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Em meio a dramalhões, reprise de Ti-ti-ti veio em boa hora

Trama do Vale a Pena Ver de Novo é leve e bem-humorada

Publicado em 29/03/2021

A tristeza tem dominado a dramaturgia da Globo. No fim da tarde, Camila (Carolina Dieckmann) enfrenta uma leucemia em Laços de Família. Depois, Ana (Fernanda Vasconcellos), em coma, faz sua família sofrer em A Vida da Gente. E às 21 horas, as agruras de Lurdes (Regina Casé) têm deixado o espectador aflito em Amor de Mãe.

Sendo assim, a reprise de Ti-ti-ti no Vale a Pena Ver de Novo veio em momento oportuno. Leve, escrachada e muito divertida, a adaptação de Maria Adelaide Amaral da obra de Cassiano Gabus Mendes servirá como um alento para o fã de novelas cansado de tanta desgraça. A rivalidade de Victor Valentim (Murilo Benício) e Jacques Leclair (Alexandre Borges) se faz necessária.

A grande sacada da trama das sete exibida em 2010 é o fato de a autora não ter se apegado à versão original. Além de misturar elementos de Plumas & Paetês, de onde vem o plot de Marcela (Isis Valverde) e Edgar (Caio Castro), Maria Adelaide Amaral ainda resgatou personagens clássicos, deu toques de metalinguagem e amarrou tudo em meio a novas histórias, fazendo uma nova novela.

O fato de ter duas histórias principais permitiu aos autores aumentar a carga de nonsense no núcleo dos estilistas. Deste modo, o Ariclenes de Murilo Benício não se levava a sério, enquanto o Leclair de Alexandre era totalmente over (aliás, pela primeira vez, a canastrice do ator combinou com um personagem dele). E ainda havia entre eles a novidade Jaqueline Maldonado (Claudia Raia), que se tornou um acontecimento.

Enquanto isso, o folhetim mais clássico ficava com o triângulo amoroso envolvendo Marcela, Edgar e Renato (Guilherme Winter), com todos os encontros e desencontros básicos do melodrama. Que ganhou um toque de modernidade ao inserir a temática LGBTQ+, com Julinho (André Arteche), que até tem direito a uma história de amor própria quando conhece Tales (Armando Babaioff).

Ou seja, Ti-ti-ti é uma novela com um astral elevado, onde atores, direção e texto se encontram em grande sintonia. O humor é leve e escrachado, mas também é esperto, inteligente e cheio de grandes sacadas. Além disso, a novela tem uma boa dose de emoção. Em tempos sombrios, uma boa pedida para tardes menos pesadas.

PS: nem todas as novelas da Globo são pesadas, já que Salve-se Quem Puder está no ar na faixa das sete. Porém, a trama de Daniel Ortiz tem um humor mais infantil, que soa até meio boboca. Diferente de Ti-ti-ti, que tem uma pegada de sofisticação que faz a diferença.

*As informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de seu autor e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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