado. Mas, depois de passar anos não tão bons assim, ela retornou arrependida. E se sente no direito de reatar com Afonso. É uma contradição que imprime muita humanidade ao tipo, que é movida por sentimentos que a levam a atitudes incoerentes. Em suma, Lola ganhou uma antagonista de peso.

A personagem também evidencia o trabalho de Bárbara Reis. Defendendo pela primeira vez um grande personagem numa novela, a jovem não decepciona. Mais do que isso: convence ao dar vida a uma mulher mais velha que ela, que tem apenas 30 anos. A atriz consegue dar o tom certo a esta mulher que leva o peso de experiências não tão felizes. Merece atenção.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.   

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