Estilo Globo Filmes

Desjuntados é comédia romântica e puro entretenimento

Série retrata casal recém-separado obrigado a viver junto e é uma boa pedida para maratonar no final de semana

Publicado em 08/10/2021

Ficar com acesso impedido às áreas de esporte e lazer de um condomínio de luxo na Barra da Tijuca é realmente o fim dos tempos para quem é classe média alta emergente e endividada.

Numa comédia da vida romântica que bebe muito na fonte do estilo Globo Filmes de contar histórias da vida cotidiana, a série Desjuntados é rápida e divertida, excelente pedida para maratonar em final de semana.  

Vem na hora certa e na justa medida para aliviar um pouco o estresse em tempos de crise e de tantas notícias ruins.

Leve, não se pretende uma crítica social, não dá lição de moral, não prega conceitos nem faz apologia de qualquer ordem sobre amor, casamento e divórcio.

Traz simplesmente uma história contada de um jeito que nos faz rir de um estilo de vida espelhado em Miami quando se vive no Rio de Janeiro.

São sete episódios com aproximadamente meia hora cada no Amazon Prime Video.

Casal e ex-casal

Tudo começou quando Camila (Letícia Lima) e Caco (Gabriel Godoy), jovens e solteiros, sem se conhecerem foram obrigados a dividir a mesma cabine num um cruzeiro de navio.

Vieram a paixão e o casamento, que durou sete anos.

Até que eles foram acometidos pelas desventuras da classe média: desemprego, dívidas de condomínio, falta de dinheiro até pra pagar a conta de luz.

Para ajudar, o casamento não andava bem e a solução foi a separação.

Sem filhos, as coisas até que são facilitadas.

Só que não: impossibilitados de venderem o apartamento no valor de mercado por conta das dívidas, os dois decidem continuar a viver sob o mesmo teto, apesar de separados.

A partir dessa decisão, tudo fica hilário na vida desse Sr. e Sra. Smith tupiniquim.

A série é bem menos bélica do que o filme estrelado por Angelina Jolie e Brad Pitt (Mr. & Mrs. Smith/2005).

Tampouco chega às vias de fato como num filme mais antigo, A Guerra dos Roses (The War of the Roses/1989), com Michael Douglas e Kathleen Turner.

Leticias (Isnard e Lima)
As atrizes Letícia Isnard e Leticia Lima, como moradoras do condomínio Ocean Waves, em em Desjuntados. Foto: Divulgação

Aqui, amigos, vizinhos, familiares e empregada dão uma ajuda (ou não) ao casal na tentativa de continuar um vida serena diante deste novo normal.

Camila é líder de uma empresa de vendas diretas de produtos femininos, daquelas que priorizam contatos entre vendedoras e compradoras por meio de reuniões e captação de mais vendedoras.

Caco acaba virando motorista de aplicativo, enquanto mantém com a ex-mulher o espaçoso apartamento no condomínio Ocean Waves, com linda vista e varanda gourmet.

Tudo isso é puro suco de Brasil, desde antes da pandemia. A Covid-19 não faz parte da história, deixando-a ainda mais leve e meio suspensa no tempo.

As cores são fortes, as locações, bonitas, e as pessoas também.

Letícia Lima está muito bem no papel.

A atriz, conhecida dos tempos que atuou no Porta dos Fundos e depois de uma passagem recente pela novela Amor de Mãe, reflete bem as aspirações das empreendedoras e influencers dos tempos atuais.

Gabriel Godoy também se encaixou no papel do marido companheiro para todas as situações.

Ainda, personagens vividos por Rômulo Arantes Neto e Danni Suzuki giram em torno do núcleo principal. Yuri Marçal, Marcelo Laham e Leticia Isnard também integram o elenco.

Rômulo Arantes Neto
O ator Rômulo Arantes Neto como Roberto Carlos em cena de Desjuntados. Foto: Divulgação

Bastidor feminino

O roteiro é da ex-Global Dani Valente (vem daí a cara Globo Filmes de muitos dos diálogos), ao lado de Mina Nercessian, que são denominadas criadoras e showrunners.

Toda a direção é de mulheres: Anne Pinheiro Guimarães e Olivia Guimarães, que priorizam detalhes de um universo bem feminino.

Evite assistir se você busca algo denso e profundo sobre as tensões do casamento e separação.

Não se trata de uma série sobre a realidade brasileira, muito menos sobre a maioria dos casais.

No meio de uma pandemia que insiste em não acabar, essa primeira temporada tem forte efeito para distração e entretenimento.

O final sugere haver ainda muito enredo ainda para uma segunda temporada. Aguardemos.

** Informações e opiniões expressas nessa crítica são de total responsabilidade de sua autora e podem ou não refletir a opinião deste veículo.

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